Os búfalos têm origem asiática e são encontrados em praticamente todos os continentes. Essa ampla distribuição geográfica pode ser explicada pela grande rusticidade e capacidade desses animais em adaptar-se. Isso permite que sejam criados nos mais diversos ambientes, com diferentes climas, relevos e vegetações.
No ocidente, o Brasil possui o maior rebanho de bubalinos. A Associação Brasileira de Criadores de Búfalos considera que o rebanho nacional esteja em três milhões de cabeças, embora a bubalinocultura seja considerada ainda recente no país. Inicialmente, foram introduzidos especificamente na Ilha de Marajó, localizada no Pará, por conseguinte, se difundindo pelo estado, por toda região Norte e depois para outras regiões brasileiras.
A criação de búfalos é uma alternativa eficiente aos produtores rurais, tendo em vista a maior rusticidade desse animal, o que permite o manejo simples e de baixo custo concomitante com eficiente produção. Eles podem ser criados, inclusive, em áreas inadequadas para bovinos, como as regiões alagadas.
Manejo, saúde e produção
Falando em produção, é possível ponderar que a búfala produz menos leite que a vaca. Enquanto as vacas de alta produção chegam a produzir até 40 litros de leite, a búfala chega aos 15-20 litros. Mas, como o leite e búfala possui maior teor de sólidos, vitaminas e minerais em sua composição, é o mais utilizado para a fabricação de queijos de qualidade superior, que podem ser comercializados em mercados mais exigentes.
Já em relação à mastite, mesmo os microrganismos sendo semelhantes, as búfalas são consideradas menos susceptíveis que as vacas. Há, porém, ‘teorias’ de que o diagnóstico é mais difícil. Fisicamente, as búfalas possuem tetos relativamente mais pendulosos e longos, o que as torna mais susceptíveis às injúrias. O que acontece é que comportamento de imersão em água em busca de conforto térmico dificulta a higienização dos mesmos, contudo, o ducto papilar é mais musculoso, auxiliando como barreira frente às infecções. Microbiologicamente, a contagem total de células somáticas é semelhante a do leite de vacas, mas a concentração e a eficiência de células de defesa, como os neutrófilos, parecem ser maiores, além de apresentar teor superior de lactoferrina, responsável pela atividade antibacteriana ao tornar o ferro iônico indisponível para o crescimento bacteriano.
O manejo realizado nas propriedades criadoras de bubalinos no Brasil ainda se mostra deficiente em diversos aspectos, como por exemplo, em relação ao controle zootécnico, que é realizado de forma individual por apenas 16,7% dos criadores. Desta forma, os produtores não sabem informar ao certo a idade ou peso com o qual os bezerros são desmamados, deixando que isso ocorra de forma natural. Também se observa que o manejo reprodutivo e as biotécnicas como IATF, transferência de embrião e fertilização em vitro são pouco utilizadas, sendo a monta natural o método mais aplicado pelos criadores.
Com relação ao controle sanitário, a maioria dos rebanhos conta com a assistência de um médico veterinário, porém ainda demonstra valores insatisfatórios quando se discute, por exemplo, a incidência de vacinação para doenças como raiva e botulismo, em que para ambas as doenças, apresentam vacinações abaixo dos 25%.
Uma importante barreira enfrentada pela bubalinocultura é a falta de aceitação pelo consumidor final, já que há pouco investimento em campanhas mercadológicas que venham a incluir os produtos oriundos dos búfalos no mercado com a imagem de alimento saudável, pouco calórico e de alta qualidade. A Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos incentiva os pecuaristas na conquista do chamado Selo de Pureza, cuja finalidade é certificar as marcas de queijo fabricado apenas com leite de búfala. A proposta é diferenciar os produtos puros para valorizá-los junto ao consumidor, e afirma: “a verdadeira Mozzarella de Búfala tem que ser produzida com leite 100% Búfala. Tanto que na Itália, o queijo que usar o leite de vaca como matéria-prima perde o direito de utilizar o nome Mozzarella.”
Pode-se concluir que a criação de búfalos é uma atividade com grande potencial de produção, porém ainda são necessários diversos ajustes na cadeia produtiva, como o emprego de assistência técnica especializada, realização adequada do controle zootécnico, implantação de programas de melhoramento genético e sanitário, bem como o incentivo ao consumo de seus produtos pela população.
Fonte: Senar (SC)