A pecuária brasileira nunca abateu tantas fêmeas quanto em 2024. Já havia um consenso no mercado que o descarte do ano passado seria o maior da história, faltava apenas saber o número. Agora, não falta mais.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) atualizou hoje os dados de abate bovino do Brasil. Segundo a entidade, foram abatidas 16,9 milhões de fêmeas no ano passado, número que representa um crescimento de 19% em comparação a 2023.

O ritmo de crescimento do abate de fêmeas superou, inclusive, o de machos, que teve um aumento de 12%. Foram 22,4 milhões de cabeças em 2024, contra 19,9 milhões em 2023.
Com a atualização, o IBGE confirma que 43% do total de 39,3 milhões de cabeças abatidas no ano passado foram de fêmeas. Percentualmente, essa também é a maior proporção no descarte de matrizes em toda a série histórica.
Apesar dos recorde do abate de fêmeas em 2024, os números do último trimestre do ano podem confirmar uma tendência ainda muito discutida entre pecuaristas e frigoríficos e ainda sem um consenso, pelo menos até agora. Pelo segundo trimestre consecutivo, o número de fêmeas abatidas recuou em relação ao trimestre imediatamente anterior.
Entre outubro e dezembro, foram abatidas 3,81 milhões de cabeças, uma queda de 9,8% em comparação ao terceiro trimestre do ano passado. Foi a primeira vez no ano que o abate trimestral de matrizes ficou abaixo de 4 milhões de cabeças.

Na prática, o dado demonstra um maior interesse do pecuarista em manter as matrizes nas fazendas, dada a valorização dos preços do bezerro no mercado. Apenas nos últimos três meses de 2024, a valorização acumulada foi de 24%, segundo o Cepea.
Todo esse movimento pode representar exatamente a virada do ciclo da pecuária, quando a oferta total de animais aos frigoríficos fica menor devido à retenção das fêmeas para produção de bezerros.
Ainda que a queda no abate de fêmeas pelo segundo trimestre consecutivo possa representar a virada do ciclo pecuário, alguns analistas acreditam que os patamares de abate ainda são muito elevados. Estimativas do mercado e dos próprios frigoríficos apontam para uma queda no abate entre 2% e 3% em 2025. Os mais pessimistas sugerem um corte de 5%.
Ainda que o pior cenário se concretize, o abate projetado para o Brasil neste ano passaria a ser de 37,3 milhões de cabeças. Seria o segundo melhor desempenho da história, atrás apenas do recorde de 2024.
Por NP Agro
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