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Sulco na terra, a cicatriz do descaso

17 de setembro de 2021

Água e do vento rasgam a produção e escoam o lucro pelo mais absoluto descaso ou descuido.
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Sulco na terra, a cicatriz do descaso
O subpastejo também é prejudicial, pois proporciona uma sobra de forragem no solo – Foto: Divugação

Solos em boas condições para exploração pecuária ou mesmo agrícola, gradativamente, perdem seu potencial produtivo, o que resulta em perda das propriedades físicas e químicas favoráveis ao desenvolvimento das pastagens. O manejo animal tem influência decisiva, e deve ser feito de maneira correta, o qual envolve diversas ações conjugadas como a determinação da carga animal adequada para evitar o superpastejo – que promove a desfolha exagerada do capim e faz com que a rebrota do mesmo seja prejudicada.

Assim, a pastagem torna-se escassa (rala) e favorece o aparecimento de áreas descobertas e ervas invasoras (pasto sujo). O subpastejo também é prejudicial, pois proporciona uma sobra de forragem no solo. Trata-se do excedente que não é aproveitado pelo rebanho, que prefere se alimentar da rebrotra, por ser mais tenra e nutritiva. Assim, é importante conciliar a carga animal com o tipo de forragem mais adequada à região e ao solo para evitar problemas de superpastoreio e de subpastoreio.

A luz se apaga na frente

O curso da degradação dos solos sob exploração pecuária inadequada pode ser dividido em três etapas, cada uma com características bem definidas. Na primeira, as características originais do solo são destruídas gradativamente, processo que não é perceptível, uma vez que ocorre lentamente. Nos estágios iniciais da erosão (laminar), se o pecuarista não estiver atento ao desempenho no ganho dos animais e na produção de forragem da pastagem poderá não perceber o sinal de alerta.

Nesse período há a necessidade da avaliação de profissionais qualificados (engenheiros agrônomos, zootecnistas, veterinários etc.) que possuam conhecimento adequado para identificar, por meio de análises de solo ou por meio do desempenho animal, o início da degradação. No segundo estágio, evidenciam-se perdas acentuadas de matéria orgânica, com forte comprometimento da estrutura. O solo sofre compactação superficial que impede a infiltração de água e a penetração de raízes, bem como o surgimento de crostas superficiais (selamentos).

A erosão acelera e as pastagens respondem menos eficientemente à utilização de corretivos e fertilizantes. Surgem, depois, áreas sem cobertura. Neste momento, o processo é acelerado, surgindo a erosão por sulco. A partir do segundo estágio, o pecuarista já consegue perceber sinais evidentes na área. Na última fase, as propriedades físicas e químicas do solo estão intensamente comprometidas, com colapso violento do espaço poroso. A erosão é acelerada, o que dificulta e até mesmo impede as operações com máquinas agrícolas.

As voçorocas são o estágio mais avançado no processo erosivo. Suas dimensões e a extensão dos danos que podem causar estão intimamente relacionados com o clima, topografia do terreno, sua geologia, tipo de solo e forma de manejo. A produtividade, nesta etapa, cai para níveis mínimos, sem nenhum retorno econômico para o agricultor.

A degradação das terras afeta a qualidade das pastagens devido ao carreamento das partículas do solo (areia, silte e argila), diminuição das quantidades de água disponível e, ao mesmo tempo, remoção dos nutrientes nele antes presentes, incluindo as perdas de matéria orgânica e dos macro e micronutrientes. Com a perda da qualidade do solo, em termos de disponibilidade de nutrientes e água para as forrageiras, ocorre a perda do vigor e aumento da quantidade de ervas invasoras, pragas e doenças.

Prejuízos certos

É preciso ter sempre em mente que, quanto antes for detectado o problema, menor será o custo de sua recuperação. Além disso, o pecuarista deve levar em consideração que o problema pode extrapolar os limites de sua propriedade e atingir outras fazendas vizinhas localizadas a jusante (para o lado em que vaza um curso de água), que, para recuperarem corretamente os problemas existentes, necessitam que as propriedades a montante (direção de onde correm as águas de uma corrente fluvial) também realizem ações efetivas de correção.

Em todas as situações, as correções dos problemas relacionados à erosão devem ser implementadas. Nos estágios iniciais de erosão (Iaminar ou sulco), a relação financeira entre custo e benefício poderá, a curto prazo, parecer negativa. Entretanto, os investimentos necessários para a recuperação do solo e da pastagem serão, com certeza, recuperados na forma de aumento da capacidade de suporte da pastagem, número de animais por área, aumento da produção de carne por animal e por área e, também, redução do tempo de abate do animal.

Fonte: MAB/Por Ivaris Júnior/Artigo de José Ronaldo Macedo, pesquisador da Embrapa Solos, sob o título: “Erosão em Pastagens”, publicado no Portal Dia de Campo: www.diadecampo.com.br
Foto: Divulgação

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