Nascida em Carmelo, no Uruguai, Mirta despertou sua paixão pela aviação ainda na infância, observando os aviões no campo de aviação de sua cidade. Essa curiosidade e fascínio a impulsionaram a trilhar um caminho extraordinário. Em uma época em que a aviação era predominantemente masculina, Mirta quebrou barreiras e se tornou a primeira mulher piloto agrícola do mundo.
Sua estreia no setor em 1946, no combate a gafanhotos a serviço do Ministério da Agricultura e Pesca de seu país, marcou um momento histórico. Ela não apenas pilotava, mas também enfrentava os desafios da época, mostrando uma coragem e determinação admiráveis. Essa atuação pioneira a eternizou como “la última langostera”, um título honroso que reconhece sua dedicação em uma tarefa crucial para a agricultura da região.
A trajetória de Mirta é um exemplo de superação e profissionalismo. Em 1943, ela já era a primeira piloto profissional (Breve Classe B) do Uruguai, demonstrando seu comprometimento com a aviação ao também se qualificar em mecânica aeronáutica. Sua ascensão ao cargo de diretora dos Serviços Aeronáuticos do Ministério demonstra sua capacidade de liderança e sua visão para o desenvolvimento da aviação agrícola em seu país.
Mirta não se limitou a voar e gerenciar. Sua busca constante por aprimoramento a levou a realizar intercâmbios internacionais nos Estados Unidos e na Nova Zelândia, onde buscou novas técnicas e equipamentos para modernizar os serviços aeroagrícolas uruguaios.
A ousadia e a destreza de Mirta eram evidentes em suas ações. Ela própria pilotou o translado de aeronaves compradas nos Estados Unidos, navegando por rotas desafiadoras como a do Pacífico e cruzando a Cordilheira dos Andes em uma época sem GPS. Sua conexão com o Brasil também foi marcante, liderando uma equipe de pilotos na busca de aeronaves Ipanema da Embraer, em São Paulo, fortalecendo a frota aeroagrícola de seu país.
Por cerca de quatro décadas, Mirta chefiou o Departamento de Serviços Aeronáuticos, inspirando outras mulheres a seguir seus passos na aviação. Seu encontro com a brasileira Ada Rogato, outra grande pioneira da aviação agrícola, durante uma visita de aviadores brasileiros ao Uruguai, reforça a conexão e a admiração mútua entre essas mulheres notáveis.
A vitalidade e o espírito desbravador de Mirta se manifestavam em cada fase de sua vida. Aos 71 anos, ela se tornou a primeira mulher no Uruguai a voar em uma aeronave de combate, e seu 80º aniversário foi celebrado com um salto de paraquedas, provando que a paixão pela aventura não tem idade.
A homenagem recebida em 2018 pelo Sindag e Ibravag, e a celebração de seu centenário em 2022, são testemunhos do reconhecimento e da admiração que Mirta Vanni de Barbot conquistou ao longo de sua vida. Seu legado transcende fronteiras e inspira gerações de aviadores e profissionais do agronegócio.
Mirta Vanni de Barbot não foi apenas a primeira, ela foi uma força motriz, uma visionária que abriu caminhos e demonstrou a importância da mulher na aviação agrícola. Seu nome permanecerá gravado na história como um símbolo de coragem, determinação e um amor inabalável pelos céus e pelo campo. Seu exemplo continua a inspirar e a mostrar que, com paixão e dedicação, é possível alcançar as alturas mais inimagináveis. Neste fim de semana ela descansou.
Fonte: SINDAG Por Agrovenki
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