Manejo e Saúde na criação de búfalos

17 de abril de 2021

Conheça as características que tornam os búfalos uma alternativa muito eficiente para os produtores
Compartilhe no WhatsApp

Os búfalos têm origem asiática e são encontrados em praticamente todos os continentes. Essa ampla distribuição geográfica pode ser explicada pela grande rusticidade e capacidade desses animais em adaptar-se. Isso permite que sejam criados nos mais diversos ambientes, com diferentes climas, relevos e vegetações.

No ocidente, o Brasil possui o maior rebanho de bubalinos. A Associação Brasileira de Criadores de Búfalos considera que o rebanho nacional esteja em três milhões de cabeças, embora a bubalinocultura seja considerada ainda recente no país. Inicialmente, foram introduzidos especificamente na Ilha de Marajó, localizada no Pará, por conseguinte, se difundindo pelo estado, por toda região Norte e depois para outras regiões brasileiras.

A criação de búfalos é uma alternativa eficiente aos produtores rurais, tendo em vista a maior rusticidade desse animal, o que permite o manejo simples e de baixo custo concomitante com eficiente produção. Eles podem ser criados, inclusive, em áreas inadequadas para bovinos, como as regiões alagadas.

Manejo, saúde e produção

Falando em produção, é possível ponderar que a búfala produz menos leite que a vaca. Enquanto as vacas de alta produção chegam a produzir até 40 litros de leite, a búfala chega aos 15-20 litros. Mas, como o leite e búfala possui maior teor de sólidos, vitaminas e minerais em sua composição, é o mais utilizado para a fabricação de queijos de qualidade superior, que podem ser comercializados em mercados mais exigentes.

Já em relação à mastite, mesmo os microrganismos sendo semelhantes, as búfalas são consideradas menos susceptíveis que as vacas. Há, porém, ‘teorias’ de que o diagnóstico é mais difícil. Fisicamente, as búfalas possuem tetos relativamente mais pendulosos e longos, o que as torna mais susceptíveis às injúrias. O que acontece é que comportamento de imersão em água em busca de conforto térmico dificulta a higienização dos mesmos, contudo, o ducto papilar é mais musculoso, auxiliando como barreira frente às infecções. Microbiologicamente, a contagem total de células somáticas é semelhante a do leite de vacas, mas a concentração e a eficiência de células de defesa, como os neutrófilos, parecem ser maiores, além de apresentar teor superior de lactoferrina, responsável pela atividade antibacteriana ao tornar o ferro iônico indisponível para o crescimento bacteriano.

O manejo realizado nas propriedades criadoras de bubalinos no Brasil ainda se mostra deficiente em diversos aspectos, como por exemplo, em relação ao controle zootécnico, que é realizado de forma individual por apenas 16,7% dos criadores. Desta forma, os produtores não sabem informar ao certo a idade ou peso com o qual os bezerros são desmamados, deixando que isso ocorra de forma natural. Também se observa que o manejo reprodutivo e as biotécnicas como IATF, transferência de embrião e fertilização em vitro são pouco utilizadas, sendo a monta natural o método mais aplicado pelos criadores.

Com relação ao controle sanitário, a maioria dos rebanhos conta com a assistência de um médico veterinário, porém ainda demonstra valores insatisfatórios quando se discute, por exemplo, a incidência de vacinação para doenças como raiva e botulismo, em que para ambas as doenças, apresentam vacinações abaixo dos 25%.

Uma importante barreira enfrentada pela bubalinocultura é a falta de aceitação pelo consumidor final, já que há pouco investimento em campanhas mercadológicas que venham a incluir os produtos oriundos dos búfalos no mercado com a imagem de alimento saudável, pouco calórico e de alta qualidade. A Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos incentiva os pecuaristas na conquista do chamado Selo de Pureza, cuja finalidade é certificar as marcas de queijo fabricado apenas com leite de búfala. A proposta é diferenciar os produtos puros para valorizá-los junto ao consumidor, e afirma: “a verdadeira Mozzarella de Búfala tem que ser produzida com leite 100% Búfala. Tanto que na Itália, o queijo que usar o leite de vaca como matéria-prima perde o direito de utilizar o nome Mozzarella.”

Pode-se concluir que a criação de búfalos é uma atividade com grande potencial de produção, porém ainda são necessários diversos ajustes na cadeia produtiva, como o emprego de assistência técnica especializada, realização adequada do controle zootécnico, implantação de programas de melhoramento genético e sanitário, bem como o incentivo ao consumo de seus produtos pela população.

Fonte: Senar (SC)

Relacionadas

Veja também

Evento neste sábado (5), com envio de 27 toneladas, marca o início das exportações da unidade de Mozarlândia (GO) e aponta para novas oportunidades em um mercado em expansão
Inclusão da carne suína na cesta básica, isenção para pequenos produtores e alíquota reduzida para insumos estão entre os principais avanços obtidos com articulação técnica da entidade
Produtor de Alagoa projeta futuro promissor para o queijo artesanal