Eleições nos EUA: possíveis impactos no agronegócio brasileiro

19 de setembro de 2024

Mudanças na administração americana podem impactar diretamente acordos comerciais, tarifas e barreiras às exportações no setor agropecuário brasileiro
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Eleições nos EUA: possíveis impactos no agronegócio brasileiro

O podcast Prosa Agro do Itaú BBA discutiu, nesta quarta-feira (18), o cenário das eleições americanas, com a participação de Cesar Castro, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, Fernando Gonçalves, superintendente de Pesquisa Macroeconômica do Itaú Unibanco, e Christopher Garman, diretor executivo para as Américas na Eurasia Group. No episódio, os especialistas abordam as possíveis repercussões da intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, explorando as variações em termos de amplitude e velocidade de impacto, a depender do resultado eleitoral.

Christopher Garman ressalta que as políticas tarifárias e comerciais são pontos de destaque para o agronegócio nas candidaturas de Donald Trump e Kamala Harris. “Há um consenso em Washington sobre a China ser a principal ameaça e rivalidade geopolítica, e tanto Trump quanto Biden mantiveram tarifas sobre produtos chineses. Porém, o retorno de Trump pode acirrar uma política tarifária protecionista, especialmente em relação à China”, explica Garman.

Em comparação à guerra comercial de 2018, onde as exportações brasileiras de soja foram beneficiadas pelo redirecionamento da demanda chinesa, Garman aponta um cenário novo. “O ponto de partida já é bem diferente, se a gente olha o perfil de importações de soja na China, o Brasil já ganhou um market share muito maior do que tinha no início do primeiro mandato do Trump […] Não é trivial para os chineses quererem retaliar com uma política tarifária sobre produtos americanos para reduzir este percentual ainda mais, até porque a entressafra da soja do Brasil e dos Estados Unidos são complementares”, acrescenta.

Contudo, para o especialista, o Brasil está bem-posicionado em termos geopolíticos. “Temos os chineses querendo reduzir a dependência dos Estados Unidos e de um pouco do ocidente, temos parte Europa querendo se aproximar com o Brasil em um acordo União Europeia e Mercosul ainda em jogo […] Mas se o Trump prevalecer a relação próxima do Brasil com a China será um foco de atrito, particularmente se o Brasil entrar na Rota da Seda”.

Outros pontos em destaque do resultado da corrida eleitoral para o setor agro são: a questão imigratória, que se intensificou no governo de Joe Biden, e afeta significativamente o agronegócio americano devido à dependência da mão de obra imigrante. E a pauta verde, já que a agenda ambientalista de Kamala Harris é ainda mais rigorosa que a de Biden, enquanto Trump planeja retirar os EUA do Acordo de Paris, caso seja reeleito. 

Por Notícias Agrícolas

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