Em frente ao Furo do Jari, um canal que começa no rio Amazonas e termina no rio Tapajós, e já ao lado do Arquipélago do Marajó, a extensão de terra chamada “Laranjal do Taiassuy”, às margens do rio Taiassuy, é o último atracamento do oeste paraense, município de Almeirim, para cuja sede se demora pelo menos metade de um dia a bordo em um barquinho popopô.
Três horas a cada sol, o rio inunda as plantações de cacau e os pés nativos de açaí, pincelando também as palafitas das 28 famílias da Comunidade Santa Luzia. Na mesma maré abundam camarões regionais e espécies de peixe como aracu e parapitinga.
É longe para os outros. Não é comum chegar médico, chegar polícia, chegar curioso. Mas chega a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater).
“Grande parceira”, conclama o agricultor Ronelson Teles, 41, presidente da Associação dos Produtores Agroextrativistas e Pescadores Artesanais da Comunidade Santa Luzia do Taiassuy e Região (Aprosan).
“A presença da Emater tem ajudado a gente a sonhar grande e a realizar grande. É muita transformação em pouco tempo. São nossos conhecimentos dando as mãos para os conhecimentos dos técnicos da Emater e juntos todo mundo acreditando que pode dar certo”, acredita.
A União Faz a Força
Em dezembro último, a Associação da Santa Luzia completou um ano de existência.
A demanda de um atendimento mais intensificado e regular da Emater se estrutura com a organização social. O objetivo é mobilizar os agricultores e organizar os sistemas produtivos, prospectando novos mercados e aumentando margens de lucros.
“É possível, por exemplo, estudar formas de, pouco a pouco, reduzir a dependência de atravessadores para o escoamento da produção e beneficiar as matérias-primas”, propõe o chefe do escritório local da Emater, o técnico em agropecuária Elinaldo Silva.

Atualmente, as 22 famílias associadas colhem por ano cerca de 18 toneladas de cacau e 10 toneladas de açaí. Além disso, pescam seis toneladas de camarão e alguns quilos de peixe.
O cacau é vendido para virar chocolate na Transamazônica, o açaí abastece a região do Jari, com o excedente para o Amapá, e o camarão acaba importado para a capital Belém.
“As seis famílias que ainda não se associaram irão se convencer pelo bom exemplo. Com a assistência técnica, estamos saindo do mero plantar intuitivo para tecnologias verdadeiras de manejo e acesso a direitos como crédito rural. É uma troca de saberes”, planeja Teles.
A injeção de recursos é para expandir e melhorar as lavouras. O foco, ademais, coloca-se em agroindústria, insumos e capacitações.
“Penso, por exemplo, em uma despolpadeira e até em turismo rural”, enumera.
Nosso Lar

A propriedade Cristo-Rei (de alcunha “CDA”) tem 61 hectares e um pai, Ronelson, uma mãe, Rafaela Pena, 29, e uma filha, Rafaely, 9.
“Igual a nós somos todos nós da Comunidade: muita fé em Deus e moradia nas coisas ricas da natureza. Não temos estudo aqui na Ilha, mas temos uma coisa especial de coragem”, considera.
Com sede própria e a expectativa para agora em 2022 de um viveiro de mudas via apoio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), a Aprosan é considerada pela Emater um case de sucesso.

“É como se fosse um projeto de resultado relâmpago, porque a receptividade dos agricultores foi muito boa e as políticas públicas do setor têm bastante cabimento para o interesse e o potencial das famílias”, indica o técnico Silva, da Emater.
Neste semestre, ainda, a Emater está articulando a liberação de pelo menos R$ 200 mil de crédito rural para o manejo de açaizais.
Fonte: Emater-PA/Aline Miranda
Crédito: Divulgação Emater-PA
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