As exportações brasileiras de milho estão mais fracas em 2024, segundo afirmou o analista e consultor de Safras & Mercado Paulo Molinari, durante palestra no segundo dia da 7ª edição do Safras Agri Week, nesta quarta-feira (27).
Segundo Molinari, a Argentina está ganhando terreno no mercado de exportação, competindo de forma agressiva e reduzindo a demanda brasileira.
“Nesse cenário, as exportações de milho do Brasil no primeiro semestre podem se limitar a aproximadamente 1,5 milhão de toneladas, uma queda expressiva em relação às quase 6 milhões de toneladas exportadas no ano anterior”, diz.
Molinari afirma que o ambiente cambial segue girando entre R$ 4,80 e R$ 5,20 por dólar, mas se estiver abaixo de R$ 4,90 durante o ano, o produtor já deveria aproveitar a chance de comprar insumos e fertilizantes para 2025.
No âmbito interno, a mudança climática já está sinalizando a presença do fenômeno La Niña na primavera, o que poderá ocasionar atrasos nas chuvas, gerando especulação no mercado.
Com relação aos Estados Unidos, a perspectiva é de um clima normal para o plantio da safra de milho, entre maio e junho.
Para o verão, por enquanto, a tendência também é de um clima dentro do normal em grandes estados produtores, como Iowa e Illinois, o que não deixa espaço para grandes volatilidades no preço do cereal.
Molinari acrescenta que, mesmo com a instabilidade climática enfrentada pelos norte-americanos no último ano, a colheita do milho ainda assim foi recorde.
O consultor ressalta que, ao longo de 2024, o ambiente para o milho não é de altas sob o ponto de vista do produtor, tanto no Brasil quanto no cenário internacional.
Ele afirma que as chuvas recentes foram muito boas para a safrinha no Matopiba, em grande parte do Mato Grosso, em Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Apenas na região de Rondonópolis, no centro-sul de Mato Grosso do Sul e no noroeste do Paraná é que as lavouras não receberam boas chuvas nos últimos 30 dias. Nas demais, até agora, a situação em geral é boa para a safrinha.
Molinari informa que o Brasil deverá iniciar as colheitas de milho safrinha de forma precoce, em maio e junho e não de julho a setembro, como em anos anteriores, o que tira a pressão climática sobre as lavouras. Assim, o Brasil terá uma necessidade de exportar ao menos 45 milhões de toneladas de milho neste ano, sem que haja problemas de abastecimento, mesmo vindo a colher uma safra menor frente ao ano passado, apontada por Safras & Mercado em quase 126 milhões de toneladas.
No cenário internacional de preços, Molinari sinaliza que a Bolsa de Chicago passará a se orientar agora pelo tamanho da safra nos Estados Unidos e pelas variações no preço do petróleo, com a continuidade da guerra na Ucrânia, o que afeta a região do Mar Negro.
Ele destaca que os preços em Chicago estão mais próximos da média normal de US$ 3,80 e poderão chegar a patamares ainda mais baixos, o que vai depender do tamanho da safra norte-americana.
O viés é de uma redução da área de milho de 94,6 milhões de acres para 92 milhões de acres, levando em conta o sentimento dos produtores. Essa queda leva em conta a relação de troca mais favorável à soja no país neste momento frente ao milho.
“Se a área de milho dos Estados Unidos vier muito abaixo de 91 milhões de acres, poderá haver algum suporte nos preços. Do contrário, o cenário ainda seguirá baixista às cotações”, conclui.
Por Canal Rural
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