O cavalo sempre foi um expressivo símbolo de liberdade. Poucos animais conseguem associar tão claramente o sentimento de estar livre, mover-se com independência, de maneira tão direta quanto o cavalo. Quem nunca se imaginou correndo livre por uma praia sobre um belo cavalo com o vento batendo no rosto, braços abertos?
Ainda assim, esses animais, livres por natureza, não conseguem viver sozinhos. Os cavalos, como nós humanos, são animais gregários e seu caráter é de viver em grupo, manadas e, naturalmente, o meio tratou de ajustá-los para uma convivência livre e coletiva ao mesmo tempo.
Na manada, a justiça, uma retidão natural, reina. As poucas convenções básicas são ensinadas, sabidas e seguidas por todos. O poder jurisdicional é exercido, normalmente, pela égua matriarca. Que o faz com correção, sob pena de, não o fazendo, ser quebrado o “tecido social” que os agrega e todos perecerem.
Na sociedade dos cavalos, a justiça, a retidão e o respeito a todos não são questões de moral, pois aos animais irracionais não pertence essa faculdade, mas uma questão de sobrevivência. E o que deu certo, o aprendizado com os mais antigos, o que chamamos de tradição, é passado as próximas gerações, pois também é item de sobrevivência em uma manada de cavalos.
Essa malha de liberdade, respeito mútuo e tradições, sob uma reta e justa jurisdição, é o que mantem a manada funcionando!
De fato, nossos admiráveis cavalos podem nos ensinar muito. Nós que gozamos de racionalidade, inteligência e consciência, temos muito que aprender com eles. Podemos ao observá-los perceber verdades há muito pronunciadas, lembrando do filme “Minha Querida Anne Frank” a fala do professor judeu a seu aluno e algoz nazista:
“…todos os homens, lá no fundo, sabem a diferença entre o certo e o errado, como se todos possuíssem uma bússola, uma bússola secreta que é a mesma para todos, está é a lei moral da qual o filosofo falava e é por isso que não se pode fazer aos outros o que não se deseja que os outros lhe façam”.
Ou como nos deixou em carta o saudoso Papa São João Paulo 2, “A paz deve realizar-se sobre a base da verdade; tem de ser construída sobre a justiça; há de ser animada pelo amor; e, enfim, deve ser efetuada na liberdade. Sem um respeito profundo e generalizado pela liberdade, a paz não será alcançada pelo homem. ”
Quem sabe, dada nossa aparente dificuldade de aprender com as tradições e formadores que construíram por séculos a nossa sociedade ocidental, possamos aprender um pouco com os cavalos e conseguir, assim, uma verdadeira liberdade e uma boa vida em sociedade.
Por Luiz Alberto Patriota
Crédito da foto: Divulgação
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