Search
Close this search box.

Técnica permite prenhez de novilhas de corte a partir dos 14 meses de idade

18 de setembro de 2023

O novo processo produtivo foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Embrapa, formada por melhoristas, nutricionistas e especialistas em reprodução e sanidade animal.
Compartilhe no WhatsApp
Técnica permite prenhez de novilhas de corte a partir dos 14 meses de idade
Plantel de fêmeas da raça nelore, onde todos os experimentos começaram, mas protocolo pode ser aplicado a todas as raças. (Fotos: Amanda Alves/Divulgação Embrapa)


A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), unidades Gado de Corte e Pantanal, já colocou  à disposição dos produtores rurais o Protocolo Embrapa +Precoce P14, ou simplesmente, P14. A tecnologia possibilita trabalhar com fêmeas bovinas da raça nelore, com idade entre 12 e 16 meses de idade e com índices adequados de fertilidade e produtividade.

Conforme explica nota técnica distribuída pela Embrapa, a precocidade é um dos mais importantes parâmetros de escolha para melhoria da qualidade da carne e de eficiência de sistemas de produção de bovinos de corte, porque além de ampliar a taxa de prenhez, acelera o alcance de peso corporal no início da idade reprodutiva.

Experimento da técnica durou 4 anos

“Após quatro anos de experimentos, validações na Embrapa e em fazendas comerciais, e trocas com especialistas, conseguimos fechar esse protótipo de protocolo, com indicações genéticas, reprodutivas, nutricionais, de manejo e sanitárias voltadas à precocidade sexual de novilhas. Os resultados mostram que as fêmeas bovinas conseguiram ser emprenhadas na primeira estação de monta após a desmama, ao redor dos 14 meses, sem afetar o desempenho produtivo”, explica Eriklis Nogueira, pesquisador em reprodução da Embrapa Pantanal (MS).

A recomendação é para propriedades com certo nível de tecnificação, sistema produtivo de cria e situadas nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, principalmente. Apesar de ter sido desenvolvido para a raça Nelore, o protocolo pode ser adaptado e aplicado a outras raças.

Também atuando em reprodução animal na Unidade de Corumbá, a pesquisadora Juliana Corrêa reforça que “a precocidade é uma característica unânime nos diferentes setores de produção relacionados à pecuária de corte. Assim há interesse em adiantar a entrada das fêmeas na idade reprodutiva e, consequentemente, no ciclo produtivo, seja pela produção de bezerros ou de carne”. Em sistemas intensificados, a pesquisadora ratifica que a precocidade potencializa os índices produtivos, aumentando a arroba produzida por hectare.

Experimento com fêmeas nelore em fazenda de Rio Negro (MS), na fase de reprodução
Além do aumento na taxa de prenhez, a adoção do P14 indica o alcance de peso corporal de, no mínimo, 260 kg no início da estação reprodutiva, e de cerca de 400 kg no parto de primíparas (fêmea que teve seu primeiro parto). Isso representa um ganho de peso diário de 0,425 kg, do início da primeira estação reprodutiva ao parto (330 dias), garantindo crescimento adequado sem impactar na produção desses animais ao longo da vida.

Para nulíparas (novilhas que não pariram ainda), a estação reprodutiva é de 60 dias, entre os meses de novembro e janeiro; e para as primíparas (primeira cria) precoces, a estação é de 60 a 90 dias, entre outubro e janeiro. Dessa forma, o novo processo produtivo busca, no mínimo, 35% de taxa de prenhez na primeira IATF (inseminação artificial por tempo fixo) e superior a de 50%, no fim da primeira estação reprodutiva.

Rodrigo Gomes, nutricionista da Embrapa-Gado de Corte (MS), afirma que esses números são metas mínimas desejáveis para o protocolo, mas alerta que “o desempenho reprodutivo é fortemente dependente do ambiente e, portanto, o alcance total das metas não pode ser plenamente garantido”.

Desmama

Para alcançar as metas previstas pelos pesquisadores, o primeiro ponto a ser observado é a desmama, dando prioridade a vacas com bom histórico materno (e também paterno) reprodutivo e de precocidade. Também devem ser selecionadas fêmeas geradas no início da estação de nascimento, completando 14 meses em novembro e dezembro, além daquelas com maior peso corporal na desmama.

“Essa etapa considera ainda o objetivo de peso de, pelo menos, 260 kg no início da estação de reprodução”, pontua Nogueira. Animais com aprumos (posicionamento correto) defeituosos, garupa angulada e chanfro (região dos ossos nasais) torto são descartados, a fim de não comprometer o desempenho do protocolo.

Manejo alimentar até a primeira estação reprodutiva

Por sua vez, o nutricionista Rodrigo Gomes frisa que o manejo alimentar considera a pastagem e a suplementação. Para a pastagem é recomendável definir a área três meses antes da desmama e optar por gramíneas como os capins marandu, piatã, coastcross ou tifton. Se possível, escolher uma área com solo bom em fertilidade, aplicando adubação nitrogenada ao final da estação das chuvas. O diferimento deve durar de 60 a 90 dias, geralmente entre fevereiro e março.

Para a suplementação alimentar, Gomes apresenta fórmulas de rações e considera três classes de animais com peso na desmama e respectivos ganhos de peso para atingir o objetivo de peso no início da primeira estação reprodutiva. –

Por Campo Grande News

Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil 

Relacionadas

Veja também

José Miguel Saud Morheb, especialista na produção e cultivo de peixes nativos em ambientes controlados, explica principais elementos das pesquisas do setor de piscicultura
O fundo é uma resposta às demandas do setor produtivo paulista, que destacou a necessidade de um fundo indenizatório para garantir segurança aos pecuaristas em emergências sanitárias.
Entre os dias 20 a 24 de novembro, o Haras SNG, em São Pedro, São Paulo, sediou o Super Stakes, realizado pela Associação Nacional do Working Cow Horse, a ANCH
Retomada do evento, após 10 anos, reforça importância da feira com público de 8 mil pessoas em cinco dias