Uma grande vantagem de ser “experiente” é poder compartilhar a prática da teoria. Recordo quando surgiu o termo “Benchmarking”, e dos exemplos dados, para compreendermos o conceito. Uma empresa que prestava serviços de manutenção, abastecimento e limpeza de aeronaves queria melhorar sua performance no espaço de tempo em solo e se perguntou “Quem é bom em fazer tudo isso de maneira eficiente, rápida e segura?”. Ao invés de olharem para concorrentes, procuraram identificar quem é reconhecido nesta função. Analisaram, em profundidade, processos, capacitação, a cultura do trabalho em equipe, os equipamentos, as medidas de proteção individual e coletiva, a posição ideal de pessoas e de itens, do pit stop da Fórmula 1. Pensando na função, podemos aprender uns com os outros, e entre setores totalmente distintos!
Alimentos funcionais, por exemplo, alimentam e cumprem papel adicional, visando o aumento da saúde (função!), normalmente desempenhada por outra coisa, como remédios, por exemplo.
Por que não fazer o mesmo com metodologias? Para avançar na cultura de segurança (função!), encontro muita semelhança nos níveis de engajamento proposto por Hearts & Minds com a maturidade de organizações e pessoas em Sustentabilidade:
1. No primeiro nível o foco é no atendimento da legislação (ambiental, trabalhista, governança…)
2. Postura reativa, diante de algo que deu errado, apontando possíveis responsáveis/culpados
3. A organização dispõe de uma série de processos e acompanha indicadores, na expectativa de reconhecer desvios, a tempo de gerir suas causas
4. Olhar de futuro e de corresponsabilidade
5. Honestidade e transparência do que precisa ser melhorado, no Ciclo de Vida
Quem é reconhecido pela gestão da água? Dos resíduos? Quem é eficiente no consumo de energia? Não se limite a procurar referências em organizações, municípios, ou governos, pense na natureza. A bióloga pesquisadora e escritora Janine Benyus, em seu livro “Biomimética: Inovação Inspirada pela Natureza”, de 1997, propõe resolver os desafios que enfrentamos, através dos ensinamentos da natureza, para que possamos criar produtos, processos e políticas mais sustentáveis.
Tive a fantástica oportunidade de palestrar sobre Sustentabilidade em evento do setor de flores e plantas ornamentais (https://www.ibraflor.com.br/), Sociedade civil sem fins lucrativos cujo compromisso é representar e defender todos os elos do setor. Presente em 16 Estados da União, em 2021 o Ibraflor conta com 857 associados, incluindo as principais cooperativas e associações de produtores, sendo que algumas representam juridicamente mais de 300 produtores, o que confere ao Ibraflor uma abrangência de mais de 5 mil floricultores em todo o País.
Façamos o exercício: qual é a função de flores e plantas ornamentais?
- Transmitir mensagens, amor, prestar homenagem
- Decorar, embelezar e valorizar ambientes
- Relaxar quem está naquele espaço, promover a reflexão sobre as transições na vida, ensinar o cuidar, ficar maravilhado (quem não se lembra de plantar feijões no algodão e observar as fases de crescimento?)
- Sequestrar carbono, limpar o ar
- Gerar empregos, renda, contribuir para aumentar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
- Trazer paz, atrair dinheiro, afastar mau-olhado
- Quando exportadas, transmitir o espírito do brasileiro ao mundo…
#ficaadica: você sabe qual é a sua função? Espero que tenha várias! Pare e pense nas alternativas para cada uma delas, você vai se surpreender com o que vai surgir, pensando fora da caixa!
Por Sonia Karin Chapman
Diretora Chapman Consulting
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