Para aumentar a produtividade na pecuária brasileira, os investimentos devem triplicar até o fim da década, estima a consultoria Athenagro, organizadora do Rally da Pecuária 2022/2023. Segundo a empresa, os desembolsos anuais chegarão a R$ 36 bilhões em 2030, um montante três vezes superior à média dos últimos 32 anos. A projeção não inclui gastos com substituição de ativos e expansão de área.
De 1990 a 2022, a produtividade da pecuária aumentou 190%, diz a Athenagro, que compilou dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) e da Pesquisa Pecuária Trimestral (PPT) e também do histórico dos censos agropecuários. Nesse período, a produção de carne bovina mais do que dobrou, enquanto a área de pastagens diminuiu 22%.
Maurício Nogueira, diretor da consultoria, afirma que será necessário investir na pecuária para fazer frente ao aumento dos custos de produção, que vêm crescendo em média 12% ao ano desde 2017. O crescimento das despesas é resultado, em grande parte, da alta dos preços internacionais dos grãos. Usados na ração dos animais, os grãos têm encarecido por causa de fatores como a pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia e o aumento do dólar, que encarece a importação de insumos.
Pecuária sustentável
O diretor da Athenagro defende que a pecuária brasileira é a mais sustentável do mundo. Para ele, o governo não pode “repetir o erro de outros países”, que taxaram exportações para tentar conter a inflação.
Nogueira diz que assegurar a continuidade das vendas ao exterior favorece também o mercado interno, já que os embarques garantem boas margens para a indústria. “Como não é possível mudar os preços de venda, é bem provável que a pressão seria repassada ao produtor, que reduziriam suas compras. Com isso, a oferta de carne diminuiria”, argumenta. “Na prática, haveria um desestímulo à produção, que elevaria os preços a médio e longo prazo”.
Com o crescimento da produção, a tendência é que a disponibilidade de carne bovina, que caiu de 41 quilos para 36 quilos per capita entre 2018 e 2022, volte a aumentar no Brasil. Para o ano que vem, a consultoria estima oferta de 37 quilos por habitante.
Fonte: Valor Econômico
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