A maior competição dos laticínios e cooperativas na compra do leite e a oferta ainda limitada no campo em função da seca enfrentada nos últimos meses promoveram mais uma alta no preço do leite para o produtor. De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no pagamento de outubro, referente à produção entregue em setembro, o preço do litro chegou a R$ 2,99 na média líquida de Minas Gerais. O valor representa uma alta de 4,08% frente ao mês anterior.
Com o fechamento do mês, o preço registrou, no Estado, avanço também frente a outubro de 2023. Neste caso, a alta foi de 43,06% no preço recebido pelo produtor, já que, naquele período, o litro estava avaliado em R$ 2,09.
Conforme o Cepea, assim como em Minas, na média Brasil, o pecuarista também recebeu mais pelo leite. Em outubro, referente ao leite entregue em setembro, a média Brasil fechou com o litro cotado a R$ 2,86. O valor representa, portanto, uma alta de 3,3% quando comparado com o mês anterior. O valor ficou 33,8% maior que o recebido em outubro de 2023, referente à produção entregue em setembro.
Apesar do preço pago ao produtor acumular avanço real de 36,4% desde o início de 2024, a média de janeiro a setembro deste ano – estimada em R$ 2,58 por litro – ficou 4,7% inferior à do mesmo período de 2023.
“A valorização do leite se explica pela maior competição dos laticínios e cooperativas na compra de matéria-prima. Isso porque a oferta vinha crescendo de forma lenta devido ao clima mais seco e aos estoques de lácteos em volumes abaixo do normal”, explicou a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol.
Com a valorização dos preços, houve aumento da captação no campo. Conforme o centro de pesquisa, mesmo com as adversidades climáticas, a captação de leite em setembro subiu 8,3% frente a agosto. “A elevação da captação foi possível devido ao aumento dos preços no campo, acompanhando a valorização dos lácteos”, explicou.
Aumento da oferta pode provocar queda no valor do leite em novembro
Apesar da alta do preço no pagamento de outubro, as estimativas apontam para uma possível redução dos valores no próximo pagamento. Isso porque os valores nas negociações no mercado spot – entre as empresas – na segunda quinzena de outubro recuaram. Além disso, os maiores preços e a retomada das chuvas podem favorecer a produção.
Há ainda a influência das importações. Conforme o Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite (CILeite), as importações brasileiras do produto e derivados registraram alta em outubro, se comparadas com o mês anterior, alcançando 203 milhões de litros equivalentes. O leite em pó foi o principal item importado.
No acumulado de 2024, a balança comercial de lácteos apresentou déficit de US$ 788 milhões, correspondente a 1.812 milhões de litros equivalentes.
De acordo com o CILeite, com base nas sinalizações do Conseleite, para o pagamento de novembro, é esperado recuo de 0,6% na média.
“O movimento altista pode não perdurar por muito tempo. O avanço da captação e o recuo nas cotações dos derivados e do leite spot a partir da segunda quinzena de outubro fortalecem a perspectiva de que os preços no campo referente à produção entregue em outubro possam apresentar viés de queda”, disse a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol.
Por Diário do Comércio
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