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Remédio tradicional para doença nova na economia

Queridos leitores, quero tratar neste artigo de algumas inconsistências econômicas em nosso país, remédios tradicionais para problemas tradicionais com causas diferentes
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Remédio tradicional para doença nova na economia

Bem, no final do ano passado houve muita especulação sobre o crescimento do PIB brasileiro, variavam de 0% até 1,9% no ano, segundo os principais bancos do mercado brasileiro. Agora conseguimos medir o PIB do primeiro trimestre de 2022 que foi de 1%, ou seja, certamente bateremos o número dos mais otimistas.

Comparando o primeiro trimestre de 2022 com o de 2021 temos baixas de PIB nos segmentos da exportação de bens e serviços em -11%, agropecuária -8% e indústria -4%, as maiores altas foram logísticas +9,4%, água, gás e resíduos +7,6% e construção +9,0%. Fontes do IBGE.

Mas por outro lado temos um cenário bastante desfavorável ao consumo e ao crescimento do país, a inflação nos últimos 12 meses apontado pelo governo é de 12,1%, na américa latina ficamos atrás da Venezuela com 172% (o que também não é glória para ninguém) e Argentina com 58%, temos ainda Chile com 10,2% e Colômbia com 9,2%. O fato é que a pandemia gerou mais um efeito colateral terrível, a inflação, Estados Unidos e Inglaterra com inflações recorde por exemplo, mas ocorre no cenário global.

Aqui no Brasil, o que acontece além da inflação oficial, é a inflação dos alimentos, hortifruti e carnes basicamente, que afetam o restante dos alimentos, como os processados. Essa inflação está na casa dos 13% acumulados em 2022, ou seja, só em 2022 está maior que a acumulada oficial de 12 meses. Soma-se a isso os reajustes de salários que variam muito por categoria, mas quem em geral poucos cobrem a perda imposta pela inflação oficial. Isso faz com que o poder aquisitivo da população em geral caia bastante, impactando em consumo e de novo fazendo com que o ciclo espiral negativo siga.

Precisamos entender as causas disso tudo, por que aumentaram os preços dos alimentos? Basicamente por alta nos insumos necessários para produzi-los, principalmente adubos para agricultura, milho e soja para a produção de proteínas. Aliás os produtores de proteínas como suíno, bovinos, aves, peixes, camarões, leite, ovos etc. estão sofrendo muito com a alta dos custos e redução de consumo pelas razões expostas aqui.

Aí vem o governo…inflação alta e logo se fala em aumento de juros para conte-la, se tivéssemos com um consumo desenfreado, seria o remédio certo, mas não desta vez. Os preços subindo pressionado pelos custos e o consumo reduzindo por corrosão do poder aquisitivo da população.

O governo eleva a taxa SELIC de 2,0% recentes para 13,25% atuais, mas será capaz de reduzir o consumo? Que consumo? E ainda encarece o dinheiro, os financiamentos de imóveis estão com juros na casa dos 20% ao ano, e na carona todos os financiamentos, o que reduz ainda mais o consumo e deixa de girar a economia.

Além de ficar atrativo deixar render nos bancos com juros pagos acima da inflação, tirando recursos do consumo e da produção, daqueles que tem dinheiro de sobra. Os mais ricos podem levar seu dinheiro para aplicações na Europa e EUA, comprando dólar e colaborando para a alta da moeda, piorando os insumos importados para a agricultura e nutrição animal, por exemplo.

Mas parece que esse problema dos alimentos é algo silenciado em meio a ginásticas de controle do diesel e da gasolina, servindo de cortina de fumaça para o assunto alimentos.

Portanto meus caros, a alta de juros reduz consumo e contém inflação neste caso? A resposta é não. Precisamos buscar ferramentas para aumentar o poder de compra da nossa população, via redução de custos na produção de alimentos, senão vamos ficar atrás de osso bovino e pé de frango como muita gente fez, será que descobriram essa iguaria ou é o que podem comprar?

Por Rogerio Luiz Iuspa
Diretor Comercial e Marketing Polinutri Nutrição e Saúde Animal

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