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Perenidade das Organizações – ESG

As empresas precisam ter a consciência que aplicar as boas práticas do ESG não é uma questão de opção, mas, sim, de sobrivência dos negócios
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Perenidade das Organizações - ESG
Preocupação com o meio ambiente, promover impacto social positivo e adotar uma conduta corporativa ética são essenciais para o futuro dos negócios nas empresas – Foto: Divulgação

Muito se tem discutido sobre a implantação das práticas ESG nas organizações, que vem de Environmental, Social and Governance ou Ambiental, Social e Governança. São os principais fatores, tanto para avaliar o alinhamento de uma empresa quanto a prática da sustentabilidade, como também ao resultado financeiro de uma organização dentro de uma gestão ética.

Infelizmente, muitos a veem como se tratasse de uma pequena “sopa” de poucas letras que, ao incorporar aos muitos outros jargões empresariais, já tornasse a empresa crível aos olhos dos seus consumidores.

Toda e qualquer empresa quando nasce, precisa estar obrigatoriamente alinhada a estes parâmetros, sob pena de fazer parte das 06 entre 10 empresas que fecham suas portas antes de completar 05 anos no Brasil, sem considerar a pandemia.

E, como ponto de partida, ter a consciência que utilizando as boas práticas do ESG, teremos a capacidade de ser uma empresa mais resiliente, sólida, não tóxica, diferenciada na percepção do nosso público-alvo, onde a nossa capacidade de mitigar riscos associados à reputação é sempre muito maior, gerando credibilidade. E, como um alerta, já antever que este tema deixará de ser um fator de diferenciação, para se tornar padrão no curto / médio prazo, como tantas outras “modas”.

Agora não é mais opção, mas sim sobrevivência

Cada dia mais, uma parcela significativa da população, principalmente as novas gerações, protagonizada pela geração Z (aqueles nascidos desde 1997) preferem adquirir produtos e consumir serviços de marcas que são ambientalmente mais atuantes, mesmo que tenham que pagar a mais por este diferencial (pesquisa feita pela ONG DoSomething).

Outro ponto interessante desta mesma pesquisa e que é fundamental para tornar a cultura de uma empresa verdadeiramente alinhada a estes princípios, aquela incorporada ao cotidiano e comportamento dos seus funcionários, e que, mais de 90% com menos de 30 anos concordam que, quanto mais houver a preocupação por parte da companhia, tanto no aspecto social como no ambiental, mais aderentes e motivados eles serão, diminuindo com isso o “turnover”, com todas as suas consequências benéficas.

Importante entender que quando falo de cultura, não é algo a ser praticado e disseminado por apenas algumas áreas da empresa como o RH, mas como algo a ser “ecoado” e “ampliado” por todos, principalmente por parte dos gestores, gerando como consequência, a consolidação nos corações de todos os funcionários que, ao terem esta percepção positiva, geram resultados mais produtivos, criando um círculo virtuoso, que tornará cada funcionário mais permeável aos novos desafios que se impõe, e como consequência, a empresa, mesmo diante de crises como a pandemia, de fatores econômicos erráticos, de condições climáticas adversas, entre outros tantos desafios, tem maior condição de sair destas crises mais rápidas e com menos “dor”.

ESG na prática

Trabalho numa instituição sem fins lucrativos, signatária do Pacto Global da ONU, o inpEV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, onde já nascemos praticando o ESG há quase 20 anos, com uma gestão independente via Diretoria Executiva, com um Conselho Diretor atuante e diverso, pois envolve todos os elos da cadeia que representam os agricultores, revendas, cooperativas e entidades do agronegócio.

Além disso, possui um Conselho Fiscal, realizações de Assembleias Gerais de Associados e, como uma estrutura de apoio, a criação de diferentes comitês de especialistas entre funcionários e associados, por exemplo, para trocar conhecimentos de forma sinérgica, otimizando a solução de problemas potenciais, buscando a otimização dos recursos disponíveis alocados ao Instituto. Temos um Código de ética, de política anticoncorrencial e anticorrupção, além de uma estrutura administrativa e de gestão que segue as boas práticas de mercado e reflete os princípios firmados no estatuto social que são: a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e a igualdade.

Temos um forte direcionamento com a ODS 12 que é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que trata de ações para eliminar a pobreza, proteger o clima e o meio ambiente, buscando garantir que as pessoas possam usufruir de uma vida mais prospera e digna.

Ao trabalhar numa empresa onde os valores são praticados, como a Integridade, onde há um propósito maior, que gera este sentimento de pertencimento que, consequentemente, aumenta a capacidade de buscar soluções efetivas de forma naturalmente mais colaborativas, pois toda a empresa está numa única direção: de agregar um valor sustentável ao seu objetivo principal que é o de dar o destino ambientalmente correto das embalagens vazias de defensivos, sendo referência mundial com 94% de destinação de embalagens plásticas primárias. Isto se reflete na não emissão de mais de 823 mil toneladas de CO2 equivalente na atmosfera desde 2002.

Quando o conceito está embutido nas estratégias e ações de uma empresa, demonstra de forma inequívoca para todos os seus stakeholders, o compromisso que os resultados financeiros, institucionais, estão alinhados com a sustentabilidade, através da utilização do conceito de economia circular, gerando impactos significativos, não somente para a sociedade atual, mas permitindo, como está descrito no conceito de sustentabilidade, que nossos filhos e netos tenham a oportunidade de ter acesso à estes mesmos recursos, garantindo mais que a perenidade das companhias, mas sim, a perenidade da sociedade, atuando num segmento fundamental que é a agricultura que, inevitavelmente abrange a segurança alimentar, num planeta onde, conforme declarado pela Vice Secretária da ONU Amina Mohammed, destacou que os impactos negativos do coronavírus na segurança alimentar, incrementou a fome no mundo, entre 720 e 811 milhões de pessoas. Em 2020, 2,37 bilhões não tiveram acesso a alimentos adequados e que 3 bilhões de pessoas não têm recursos financeiros suficientes para comer de forma saudável.

Mude o “mindset”

Diante deste cenário difícil, a solução está em não maquiar a realidade e, mais do que buscar a credibilidade a todo custo dentro de uma visão meramente competitiva, com foco em “Market Share” ou nos resultados financeiros no “botton line”, é fundamental mudar o “mindset” e, com foco na preservação dos recursos naturais, como no nosso caso, não permitindo que embalagens vazias contaminem o meio ambiente, no bem estar dos funcionários, impactar e agregar valor às atividades pautadas pela ética, pelo não uso do “green washing”, pela conscientização e maximização no uso finito dos recursos, na colaboração entre empresas e com os outros elos envolvidos nesta cadeia, onde a consequência da adoção do modelo ESG significa aos olhos dos consumidores, maior capacidade de obter resultados positivos de longo prazo e a certeza que estaremos atuando pelo bem comum….

E isso não tem preço, pois geramos empregos e benefícios de longo prazo para o meio ambiente e saúde humana, conjuntamente com os outros elos deste sistema que convencionamos chamar de Sistema Campo Limpo, que envolve 1,8 milhão de propriedades rurais, mais de 4.500 revendas e cooperativas, mais de 1.500 funcionários diretos e indiretos, fazendo deste sistema, benchmarking para o mundo.

E como uma provocação, o ESG é “primo irmão” da Inovação, outro importante valor do inpEV, pois somente com uma boa governança, onde a empresa estimula seus funcionários dentro de um ambiente que “respira” inovação, que gera brilho nos olhos, sentimento de pertencimento e realização, que iremos olhar o futuro como um único e eficaz caminho para não ficarmos fadados a nos tornar obsoletos.

Por Mario Fujii
Gerente de logística do inpEV

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