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Conservação de uma raça 

Inegavelmente, existem muitos criadores e proprietários de haras, mas aqueles que se preocupam, de fato, com a conservação de uma raça, esses são poucos
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Conservação de uma raça
Cavalo Colorado, montado pelo Cel. João Francisco de Diniz Junqueira. Fazenda Boa Vista. Município de Orlândia-SP, 1934 – Foto: Reprodução/Acervo Família Junqueira

Ao longo das duas décadas em que tive envolvido no mundo dos cavalos, conheci muitos proprietários de haras, cruzadores de cavalos, curiosos, criadores e até mesmo grandes selecionadores mas, conservadores, conheci poucos. 

São aqueles como dizia um amigo meu da família Junqueira, “não fazem perfume, fazem essência”.

No caso da Mangalarga só fui entender a importância dos conservadores da raça, dos “fazedores de essência”, conforme me aprofundei na sua raiz e história.

Desde os primeiros Junqueiras que se estabeleceram no Estado de São Paulo, mais de dois séculos atrás na região de Orlandia, foi materializando-se o gosto por um tipo de cavalo, um padrão que selecionado da heterogênea manada pré existente e oriunda de Minas acabou por dar origem ao que hoje chamamos de Mangalarga.

Esse tipo se consolidou através de um duro e longo trabalho de seleção e teve seu auge em um cavalo chamado Colorado, pai da raça Mangalarga e modelo criado pelo Coronel Francisco Orlando e seu filho João Francisco Diniz Junqueira.

O que muitos não entendem por conhecerem pouco o padrão racial original e sua formação é que Colorado não é o começo da raça Mangalarga, é o fim. O cavalo Colorado é o fruto maduro de mais de um século de seleção em solo paulista para tipo e desempenho, é o auge de uma empreitada brilhante de algumas gerações de criadores da família Junqueira.

O trabalho de seleção em solo paulista não foi obra do acaso ou decorrência direta de qualquer seleção anterior mas sim o trabalho diligente de hipólogos dedicados e selecionadores geniais que souberam observar e apurar um andamento sui generis em todo mundo das marchas, a Marcha Trotada, e um tipo de sela competente e equilibrado para atende-los nas caçadas e no trabalho diário das fazendas.

Quando a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga foi fundada em 1934, foi apenas a cristalização e burocratização de uma raça já consolidada em seus padrões e tipo faz muito tempo em solo bandeirante, com vistas a garantir sua conservação e fomento.

Em tempos de inovações rápidas e conceitos fluidos é com muita alegria que ainda haja criadores que conservem esse padrão, a “essência do Colorado” a “essência da Mangalarga”, porque o que é bom, deve ser conservado.

Por Luiz Alberto Patriota
Crédito da foto: Divulgação

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