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Ansiedade e perfeccionismos: as características mais “desejadas” no mundo corporativo

Nossa colunista Flávia Ramos, a ‘Amazona de Si’, traz essa semana um assunto interessante que envolve a habilidade de identificar nossas virtudes e nossos pontos fracos, inserindo, é claro, o seu costumeiro comparativo junto às percepções do hipismo
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Nossa colunista Flávia Ramos, a ‘Amazona de Si’, traz essa semana um assunto interessante que envolve a habilidade de identificar nossas virtudes e nossos pontos fracos no mundo corporativo , inserindo, é claro, o seu costumeiro comparativo junto às percepções do hipismo

Você, gestor, o que espera ouvir quando pergunta para um candidato a uma vaga sobre seus defeitos e qualidades? Você, profissional em busca de oportunidades, o que espera responder ao ser questionado dessa forma? Você, caro leitor, o que responderia agora se alguém lhe perguntasse quais são seus defeitos e qualidades?

A meu ver, saber identificar nossas virtudes e pontos fracos é uma habilidade e tanto. Revelar-se, para si e para o outro, requer esforço, ousadia e lágrimas derramadas. Por isso, muitas vezes, preferimos escolher atalhos aparentemente mais fáceis, acobertando-nos atrás de estereótipos “bem vistos no mercado”, empurrando a vida com a barriga.

No hipismo, os cavalos me ensinaram que todos somos seres singulares e vulneráveis. Juntos e conectados podemos nos ajudar, mutuamente, a lidar com nossas fraquezas e a potencializar nossas qualidades. Mas isso só é possível quando assumimos o que somos sem julgamento.

A boa e velha pergunta da entrevista de emprego parece batida, mas, se fosse encarada com verdade, serviria como um mapa precioso para o gestor conhecer melhor a pessoa que trabalhará ao seu lado. Quanto mais claras são as potências e as dificuldades de seus pares e liderados, muito mais assertiva será a condução dessa relação. Porém, além de muitas vezes pouco sabermos sobre nós mesmos, quando enfim nos descobrimos, ainda resta lidar com o medo da exposição e do julgamento das nossas fragilidades.

Pois, entre os estereótipos preferidos do mundo corporativo, estão os ansiosos e os perfeccionistas. Nada melhor do que alguém que se pressiona até dizer chega para entregar rápido; nada melhor do que alguém que dá o sangue para entregar sem erro. Na minha visão, isso é uma doença muito grave da nossa sociedade e vejo os sintomas em vários níveis, entre eles, em um regime escravocrata onde somos, no mínimo, escravos de nós mesmos, das nossas próprias neuroses.

Portanto, quando alguém me diz – seja em uma entrevista, workshop ou consulta individual – que é ansioso ou perfeccionista, soa dentro de mim um sinal de alerta. Não seríamos, ao invés de perfeccionistas, controladores e narcisistas? Não seríamos, ao invés de ansiosos, deslocados de nós mesmos, da nossa essência e tempo interno? Mas quem de nós já pôde respirar e relaxar nesta inconstância que é a vida? Quem já pôde soltar as amarras e fluir sem medo nesta vulnerabilidade infinita que é estar vivo sabendo que vai morrer a qualquer momento?

Nossas qualidades e belezas se fazem notar sem que a gente faça esforço. Elas aparecem quando são invocadas. Mas, é só quando a gente arregaça as mangas para lapidar o que ainda é pontiagudo em nós, é que amadurecemos de verdade e nos tornamos livres de qualquer opressão e aprisionamento. E, quando podemos revelar nossas fragilidades ao outro, sem vitimização, aí sim começamos a honrar nossa condição humana, podendo a cada nova lapidada revelar o diamante que carregamos conosco e que temos tanta resistência em acessar.

Flávia de Oliveira Ramos

Amazona de si

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