Tenho ampliado minha percepção em relação a divisão de responsabilidades em parcerias e sociedades, sejam elas profissionais ou pessoais. Acredito que só existe harmonia e prosperidade entre sócios se todos assumem devidamente o seu papel nesse enlace. Quando uma das partes não assume suas responsabilidades, o cenário nunca será favorável, com sobrecarga, queda de qualidade e produtividade, entre outros buracos. Em uma empresa isso significa prejuízo financeiro, em uma família, o prejuízo é emocional, e a conta é sempre muito cara para todos os envolvidos.
Esses dias estava lendo uma matéria do jornal Estadão, com o mesma tema trazido há 2 anos pelo jornal “El País” carga mental que as mulheres são submetidas. Ler estas duas matérias fortaleceu ainda mais minhas reflexões nesse sentido. Noto que estamos viciados no mau hábito de permanecer em nossas zonas de conforto e desconforto sem nos questionar nosso papel no jogo da vida. Este lugar acomodado e “incomodado”, por sua vez, joga totalmente contra a possibilidade de atingirmos nossa potência, já que dificulta qualquer novo processo criativo, a capacidade de nos reinventarmos ou, pelo menos, observar o que nos impede de nos desenvolver ainda mais.
Talvez atrelemos potência a nossa realização profissional, mas o fato é que ela é também, sinônimo da nossa realização pessoal: como amantes, como pais, como filhos, enfim, como seres humanos integrais. Por isso, sempre ressalto que aprender a liderar (um time, uma empresa, uma família, sua vida) é o resultado de aprender a se conhecer, porque uma coisa não está separada da outra, apesar de termos vivido tempo demais achando que sim.
Experienciamos um momento em que nossa sociedade, em todos os seus campos, está em xeque. Nossos modelos necessitam, com urgência, de uma baita revisão. Conceitos engessados já não funcionam mais e precisamos observar como foi que eles se cristalizaram. Quais nossas crenças e bloqueios? Por que seguimos fazendo igual e recriando caminhos tão violentos? – porque sim, eles violentam a nossa natureza, nos colocam doentes, como indivíduos e como grupo, semeiam o desamor e impedem nossa capacidade evolutiva.
É impressionante como o “condicionamento animal” existe em nós humanos, mesmo sendo prejudicial para nós continuamos a perpetuá-lo.
É tempo de se reinventar, de encontrar qual nosso papel no jogo da vida. A questão é: por onde começar?
Acredito que comece dentro, fazendo uma revisão da sua trajetória, do que quer daqui dois, cinco, dez anos, do que quer agora mesmo. Quais são as áreas em que você não está inteiro? Onde dói? O que pode melhorar? Você tem sonegado amor a si mesmo ou aos outros? Está disposto de verdade a tentar fazer diferente? Talvez esteja na hora de fortalecer novas musculaturas antes de tentar novos saltos. Rever o seu condicionamento animal para evitar se “lesionar” e expandir “novas musculaturas”. Talvez esteja na hora de arriscar olhar para os lugares mais protegidos do seu eu.
Venho compreendendo que não existem (e nem podem existir) papéis definidos em nenhum tipo de relação, porém, há papéis a serem assumidos por cada integrante de um núcleo, seja ele familiar, social ou empresarial. Esses papéis só podem ser assumidos quando tomamos consciência do preço alto que pagamos por sonegá-los. Eles representam as rédeas da nossa vida e se não a assumimos o tombo será certo. Sugiro começar investindo no diálogo interno com boas doses de coragem e humildade, para mapear o que não vai bem e se animar a fazer melhor. Só assim seremos capazes de jogarmos juntos e irmos além, como indivíduos e como sociedade.
Flávia de Oliveira Ramos
Amazona de si
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