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Perpetuidade x Finitude

Fusões e Aquisições: como sobreviver a esta empreitada?
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Perpetuidade x Finitude

Quando vejo uma notícia sobre fusão ou aquisição entre empresas, a primeira pergunta que me faço é: como será que está o ambiente interno nas duas empresas? Qual o nível de ansiedade e angústia por conta das incertezas de saber quem ficará nos cargos? Será que as empresas vão contratar consultores para tratar deste tema?

Fusões e aquisições podem ser um momento tenso para quem está na empresa. Mas pode também ser um momento rico, que provoca mexidas dentro das culturas das empresas envolvidas e a expansão de competências para a adaptação.

Durante minha vivência no mundo corporativo e, mais recentemente, por meio da For Leaders, minha consultoria inspirada na minha vivência com os cavalos, pude despertar em mim, com muita clareza, o sentimento de impermanência da vida. Tudo é mutável a todo o momento.

Fusões são processos enriquecedores, tanto para as empresas quanto para seus funcionários. Porque trazem a oportunidade de encerrar ciclos e começar novos.

Falar em finitude é sempre delicado. Desperta de imediato um medo instintivo do desconhecido. Parece que desejamos a vida eterna – a nossa, a de quem amamos, a do que construímos. Porém, bem se sabe, a vida é feita de ciclos que começam e que terminam, que têm seu tempo de existir e seu tempo de partir.

O que fica são legados. São histórias construídas que podem sim encontrar caminhos de perpetuidade, desde que aceitemos e criemos estratégias de sucessão. Pais deixam filhos, que por sua vez, têm a oportunidade de perpetuar aquela família. Empresas podem encontrar novos gestores que sigam adiante com um projeto inicial.

Entre esses caminhos entendo ser natural que processos de fusão e aquisição ocorram como forma de evolução daquela empreitada. Ao meu ver, eles somam potências para criar novas possibilidades, ampliar horizontes. E sim, podem ser a melhor alternativa para muitas companhias e inclusive, para seus colaboradores.

A questão delicada é como eles costumam acontecer, de forma pouco transparente, geralmente anunciados depois da transação já efetuada, gerando um medo desnecessário nos funcionários que não sabem como seus cargos ficarão dispostos com a nova realidade. Entendo as delicadezas dos trâmites financeiros, mas prefiro me atentar às delicadezas das relações humanas.

Em minhas analogias enxergo o processo de fusão e aquisição como algo biológico, como a junção de duas partes para gerar a vida, promover a perpetuidade. Mas esse é um movimento de soma, como já disse, e não de caça. Dessa forma, para garantirmos a transição para a perpetuidade, se faz necessário garantir também o mínimo de segurança às pessoas que ainda fazem parte daquele ciclo.

Em um cenário positivo, com as transformações acontecendo as claras, dando oportunidade para que cada um questione, inclusive, se quer fazer parte da nova etapa, fica mais fácil encontrar comprometimento dos colaboradores para uma transição harmoniosa e eficaz, sem o medo instintivo do desconhecido atuando como pano de fundo.

No fim das contas, estamos falando das leis da biologia, onde sobrevive quem melhor se adapta. Porém, na condição de homo sapiens, entendo os percalços da finitude e buscando a perpetuidade mesmo que adaptada, podemos criar condições gentis e respeitosas para fornecer o melhor para todos os envolvidos a fim de que a transição e as escolhas aconteçam de forma natural, sem deixar marcas nos rompimentos.

Por Flávia de Oliveira Ramos
Sócia-fundadora da FOR Leaders

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