A zootecnista Carolina Gama expandiu seus dotes profissionais se dedicando hoje à função de Show Manager do Congresso Nacional das Mulheres do Agro. Ela é uma espécie de agregadora dessas protagonistas inspiradoras, cuidando de tudo, agindo de forma macro e também voltando seu olhar para cada um dos detalhes a fim que tudo seja absolutamente impecável nesse evento tão representativo para o Brasil.
Formada há 20 anos pela Faculdade São Marcos, a paulistana Carolina Scatena Gama, conta que sempre gostou dessa área, desenvolvendo desde cedo seu interesse pelo campo no sítio pertencente à sua família. Conta também que a vida foi lhe apresentando surpresas no decorrer de sua carreira, transformando sua atuação e mostrando novas habilidades que pudessem ser exploradas.
Empolgada com a profissão escolhida, seu ponto de partida, logo depois de se formar em zootecnia, foi em uma grande propriedade de criação de avestruzes, em Uberaba (MG). “Era um nicho forte e, naquela época, extremamente promissor”, lembra Carolina. “Dei o meu melhor, me especializei em avestruz, pondo em prática todas as técnicas de melhoramento, completamente envolvida com as melhores estruturas de criação e manejo da espécie”.
Após essa experiência, trabalhando em fazendas, Carolina voltou para São Paulo e ingressou no mundo da comunicação, mídia impressa, televisão. Foi para revistas especializadas e para o Canal Rural até se descobrir como exemplar atuante no mercado comercial.
Agora, unindo qualificações e coordenando o CNMA, Carolina abraçou o que ela mesma descreve como uma paixão em sua trajetória. “Adoro o que eu faço. Tenho maior paixão pelo Congresso Nacional das Mulheres do Agro, porque passei pelo que elas passaram, sei o que viveram, o dia a dia numa fazenda, o preconceito, as dificuldades. Tenho todos esses olhares e cuido delas com todo carinho”.
MAB – Como foi a sua transição de zootecnista para o lado do mercado comercial?
Carolina Gama – Ah! Isso é uma história que hoje acho engraçada, mas na época relutei um pouco para enxergar e corrigir a ‘rota’. Quando finalizei meu trabalho em Uberaba, com avestruz, voltei para São Paulo e comecei a buscar um espaço para minha carreira, tentando me achar como profissional.
Estava trabalhando com revistas e vejo que o momento em que senti ‘a ficha cair’ foi quando, um dia, o Daniel Bilk Costa, da revista Nelore, meu chamou e disse: “Carolina, entenda uma coisa, você não é mais zootecnista, você é vendedora”. Fiquei muito brava. Bati porta, saí chorando.
Depois de um tempo, já estava na Dinheiro Rural, começando a trabalhar na parte comercial, chamei o Daniel para almoçar e agradeci, falando: “ Daniel, você tem razão, eu sou uma boa vendedora”.
Às vezes a gente não percebe que pode realizar algo diferente dentro do planejado e acaba perdendo oportunidades. A partir daí, fui me encontrando numa área onde sei que posso produzir mais e melhor, trabalho com o Agro, que eu adoro, dando enfoque a um aspecto totalmente inserido no setor. E agora, ainda tenho a satisfação de compartilhar esse trabalho com as mulheres que tanto se empenham nisso.
MAB – Quando começou a trabalhar como Show Manager no CNMA?
Carolina Gama – Eu tirei licença maternidade no Canal Rural. Tive a Laura. Fui mãe aos 40 anos e essa maturidade foi essencial para a minha carreira. Logo que recebi o convite para esse cargo, aceitei com entusiasmo.
MAB – E como administra seu tempo entre trabalho e vida pessoal?
Carolina Gama – Acho importante fazer o que se gosta. Esse é um ponto importante na hora de escalonar seu tempo no dia a dia. Mas, depois da maternidade, aprendi a dividir o tempo com mais zelo. Além disso, tenho um marido incrível, que é super parceiro para todas as horas e consegue me ajudar nos momentos que preciso me ausentar.
MAB – Como é seu trabalho junto ao CNMA? Como é feita essa organização de um grande evento como esse?
Carolina Gama – Fui contratada para ser a Show Manager do CNMA e isso significa que eu gerencio todos os detalhes do congresso, que vai desde a escolha da alimentação, luz, flor, até o palestrante internacional. Penso junto com uma equipe e uma curadoria todos os detalhes no decorrer do ano, para que o evento seja impecável.
MAB – Qual a importância desse Congresso para que o mundo conheça a atuação das mulheres no Agro?
Carolina Gama – Com a presença cada vez maior e mais marcante da mulher no agronegócio, temos no Congresso uma oportunidade de reunir representantes de diversos setores e de todo o país, oferecendo um espaço para debates, networking, sempre colocando a mulher como protagonista da sua história. Queremos ouvir e entender quais são seus objetivos e dificuldades.
Quando o CNMA foi criado, sete anos atrás, a intenção era promover muito mais do que um evento, era criar toda uma rede de apoio e relacionamento entre as mulheres do agronegócio brasileiro, e acreditamos que conseguimos atingir esse objetivo.
MAB – Como está o formato para esse 7º Congresso? Destaque o que há de novo.
Carolina Gama – O CNMA é totalmente preparado pensando nas mulheres do Agro e isso permeia cada detalhe do evento. Escolhemos parceiros que entendem a importância de fazer algo diferenciado, buscamos palestrantes que têm conteúdos interessantes e de vanguarda para compartilhar, trazemos um ambiente acolhedor e aconchegante, tudo para que elas se sintam abraçadas e à vontade, em um lugar inspirador para aprender e dividir conhecimento.
O evento, que tem como tema “Coordenação das cadeias produtivas no agronegócio, a década decisiva!”, se empenha em atingir um novo patamar, estendendo seus debates para toda a América Latina. Além dessa novidade, temos as embaixadoras, que foram escolhidas “a dedo” para representarem suas regiões.
“Nos últimos anos, sinto que elas floresceram e tomaram o seu lugar de direito, finalmente conseguiram perceber o quanto são importantes para o setor e estão buscando esse reconhecimento”
MAB – Fale sobre quem são essas mulheres representando cada estado este ano
Carolina Gama – A escolha das embaixadoras foi pensada tendo em vista a atuação de cada uma junto às mulheres do setor em sua região e ao trabalho que desenvolvem em prol do agronegócio brasileiro, por meio das suas atividades diárias no campo. Elas não só são mulheres do Agro, mas também pessoas inspiradoras.
As escolhidas foram a Ani Heinrich Sanders, produtora rural, cofundadora e superintendente do grupo Progresso, representando o Nordeste (@anisanders58); a Chris Morais, presidente da Câmara Setorial da Pecuária na Secretaria da Agricultura São Paulo, integrante Conselho do AGRO ACSP e produtora rural, representando o Sudeste (@megachrismorais); a Edineia Becker, produtora de soja, milho e trigo, pecuarista e membro do grupo “Mulheres Essência do Agro”, representando o Sul (@edineiabecker); a Renata Cardoso Salatini, produtora rural e coach pelo Norte (@renatasalatini) e Sônia Bonato, produtora de soja e milho e pecuarista, diretora da APROSOJA – GO e membro-fundadora da Liga do Agro, representando o Centro-Oeste (@soniabonato.agro).
MAB – Na sua visão, o que já conquistaram as mulheres do agro brasileiro? Quanto elas colaboram para que o Brasil tenha uma imagem cada vez mais forte no cenário mundial?
Carolina Gama – A mulher sempre esteve no campo, como profissional ou produtora rural, seja à frente da família ou ao lado do marido, do pai na lida diária. Nos últimos anos, sinto que elas floresceram e tomaram o seu lugar de direito, finalmente conseguiram perceber o quanto são importantes para o setor e estão buscando esse reconhecimento.
E elas foram além, indo atrás de capacitação. Em 2021, a Agroligadas – entidade formada por mulheres ligadas ao agronegócio – realizou a pesquisa sobre a participação feminina no agronegócio, em parceria com a Corteva Agriscience, ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) e Sicredi. Foram 408 mulheres ouvidas com média de idade de 40 anos, de Norte a Sul do País.
Eles constataram que, ao longo dos anos, o cenário foi evoluindo, e hoje as mulheres ocupam espaços como protagonistas das suas carreiras em diversos setores, como empreendedoras, técnicas, especialistas dentro e fora do campo e que buscam cada vez mais conhecimento. Do total de entrevistadas, 41% delas possui pós-graduação, 29% superior completo, 8% superior incompleto, 11% ensino médio completo e 6% ensino fundamental.
A educação é ponto fundamental para qualquer setor crescer e o papel da mulher no Agro tem se tornado cada vez mais notado pelo mundo todo, justamente por essa vontade em crescer, conhecer, inovar e progredir. Se o agronegócio brasileiro tem essa visibilidade toda no mundo, com certeza a mulher contribuiu, e muito, para isso.
“Se o agronegócio brasileiro tem essa visibilidade toda no mundo, com certeza a mulher contribuiu, e muito, para isso”
MAB – Pelo lado da economia, como o Brasil se destacou nestes últimos dois anos diante do período da pandemia?
Carolina Gama – O agronegócio brasileiro se mostrou mais uma vez ser um setor resiliente em 2020, apresentando bons resultados em um momento de retrocesso da economia, diante dos impactos da covid-19.
MAB – E como vê as perspectivas para o futuro do Agro brasileiro e do agronegócio mundial? Acredita que o papel das mulheres será ainda mais expressivo daqui pra frente?
Carolina Gama – O agronegócio brasileiro é uma potência e ainda tem muito a crescer. Com certeza a mulher continuará caminhando lado a lado com o setor, buscando mais conhecimento, ajudando a desenvolver novas tecnologias e contribuindo sobremaneira para manter o Brasil entre as nações que mais se destacam no agro mundial.
A 7ª edição do CNMA – Congresso Nacional das Mulheres do Agro – será realizada nos dias 26 e 27 de outubro, presencialmente, em São Paulo (SP).
Por Mara Iasi/Redação Portal Mundo Agro Brasil
Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil
