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Aquaponia ganha espaço nos sistemas integrados de produção

26 de abril de 2022

Com foco em questões sustentáveis e na geração de renda para produtores, a técnica da aquaponia pode ser integrada à piscicultura, agricultura e pecuária
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Aquaponia ganha espaço nos sistemas integrados de produção
A aquaponia ganha mais e mais adeptos nos últimos tempos, seja para produzir alimentos para consumo próprio ou para a comercialização – Foto: Divulgação

Há menos dois anos, o panorama da escassez hídrica veio acendendo sinal de alerta com maior frequência, especialmente em algumas regiões do Brasil e, particularmente, na maneira como se produz alimentos. A questão se mantém focada na melhor utilização de recursos naturais e na redução de emissão de poluentes. Daí a razão da aquaponia estar sendo cada vez mais aperfeiçoada e implantada em diversos sistemas de produção por aqui.

Vista por muitos como uma técnica alternativa para cultivo de plantas e criação de peixes, a aquaponia ganha mais e mais adeptos nos últimos tempos. Seja para produzir alimentos para consumo próprio ou para a comercialização. A prática é ainda pouco difundida em grande escala, mas, com certeza, tem muito a crescer e oferece forte potencial de expansão e traz benefícios para o agronegócio.

Não é preciso ser um grande produtor para iniciar o uso da técnica aquapônia em sua propriedade. O sistema, segundo o pesquisador da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), Thiago Freato, permite a produção de várias espécies de peixes, como tilápias, lambaris, peixes redondos, bagres e até mesmo peixes ornamentais. “Já no caso das espécies vegetais, o sistema é atrativo para folhosas, leguminosas, tubérculos, frutíferas e plantas ornamentais”, comenta o pesquisador que também avalia que é importante ouvir as demanda dos produtores e analisar o potencial caso a caso antes de implantar o sistema.

Ainda de acordo com o pesquisador, a aquaponia possibilita a produção de peixes e hortaliças em uma mesma água circulante, de forma que os efluentes da piscicultura, ricos em nutrientes que seriam descartados, são aproveitados para a produção de legumes e verduras. “Além disso, as plantas atuam como uma das etapas do sistema de filtragem, pois retiram o excesso de nutrientes da água e permitem a reutilização dentro do próprio sistema, de forma contínua. A aquaponia pode ainda ser desenvolvida em áreas urbanas ou periurbanas, reduzindo o custo com transporte e a pegada de carbono, além de propiciar alimentos mais frescos e seguros na mesa dos consumidores”, complementa Thiago Freato.

O pesquisador Giovanni de Oliveira (Epamig) lembra que a produção de peixes em sistemas aquapônicos resulta em redução drástica do uso de água, uma vez que há apenas 1% de taxa de renovação de água ao dia. Ainda com relação aos benefícios, ele destaca as possibilidades de otimizar insumos e diversificar os alimentos produzidos pelos produtores. E completa: “A utilização de efluentes dos peixes para a nutrição de hortaliças pode reduzir, ou mesmo eliminar, os gastos com insumos normalmente utilizados no preparo das soluções nutritivas. Esses insumos podem chegar a 30% do custo de produção de hortaliças em sistemas hidropônicos, por exemplo. Essa otimização de custos possíveis em sistemas aquapônicos significam economia e rentabilidade para os produtores”.

Ganhando mais adeptos nos últimos tempos, a aquaponia figura basicamente numa alternativa para cultivo de plantas, hortaliças e criação de peixes, seja para produzir alimentos para consumo próprio ou para a comercialização.

Para os técnicos do Senar-SP, esse tipo de sistema, de uma maneira bem simples, funciona na integração da criação de animais aquáticos produzidos em alta concentração, cujos excrementos (fezes, gás carbônico e amônia) e resíduos (restos de ração, escamas, peixes mortos e algas) servirão de alimento para microrganismos (bactérias do filtro biológico), os quais transformarão essa matéria orgânica, tóxica para os animais aquáticos em nutrientes para as plantas. A água circula por todo o sistema, proporcionando o desenvolvimento de ambas as culturas simultaneamente, de modo sustentável. Assim, o produtor que se utiliza da aquaponia produz hortaliças ao mesmo tempo em que cria peixes, o que também representa redução de custos.

A dica também, para quem quer saber mais sobre aquaponia, é acessar o site da Embrapa (www.embrapa.br › e-campo), que apresenta informações de projetos realizados sobre o tema e também cursos online para capacitação do sistema, com passo a passo, montagem e manejo – Aquaponia Residencial. 

Solução inovadora integra aquaponia e pecuária

Dentre as mais recentes notícias do Instituto de Zootecnia – IZ – está a proposta de um pacote tecnológico para o setor produtivo, economicamente viável e sustentável. Trata-se do primeiro sistema de produção animal que integra piscicultura de recirculação e aquaponia à pecuária. O sistema foi batizado de Aquapec e funciona com os resíduos da piscicultura intensiva (produção de pescado em tanques de recirculação de água), que são aplicados na produção de grãos e forragens que servirão de alimentação aos animais.

A cria de bezerro com forragem aquapônica de alta qualidade otimiza o uso da água e de fertilizantes convencionais, minimizando os impactos ambientais.

Acreditando que esse é o caminho da produção sustentável, o IZ de Ribeirão Preto, que pertence à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), mantém em sua unidade de pesquisa no interior paulista, a fazenda modelo e centro de difusão de tecnologias Aquapec, o primeiro sistema de cria e recria de bovinos, que integra a piscicultura intensiva de recirculação, à lavoura, pecuária e florestas.

A equipe de pesquisadores científicos do IZ  explica que essa integração de sistemas vai englobar a produção de forragem aquapônica de alta qualidade, produção de pescado com recirculação de água, Aproveitamento do resíduo orgânico para fertirrigação, cria de bezerro (as) com forragem aquapônica de alta qualidade, recria de novilho (as) em sistema de integração lavoura, pecuária e floresta, redução do uso de fertilizantes minerais.

Fonte: Redação MAB

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