“As pessoas não compram o que você faz, mas porque você faz” (Simon Sinek)
O primeiro de três eixos que suportam o líder de alto impacto no agronegócio é o eixo da Liderança Propositiva. Liderar não é apenas mover do ponto A para o ponto B. Antes disso, é preciso um líder que vislumbre esse ponto de chegada sem que ele ainda se quer exista. É preciso olhar bem além da porteira.
Para desenvolver essa capacidade de antever, o líder do agro precisa olhar um pouco menos para seus produtos e serviços e mais para soluções e modelos de negócios, principalmente em outras cadeias produtivas e em outros tipos de negócios e indústrias. Vejo pessoas investindo seu tempo apenas visitando as mesmas feiras, eventos e palestras relacionadas ao seu negócio e que pouco mudam de ano a ano. Estes eventos servem para nos tornar, talvez, um pouco mais eficientes no ponto A. Falo talvez pois me lembro de meu pai dizendo que não adianta comprar um livro de como fazer um curral e não comprar as tábuas.
Para levar o Agronegócio para o ponto B, logo ali no futuro, o líder precisa vivenciar e estudar as ondas de inovação, entender como construir uma curva de valor do seu negócio que o diferencie da concorrência e, principalmente, qual seu impacto e postura construtiva dentro da sociedade onde ele e seus clientes atuam.
É preciso ampliar o cardápio de conhecimento e possibilidades desta liderança. E não é apenas por ele ou pelo negócio que ele conduz, é porque os clientes que consomem o agronegócio têm gostos e demandas diferentes a cada dia e quanto mais urbanos mais distantes talvez dos nossos gostos, do nosso entendimento através de nossa realidade cotidiana. Pensar nos clientes finais é pensar na parte negócio do agro, falamos disso no artigo anterior. É também uma forma de entender o que é valor para seu cliente final e então repensar seu próprio negócio tornando sua oferta mais atrativa e diferenciada.
Um líder agro que seja propositivo e de alto impacto também precisa entender de negócios sociais. Não, não é filantropia. É ter a capacidade de conhecer e entender os problemas da sociedade e gerar no agro soluções que atendam estas demandas. Não é apenas ser sustentável, garantir que cumpra as leis. É diferente disto. É gerar valor através de soluções, de tecnologias, de economia circular, de redes de compartilhamento e de crescimento de indicadores humanos e sociais alicerçados fortemente em sua coerência. É o chamado walk the talk, fazer o que fala, sair do discurso para a prática.
Claro que já temos inúmeras boas iniciativas neste caminho no agronegócio e já percebemos como estas nos colocam em patamares de competitividade diferenciada no mundo. Mas o agro precisa avançar! Evoluir é uma corrida sem pódio de chegada, em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo. O que nos trouxe até aqui não garantirá nosso futuro. Precisamos de mais.
O líder do agro tem em suas mãos o controle de seus custos de produção e, em alguns poucos casos, o preço de venda de seus produtos. Porém o valor percebido nunca será construído por ele pois é inerente a quem compra e utiliza o produto. É o cliente dele que dirá qual o valor. Portanto não se nivele por baixo, nunca na história uma evolução positiva ocorreu assim. A frase que abre esse artigo deixa claro que os clientes compram COMO você faz.
O Agronegócio brasileiro não quer ser apenas um produtor de grãos e proteínas. Merecemos ser percebidos e valorizados como produtores de alimentos que sustentam a vida humana com respeito as pessoas e em equilíbrio com o meio ambiente.
É preciso ampliar a construção e liderança de times de alta performance, que entreguem além do esperado para seu cliente, que tenham competências variadas para garantir um produto (o que) feito com as melhores práticas socioambientais (como) do qual os colaboradores e clientes finais se orgulhem (esse é o porque). É assim que um líder propositivo do agronegócio constrói valor. É assim que se solidifica um propósito.
Os desafios continuarão crescendo no agro pois chegamos ao topo, reconhecidos e até temidos mundialmente e, agora, precisamos nos manter e consolidar esta posição de destaque. Isso demanda mais líderes com grandeza, propositivos e de alto impacto com foco em deixar um legado e não apenas no bônus de curto prazo, afinal o caminho do A para B é como a lavoura e precisa de tempo entre plantar e colher.
Lidere com olhar além da porteira, conheça seu cliente, entenda o que ele valoriza, o que não aceita e o que ele precisa. Não fique na sua trincheira tentando provar que você sabe o que é melhor para ele. Em uma eventual queda de braço a disputa termina no preço e ai o perdedor já está definido. Surpreenda-o. Proponha as mudanças e avance!
Esse é o eixo onde o líder é mais exigido como propulsor dos negócios. Nos outros dois eixos, Líder Servidor e Líder em Construção, ele terá os olhos para dentro da porteira e para dentro de si. Trataremos disso nos próximos artigos.
VQV!