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Cavalo sempre presente em todas as fases 

Como toda adolescente que precisa de adrenalina, Veri Real abastecia seus sonhos no esporte em contato diário com os cavalos, companheiros imprescindíveis não só na coordenação, autonomia e desenvolvimento muscular, mas excelentes no engrandecimento da autoestima
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Cavalo sempre presente em todas as fases 
Veri Real e o seu cavalo Hortelã – Foto: Arquivo Pessoal

Não posso falar que tudo transcorreu de forma normal na minha pré-adolescência. Isso porque, geralmente, logo de cara já nos deparamos como uma fase potencialmente exigente, sensível, com muitos questionamentos e poucos freios para a ansiedade.

Mas, no meu caso, eram muitas atividades e tratamentos inacabáveis. Às vezes, quando chegávamos à fisioterapia, eu falava para a minha mãe: “Como é que a própria mãe tem coragem de levar a filha para sofrer?”.

Eu tinha muita vontade de ficar boa, claro, mas confesso que a essa altura já eram mais de nove anos passando por múltiplos tratamentos, e essa rotina estava pesada, se tornando repetitiva e exaustiva. Por mais boa vontade que eu tivesse, sentia o peso de tudo.  

Nessa época, fazia fisioterapia, natação, hidroterapia, psicopedagogia, terapia ocupacional, reforço escolar…ufa! Era realmente uma ‘pedrada’. Mas, para minha alegria, o cavalo nunca deixou de estar presente na minha vida.

Já comentei que minha mãe fez uma pista na fazenda para treinarmos o meu equilíbrio no cavalo?  Então, com todo o tempo, que era pouco, mas ainda sobrava para selar os cavalos e ir praticar novas manobras. Comecei a fazer baliza com minha égua, Hortelã, e fui descobrindo movimentos diferentes.

Com essa idade já era bem fácil controlar os movimentos, fazer as transições de velocidade e sentir também a resposta dos cavalos aos meus comandos. Eu ainda não tinha resolvido bem a que tipo de prova iria me dedicar.

Já tinha feito prova de varinha no chão e, para continuar no hipismo clássico era ter força nas pernas, o que realmente eu não tinha. Transpor obstáculos também dependia de levantar e sentar na sela, mas, infelizmente eu não conseguia fazer esse movimento. Resolvi tentar – além de tudo que já fazia – treinar para participar das provas de Andamento. 

Transpor o obstáculo da limitação é dar um salto para o sonho realizado 

Tinha na minha cabeça participar de provas, queria provar que nenhuma limitação nos impede de realizar os nossos sonhos. E, assim, comecei a treinar três vezes por semana o andamento de minha égua.

Aqui em minha cidade existe uma festa de peão realizada todo mês de julho e  depois de alguns meses treinando entrei em contato com a Associação Brasileira de Provas de Andamento de Equinos e Muares (ABPMEM), através de seu vice-presidente, o Sr. Nelson Rossetti.  Contei a ele sobre o meu sonho e assim o meu projeto foi aprovado.

Foi a primeira vez que uma paratleta participou de uma prova de Andamento. Eu me senti muito feliz, mas confesso que, assim como a prova de varinha no chão, a prova de Andamento era um pouco monótona. Eu ainda queria um pouquinho mais de adrenalina. 

Até aí, devido minha pouca idade, ainda não tinha muita certeza para onde minha carreira equestre se guiaria. A convivência com esses animais, além de me dar muita autonomia, era pra mim um tratamento. Eles foram me ajudando a desenvolver vários estímulos e a coordenação era um dos mais trabalhados.

Aprendi a escovar os cavalos, apertar a sela, minha mãe segurava o casco e eu o limpava, dava banhos depois dos passeios e treinos, enfim, cada detalhe dessa relação me fazia muito bem. Aprendi também a colocar o cabresto e para isso ficava de pé, encostada na parede.

Com isso, desenvolvia também o meu equilíbrio. Na verdade, cada detalhe desse relacionamento ia contribuindo para o meu desenvolvimento, e a alegria de me sentir útil e independente fazia muito bem à minha autoestima. 

PoVeri Real
Facebook: @paraatletaveri  | Instagram: @paratletaverireal | Site: http://paratletaverireal.com.br/

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