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Tradição Europeia e o “Sistema Brasileiro de Produção de Equinos”

Mesmo os modelos de instalações tradicionalmente encontrados em hípicas e haras por todo Brasil refletem grandemente a visão europeia que ainda se tem de como criar cavalos
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Tradição Europeia e o “Sistema Brasileiro de Produção de Equinos”
Tradição Europeia e o “Sistema Brasileiro de Produção de Equinos”

O cavalo moderno resulta basicamente da mistura dos sangues, europeu (precursores dos cavalos ibéricos e de tração), africano (Berbere) e asiático (formadores da raça Árabe). Dos ramos mais modernos temos como grandes geradores de todos os cavalos, principalmente os brasileiros, os cavalos ibéricos (Andaluz), Puro Sangue Inglês e o Puro Sangue Árabe. E destes, teve notória influência nos plantéis brasileiros o cavalo ibérico trazido pelos portugueses com a vinda da família real e éguas autóctones, muito provavelmente berberes vindas das antigas colonizações espanholas e portuguesas. Junto com esses cavalos da realeza veio toda uma tradição europeia de criação de cavalos, onde o frio e as condições de alimentação sazonais limitam o cavalo a passar grande parte de sua vida confinado, dependendo totalmente do homem para sua alimentação e manutenção. 

Mesmo os modelos de instalações tradicionalmente encontrados em hípicas e haras por todo Brasil refletem grandemente a visão europeia que ainda se tem de como criar cavalos. “Entidades sagradas” como Feno de Alfafa, Aveia e Cocheira, ainda são inabaláveis na crença de alguns criadores. 

No Brasil não temos neve, as forrageiras tropicais verdejam quase que o ano todo em abundância, ainda possuímos terras baratas e em quantidade, e nossas raças equinas são substancialmente mais rústicas que seus parentes europeus, e tudo isso já foi percebido há várias décadas atrás por alguns pesquisadores brasileiros. Tive a honra de estudar com um deles, o professor Cláudio Haddad.  

O professor Haddad, nos apresentou à época a um sistema tropical de criação de equinos, onde o cavalo é criado de maneira extensiva, a pasto e a intervenção do homem é minimizada e otimizada, reduzindo custos e aumentando a qualidade de vida dos animais. Com um pasto bem formado de uma boa gramínea a nutrição do cavalo já está em grande parte assegurada, a suplementação se reduz ao mínimo, e esta não pode deixar de considerar alimentos abundantes nos nossos campos, como milho, sorgo, soja e mesmo capineiras de capins mais altos como o Napie, para o inverno.  

O grande inimigo dos alimentos alternativos na alimentação de equinos, a cólica, em cavalos criados extensivamente a pasto, desaparece quase que completamente e o balanço nutricional se bem estudado pode ser conseguido com os alimentos mais inusitados.  

Também o haras deve ter seu desenho arquitetônico revisto com uma redução significativa das áreas cobertas e construídas em alvenaria. Os cavalos são alimentados, escovados, vacinados, medicados e manejados a pasto, em pequenas áreas centralizadas de serviço, as cocheiras só servem para aquela pequena parcela de animais em exposição e potros em doma. 

Isso sim pode realmente viabilizar muitas criações e democratizar ainda mais a criação de cavalos. 

Para quem quiser, segue referência do trabalho do professor Cláudio Haddad: HADDAD, Claudio Maluf . Sistema Brasileiro de Produção de Equinos. 1983 

Por Luiz Alberto Patriota
Crédito da foto: Divulgação

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