“Se carne não serve para o francês, não vai servir para o Brasil”, diz ministro

25 de novembro de 2024

Ministro da Agricultura critica decisão da matriz francesa e apoia movimento de produtores brasileiros em evitar fornecimento ao grupo no Brasil.
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“Se carne não serve para o francês, não vai servir para o Brasil”, diz ministro
Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.| Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, defendeu o boicote de algumas entidades do setor produtivo e da indústria brasileira em relação a evitar o fornecimento de carnes ao Carrefour, especialmente no Brasil. A iniciativa ocorre após o anúncio da suspensão da compra de proteínas animais do Mercosul pelas unidades francesas do grupo.

O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, publicou em suas redes sociais um comunicado no qual assume o compromisso de a rede supermercadista francesa não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul nas suas unidades na França.

A restrição a Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai ocorre em meio à onda de protestos de agricultores franceses contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco da América do Sul.

No Brasil, a empresa informou que a decisão anunciada pelo CEO do Carrefour na França não tem nenhuma relação com a operação do Grupo Carrefour Brasil: “o Grupo Carrefour Brasil informa que nada muda nas operações no país”.

Fávaro disse que ficou surpreso com o fato da presidência local continuar comprando, enquanto que a matriz na França não quer comprar. “Ora, se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros. Então, que não se forneça carne nem para o mercado desta marca aqui no Brasil”, declarou o ministro em uma entrevista aos jornalistas, na noite desta quinta-feira (21).

Apesar de concordar com o não fornecimento de carne, o ministro afirmou que não se trata de um boicote ao grupo, mas sim um ato de soberania do Brasil. “Já vi o movimento por parte dos próprios produtores de carne, com o qual me solidarizo, que é um absurdo a empresa dizer que quem não quer comprar é a matriz, é a França. Aqui a carne dos brasileiros serve para o Carrefour. Não, não é assim não”, criticou Fávaro.

“Tenham respeito pela nossa construção. Achei uma atitude louvável da indústria brasileira de falar: então, não vou fornecer também. Uma atitude que mostra a soberania e o respeito à legislação brasileira tem o meu apoio”, acrescentou o ministro.

Episódio similar ao boicote da Danone
O ministro afirmou que “é difícil acreditar que exista uma ação coordenada por parte das empresas francesas”, mas destacou que também não acredita em meras coincidências, fazendo referência a um episódio similar ocorrido no final de outubro envolvendo o fornecimento de soja para a empresa francesa Danone.

“Agora, o Carrefour, uma ação como essa. O Brasil não se nega a discutir sustentabilidade com ninguém, em nenhum lugar do mundo. Um governo e um país que têm compromisso com respeito ao meio ambiente, com a rastreabilidade, com a boa sanidade, com todos princípios ESG mas de forma alguma, será atacada a nossa soberania. Isso é irretocável”, defendeu Fávaro, citando as legislações rigorosas adotadas no País.

Por fim, o ministro demonstrou confiança de que as empresas francesas “vão repensar o que estão falando da produção brasileira”.

O Carrefour França disse, em nota, que a medida anunciada na quarta-feira (20) não se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês. Segundo a varejista, a medida se aplica apenas às lojas na França e que os demais países, incluindo Brasil e Argentina e as franquias, poderão continuar a comprar carne do Mercosul.
Por Gazeta do Povo

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