Com a imensa quantidade de informações que recebemos, ou buscamos, é compreensível que percamos a noção do que é, de fato, importante, ou “material”, em termos mais técnicos.
Há mecanismos que tentam orientar nosso olhar para aquilo que deveria nortear nossa tomada de decisão, como selos, certificações, campanhas e influências de toda natureza. Importante lembrar que materialidade significa vulnerabilidade (fragilidade), o que remete à identificação e mitigação, à gestão de riscos, mas, também, a oportunidades de diferenciação.
Em um mundo tão integrado e potencialmente transparente, a vulnerabilidade não está, necessariamente, naquilo que controlamos, nossas próprias operações, por exemplo, mas em algum elo da cadeia de valor.
No agro, falamos “antes, dentro e fora, ou depois, da porteira”. Mas, assim como não existe o “jogar fora”, pois tudo fica, de alguma maneira, neste planeta, também não tem um “fora” no agro – precisamos estar atentos a inúmeras variáveis.
Questões financeiramente “materiais” são as questões com razoável probabilidade de ter impacto na condição financeira ou no desempenho operacional de uma empresa e, por conseguinte, são mais importantes para os investidores. Em última análise, as empresas decidem o que é financeiramente material e qual informação deve ser divulgada, levando em consideração, inclusive, os requisitos legais.
Empresas em todo o mundo estão (re)aprendendo a reportar sobre aspectos de sustentabilidade que mais interessam aos seus investidores. Estes, por sua vez, estão se capacitando no tema, e ampliando suas expectativas de informação, sua qualidade e periodicidade. Embora haja muita informação ambiental, social, de governança (ESG, em inglês) e de sustentabilidade divulgada publicamente, muitas vezes pode ser difícil identificar e avaliar qual informação é mais útil para a tomada de decisões financeiras.
Para auxiliar esse olhar gosto do Mapa de Materialidade do SASB, organização que procura definir padrões de informação e transparência na gestão. Nele, são analisados diversos setores, como Alimentos e Bebidas, Bens de Consumo, Energias Renováveis, Infraestrutura, Mineração, Transporte, entre outros. Para cada setor há subcategorias, nas quais são detalhados impactos ambientais, sociais, econômicos e de governança, sempre com o foco sistêmico da cadeia de valor. Cada impacto é descrito e justificado.
Não é um levantamento perfeito, nem exaustivo, é necessário compreender a fonte e a real compreensão das avaliações, além de tudo ter que ser considerado à luz de circunstâncias específicas locais e temporais. É um bom exercício para o olhar de Ciclo de Vida.
Por Sonia Karin Chapman
Diretora Chapman Consulting
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