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A ameaça do aquecimento global

Já não questionamos os impactos do aquecimento global.
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A ameaça do aquecimento global

Estamos, todo dia, observando os extremos ocorrendo. Seja na chuva que cai em excesso, na seca que transforma biomas semiáridos em áridos, tempestades de granizo, alagamentos que transformam avenidas em rios e, infelizmente, óbitos.

Muito de nós, mesmo acompanhando esta realidade inegável, sentimos ansiedade e preocupação, seja pela nossa família, pela nossa casa, pelas pessoas que amamos, de nos encontrarmos nas ruas no momento das tempestades, mas, paradoxalmente, estamos numa paralisia ou numa inércia que não ajuda em nada este momento.

Esta atitude do medo não pode ser justificativa para nos paralisar, nos fazer apenas um expectador: tem de ser um mecanismo, um “basta” que nos leve a protagonizar, independente do nosso poder de capilarização, buscando mitigar, influenciar pessoas, políticos, indústrias não aderentes, que o meio ambiente está cada dia mais ameaçado e afetando, não mais realidades distantes, mas o nosso dia a dia.

E, com esta postura de líder contra o aquecimento global, na sua realidade, na empresa em que trabalha, no seu círculo de amizades, você necessitará desempenhar um papel crucial de conscientização, ação e mobilização para enfrentar essa crise climática que vai além de simplesmente constarmos que está chovendo muito, ou estamos com pouca água em nossos reservatórios.

Santa Tereza de Calcutá já dizia que não é o que se faz, mas quanto amor colocamos naquilo que se faz.

Estamos prontos e capacitados para assumir este papel? Ou deixaremos que ONGs, governos, academia, assumam este protagonismo? Informação não é ação. Conhecimento sem ação não gera transformação.

Há um triste palavra que não podemos nos permitir ser identificados, que é a omissão. Ela traz junto, um comodismo que parece o de um avestruz que enterra sua cabeça no chão e acredita que tudo irá passar.

Convido a todos para serem mais que idealistas, mas sim, realistas, com a consciência que, ao não assumir este papel, irá causar uma ausência que o tornará responsável juntos daqueles que você se importa, gerando o sentimento de egoísmo misturado com comodismo.

O pior culpado é aquele que sabe e nada faz para mudar.

Devemos saber que, os principais impactados, serão normalmente os menos favorecidos, os que moram nas encostas por falta de opção, que são os que não tem água potável, que não tem educação, dignidade, como os mais de 835 milhões de pessoas que não se alimentam adequadamente no mundo.

Acredito que não é uma questão apenas de falta de recursos e sim, uma questão de priorização.

Acredito que é uma luta entre a capacidade da ciência em fornecer plantas mais resistentes à umidade, com maior tolerância às variações mais extremas de temperaturas, de produzir mais em menor tempo com variedades super precoces, da capacidade de eliminar ou mitigar o fator externo na produção de alimentos para o mundo.

Desejo acreditar que é algo totalmente possível, mas que irá gerar algumas consequências nefastas, como o aumento de custo de produção e, portanto, menor acesso da população carente a este alimento produzido e protegido das intempéries.

Festejamos a Agricultura 4.0, mas esquecemos que estas tecnologias que geram maior produtividade, está muito mais adequada a grandes áreas de soja, milho, algodão, citrus, cana, em decréscimo a culturas de subsistência, mas que alimenta e sacia a fome de milhões.

Assumir a liderança neste processo, seja no seu prédio de apartamentos onde mora, na empresa em que trabalha, na igreja que pertence, é entender que apenas juntos teremos condições de influenciar e pressionar o Estado, as startups, as incubadoras, a customizarem a tecnologia para micro e pequenos produtores. A adaptar o que gera produtividade em escala menor, mas viável.

Quando vemos os belos exemplos nos “Globos Rurais” da vida, normalmente não avaliamos a capacidade do que está sendo “vendido” como solução, ter ou não a capacidade de ser capilarizado, ou estimulado a ser e, de como, através de processos estruturados, tornar este exemplo um sistema a ser replicado, gerando valor, auto estima e cidadania.

Mesmo necessária, não é com a ideia romântica dos “protetores da natureza” que faremos esta revolução, mas sim, com estes protetores utilizando processos viáveis e tecnologias escaláveis que ajudem o micro e pequeno produtor a utilizar deste novo aprendizado, neste novo momento que passa a agricultura, sem deixar de ser um protetor ambiental.

A terra não suporta mal tratos. Ela necessita de vida, para gerar mais vida.

E, como podemos lidar com o aquecimento global?

Somente com nossa capacidade de entender que não temos limites nas nossas ações, mesmo que para alguns seja quixotesca. Que o que está em jogo, é toda a sobrevivência da civilização, que, mais cedo ou mais tarde, irá sofrer os impactos. E aí, não importa se serão os que tem alto poder aquisitivo, ou aqueles que moram nas encostas e se alimentam apenas uma vez por dia. O que tem mais recursos financeiros, só irá demorar um pouco mais para “pagar a conta”, até não ter mais o que comprar.

Com a postura de liderança contra o aquecimento global, você necessitará desempenhar alguns papéis, que farão toda a diferença, como:

  • Atuar ou pressionar por uma educação de qualidade para gerar capacidade de conscientização.
  • Reduzir sua pegada de Carbono.
  • Apoiar ideias inovadoras pró meio ambiente.
  • Reciclar ou usar menos.
  • Buscar como premissa sempre a colaboração, o sentimento de fazer juntos, de buscar a harmonia para que haja condições de todos serem ganhadores.
  • Esquecer o viés político de esquerda, centro ou direita, e sim, avaliar como capturar recursos, ou pressionar para liberar estes recursos financeiros ou intelectuais, para disponibilização imediata visando, rapidamente, mitigar ou combater algumas das consequências deste processo irreversível do aquecimento.

Mais do que nunca, a comunicação, e aqui estou falando de grandes mídias, de internet, de redes sociais, terão um papel fundamental na mudança do mindset necessária para realizar estas transformações onde nosso modo de vida não será mais compatível com a capacidade do nosso planeta de suportar tamanho descaso.

Hoje, vemos que não apenas cientistas elaboram estudos e tratados. Até nosso Papa Francisco lançou pela segunda vez (e é a primeira vez na história, que um papa produz duas encíclicas abordando este tema tão sensível, como a Laudato Deum e Laudate Si).

Nós continuaremos habitando este planeta se, e somente através de um pacto pela vida e pela mudança do nosso modo de viver, onde nossas escolhas deverão estar alinhadas à politicas voltada a Economia Circular, à opções mais verdes em nosso dia a dia, na diminuição e/ou substituição de derivados de petróleo por energia verde, pela nossa capacidade de reduzir o consumo de carne vermelha, pelo uso mais racional de nossas malhas rodoviárias, consumindo o que está mais próximo de nós, como produtos de época, evitando uma maior emissão de gases de efeito estufa via uso de caminhões, que na sua maioria, são ultrapassados e utilizam um diesel com alto teor de enxofre. O petróleo retirado das nossas reservas é bem mais pesado do que o retirado na Ásia, por exemplo, e por isso possui naturalmente uma grande quantidade de enxofre, que é muito nocivo à saúde humana e ao meio ambiente em geral.

Hoje temos algo que não tínhamos a pouco tempo atrás, que é a capacidade de participarmos de fóruns, redes, eventos, onde a prática do ESG, conhecer e praticar a sustentabilidade, deixa de ser apenas uma palavra com significado bonito, para se tornar uma imperiosa realidade. E, da mudança deste modo de vida, tenhamos um efeito positivo em escala, que mude comportamentos e inspire ações de maior envergadura.

Não ter amanhã está na nossa omissão e, não é isso que queremos.

Se o “homem não quer só comida, quer comida, diversão e arte”, é necessário contabilizar também, que o homem quer um mundo melhor, mas este homem tem de sair da sua inércia e se tornar um evangelizador!

Que cada um de nós possamos ser exemplos e gerar nas pessoas a necessidade de se fazer algo.

Sair da inércia já é um passo. Consumir produtos mais eficientes, fomentar e utilizar tecnologias de menor consumo de combustível fóssil, inspirar o próximo é outro passo.

Estamos prontos para esta revolução no comportamento, ou seremos como os mamutes?

Esses grandes herbívoros foram eliminados devido a uma associação de diferentes fatores, como a caça e as mudanças climáticas que gerou o aquecimento global e levou ao fim a Idade do Gelo.

Algo em comum?

Por Mario Fujii
Gerente de logística do inpEV

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