Em evento online (21/06), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em entrevista com correspondentes estrangeiros, disse que governo brasileiro vai propor uma nova lei para monitoramento de gado. Ou seja, para rastrear fornecedores indiretos de gado no Brasil.
Na pecuária há muitas variáveis na cadeia produtiva que dificultam o monitoramento de gado do nascimento ao abate pela indústria frigorífica, onde há nomes como a JBS, Minerva e Marfrig. Uma fazenda, por exemplo, pode se dedicar apenas à criação dos bezerros, enquanto outras podem recriar e levar à engorda para abate. Ou realizar apenas uma dessas etapas. Sem contar a circulação de compra e venda de animais, operações corriqueiras no mercado, independentemente da idade do animal.
Com essa complexidade, um dos maiores desafios do setor é desenvolver mecanismos de combate aos produtores de animais que atuam na ilegalidade e que colaboram com o desflorestamento.
De acordo com a ministra Tereza Cristina, o atual sistema de rastreamento utilizado no país é ineficiente para acompanhar produtores em uma área que envolve 5 milhões de propriedades rurais, das quais uma parcela significativa cria gado. A atividade é uma das mais importantes no campo. O mais recente VBP (Valor Bruto da Produção), que mostra a quantidade de recursos que passam pelas propriedades rurais, estimou para a pecuária um montante da ordem de R$ 383 bilhões para 2021, valor 9,8% acima do ano passado.
A pecuária bovina eficiente colocou o Brasil como o maior exportador global dessa proteína, tendo justamente JBS, Marfrig e Minerva à frente desse mercado. Por isso, a indústria frigorífica, por pressão do mercado, já vem se organizando com ferramentas próprias para o monitoramento de gado da cadeia. A nota divulgada pela Reuters não informa se a ministra chamará as empresas do setor e os pecuaristas para colaborarem na discussão técnica sobre o tema.
O que as empresas acham sobre o monitoramento de gado?
A JBS não comentou a iniciativa do governo, mas já havia informado anteriormente (setembro de 2020) a utilização da plataforma “Pecuária Transparente”, baseada na tecnologia blockchain para monitorar os dados dos bovinos abatidos em suas unidades, prometendo eliminar o desmatamento em sua cadeia de abastecimento até 2025.
Também em setembro do ano passado, a Minerva Foods iniciou os testes com o Visipec, uma ferramenta criada pela ONG NWF (National Wildlife Federation) e pela norte-americana Universidade de Wisconsin-Madison. Para rastrear o gado, foi desenvolvido um software de avaliação que se baseia nas emissões de GTAs (Guia de Trânsito Animal), um documento oficial e obrigatório no transporte de animais no país.
Em outubro de 2020, a Marfrig apresentou sua uma ferramenta de monitoramento dos indiretos, inserida no plano Verde Mais, que já havia sido lançado no mês de julho. Chamada de “Mapa de Mitigação de Riscos”, ela foi desenvolvida em colaboração com o Agroicone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais). Também com tecnologia blockchain, uma espécie de “cadeia de blocos” que forma um grande livro contábil digital, são cruzados dados georreferenciados e documentos das fazendas com informações públicas oficiais para identificar potenciais não conformidades. De acordo com a empresa, a área monitorada é de 30 milhões de hectares.
“O atual sistema brasileiro de monitoramento dos chamados fornecedores indiretos de gado foi criado em 2009”, disse a ministra, que ponderou: “Mas foi projetado apenas para monitorar fornecedores que vendem animais para empresas que exportam carne bovina para a União Europeia”.
Segundo a ministra, a proposta será apresentada em breve, mas ainda não foi divulgado um cronograma ou detalhes da nova lei para tais rastreamentos no Brasil.
Fonte: Reuters
Crédito da foto: Divulgação
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