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Exportações de carne bovina avançam com retomada da China

7 de fevereiro de 2022

Retomada da China faz exportações do Brasil avançarem 31%. Em janeiro, Brasil embarcou mais de 140 mil toneladas do produto ao país. Trata-se de recomposição de estoques
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Exportações de carne bovina avançam com retomada da China
O peso argentino tem “derretido” diante do dólar e levado o governo a contar com métodos mais intervencionistas na economia – Foto: Reprodução Shutterstock/Antonio Salaverry

China retoma as compras e as exportações de carne bovina do Brasil saltaram em janeiro. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no mês passado, foram exportadas 140,5 mil toneladas da proteína in natura, um avanço de 31% no comparativo anual.

“O embargo à carne brasileira trouxe provavelmente uma queda nos estoques chineses, e com a chegada do ano novo lunar, eles precisaram recomprar os estoques. Neste momento, a China volta a um patamar significativo nas importações”, destaca João Pedro Thieme, analista da Ag Resource Brasil.

Ainda na avaliação do especialista, o volume de carne bovina embarcada tem espaço para crescer ainda mais e chegar próximo dos patamares observados no ano passado, quando o país embarcou até 187 mil toneladas ao país asiático.

Por que a Argentina suspendeu a exportações?

O governo da Argentina soltou uma declaração sobre a suspensão da exportação de alguns cortes de carne. O tema tem gerado muita discussão dentro e fora do país, já que há implicações globais na decisão.

Segundo a Casa Rosada, isso foi necessário para aumentar a produção, estimular a pecuária e o peso médio de abate, gerando previsibilidade para o produtor e também aumentando os volumes até então exportáveis.

Essa não foi a primeira vez que o Executivo argentino optou por interromper a venda de cortes bovinos para o exterior. Em abril do ano passado, a mesma medida foi tomada após as carnes somarem mais de 60% no acumulado dos 12 meses anteriores. A suspensão seguiu até setembro.

Intertítulo: Contexto que levou à suspensão das exportações

O churrasco é um dos patrimônios dos argentinos: os assados porteños por si só merecem uma visita a Buenos Aires, capital da parrilla. Mas, quando se fala no país, não é só a carne que costuma vir à mente: a inflação também é um cartão de visita. E dos piores.

A má fama vem da fragilidade do peso argentino. Com reservas cambiais precárias, uma dívida pública que corresponde a 90% do Produto Interno Bruto (PIB) e muita dificuldade em mobilizar a economia sob recessão, a Argentina assistiu a uma escalada dos preços na ordem de 50% em 2021.

Foi tentando driblar a inflação que o presidente Alberto Fernández proibiu a exportação de carne até o fim de 2023. A expectativa é que a medida estimule o segmento e garanta que a população não pague o mesmo valor que os importadores do produto, que compram em dólar.

Alberto Fernandez suspendeu a exportacao de carnes ate o fim de 2023 para conter a inflacao e garantir o abastecimento interno
Alberto Fernandez suspendeu a exportação de carnes até o fim de 2023 para conter a inflação e garantir o abastecimento interno – Foto: Reprodução Shutterstock/Antonio Salaverry

Economia e política

A economia é a razão da suspensão das exportações, mas existe um elemento político na balança: 2023 é o ano de eleição presidencial para a Casa Rosada. Assim, adiantar-se para fazer o inevitável e desidratar o impacto da medida podem ser um cálculo importante para Fernández.

Embora o governo alegue que a iniciativa foi acordada com as entidades produtoras e a indústria frigorífica com base em estudos técnicos, ainda há dúvida sobre isso. Na suspensão de abril, os representantes da Mesa de Enlace (fórum das principais entidades do agro argentino) decidiram interromper o abastecimento do mercado interno por uma semana.

O que muda para o Brasil?

A decisão reverbera em todo o mundo, inclusive no Brasil. Até então, a Argentina era o quarto maior exportador de carne bovina do mundo e, em 2020, exportou cerca de 820 mil toneladas. Com esse vácuo, o Brasil pode ganhar espaço no mercado, sobretudo porque a China flexibilizou os embargos à carne do País em novembro do último ano.

Mas essa é uma faca de dois gumes: a oportunidade de crescimento exige cautela. O Brasil está longe de ter uma margem inflacionária do tamanho da Argentina, mas esse é um problema que precisa ser monitorado, já que a saída de produtos bovinos pode significar mais aumento de preços na carne.

Isso preocupa porque a pecuária de corte está entre os itens que mais têm inflacionado. De acordo com o Índice de Preços de Supermercado (IPS), a cesta de carnes soma uma alta de 13% nos últimos 12 meses.

Fontes: Secex/Governo da Argentina

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