Ao longo das duas décadas em que tive envolvido no mundo dos cavalos, conheci muitos proprietários de haras, cruzadores de cavalos, curiosos, criadores e até mesmo grandes selecionadores mas, conservadores, conheci poucos.
São aqueles como dizia um amigo meu da família Junqueira, “não fazem perfume, fazem essência”.
No caso da Mangalarga só fui entender a importância dos conservadores da raça, dos “fazedores de essência”, conforme me aprofundei na sua raiz e história.
Desde os primeiros Junqueiras que se estabeleceram no Estado de São Paulo, mais de dois séculos atrás na região de Orlandia, foi materializando-se o gosto por um tipo de cavalo, um padrão que selecionado da heterogênea manada pré existente e oriunda de Minas acabou por dar origem ao que hoje chamamos de Mangalarga.
Esse tipo se consolidou através de um duro e longo trabalho de seleção e teve seu auge em um cavalo chamado Colorado, pai da raça Mangalarga e modelo criado pelo Coronel Francisco Orlando e seu filho João Francisco Diniz Junqueira.
O que muitos não entendem por conhecerem pouco o padrão racial original e sua formação é que Colorado não é o começo da raça Mangalarga, é o fim. O cavalo Colorado é o fruto maduro de mais de um século de seleção em solo paulista para tipo e desempenho, é o auge de uma empreitada brilhante de algumas gerações de criadores da família Junqueira.
O trabalho de seleção em solo paulista não foi obra do acaso ou decorrência direta de qualquer seleção anterior mas sim o trabalho diligente de hipólogos dedicados e selecionadores geniais que souberam observar e apurar um andamento sui generis em todo mundo das marchas, a Marcha Trotada, e um tipo de sela competente e equilibrado para atende-los nas caçadas e no trabalho diário das fazendas.
Quando a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga foi fundada em 1934, foi apenas a cristalização e burocratização de uma raça já consolidada em seus padrões e tipo faz muito tempo em solo bandeirante, com vistas a garantir sua conservação e fomento.
Em tempos de inovações rápidas e conceitos fluidos é com muita alegria que ainda haja criadores que conservem esse padrão, a “essência do Colorado” a “essência da Mangalarga”, porque o que é bom, deve ser conservado.
Por Luiz Alberto Patriota
Crédito da foto: Divulgação
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