Não faça planos

Promova alianças
Compartilhe no WhatsApp

Virada de ano e aquela inevitável pressão por refletirmos sobre o ano que passou, destacar meia dúzia de coisas (pois não conseguiríamos lembrar de mais) e nos propormos a fazer diferente (melhor?) no ano seguinte.

Sempre tenho a impressão de que as metas de Ano Novo são promessas consigo mesmo, como um exame de consciência, de algo que não deveríamos mais postergar. Pode ser um sonho, um desejo pessoal ou profissional, algo relacionado à saúde, ao relacionamento, mas geralmente, são objetivos individuais que, quando não alcançados, geram frustração (no melhor dos casos) ou, simplesmente, um novo prazo para alcançá-lo(s).

Escrevi sobre planejamento de ONGs e como, na visão de um colega meu, isso seria um sinal de eternização da falta de ação por parte de governos e empresas (ou seja, outros atores). Por causa da noção de que não é possível realizar nada sozinho, gosto muito de explorar a questão das parcerias  como forma de alcançar objetivos (ODS17 da Agenda 2030, de Desenvolvimento Sustentável). O problema é que o termo, infelizmente, é frequentemente associado com a exploração de um(uns) por outro(s).

Como planejar num contexto de tantas mudanças? Novo governo, guerra na Europa, movimentos de desglobalização, pandemia que segue, eventos climáticos extremos, insegurança alimentar… Como dizia o filósofo Heráclito de Éfeso “A única constante é a mudança”.

E planejar, sem agir, também não adianta, certo? Talvez o segredo esteja em organizar-se de forma a ter uma maior assertividade, flexibilidade e resiliência.

Inspiradora a fala de Izabella Teixeira , ex-Ministra do Meio Ambiente, em evento da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura , em 15.12.2022. O tema do painel “O Brasil que vem: expectativas para a agenda agroambiental a partir de 2023” explorou o contexto da COP27 (Conferência de Clima das Nações Unidas, que foi sediada este ano pelo Egito) e as oportunidades para o Brasil numa agenda crítica à humanidade. Na visão de Izabella, é fundamental termos a capacidade de celebrarmos alianças!

Quando criança, eu colecionava selos e tinha uma aliança com a minha avó, que vivia na Áustria, e recebia correspondência de uma incrível diversidade de países. Ela guardava os selos para mim, num envelope. Depois eu ficava horas separando-os do papel, secando e colocando-os cuidadosamente, com pinça, para não machucá-los, em álbuns adequados. Neste processo, eu “viajava” na cultura, política e riqueza natural dos países. Nunca comprei selos, por achar que a beleza de colecioná-los estava na aliança com a minha avó – e com todos, que lhe escreviam!

Não é apenas uma outra forma de dizer o mesmo: “aliança” remete a algo articulado/estruturado, pensado/sério, (a promessa de ser) duradouro, por reconhecer a intencionalidade dos envolvidos. “Até que a morte nos separe”, ou talvez antes, se algo acontecer, que questione as premissas iniciais do entendimento, mas certamente mais indicado, para trabalharmos juntos no alcance de metas sérias, que “parceria”.

Um arranjo que vai te “perseguir” durante o ano, para você cumprir aquela(s) promessa(s) de Ano Novo!

Por Sonia Karin Chapman
Diretora Chapman Consulting

Leia outras colunas no portal Mundo Agro Brasil

 

Relacionadas

Veja também

A importância de estarmos conectados
Caminhos da Sustentabilidade
A importância de repararmos nos detalhes
Quando nossos hábitos distorcem (quase) tudo