As transformações na piscicultura brasileira ocorrem em ritmo acelerado. E em 2024 não foi diferente. A atividade superou adversidades e aproveitou oportunidades para avançar, fechando mais um ano com crescimento da produção de peixes de cultivo.
Entre os desafios, destaque indiscutível à ameaça de importação de tilápia do Vietnã. Após intenso diálogo da Peixe BR com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a operação foi suspensa para que fossem analisados todos os riscos envolvidos. Foi um primeiro trimestre de apreensão para todos os elos da tilapicultura nacional.
Aliás, não foi um ano de bons preços da tilápia aos produtores, como comprova o Indicador do CEPEA. O aumento expressivo do alojamento em 2023 pressionou o mercado em 2024. Resultado: oferta superior à demanda e redução das cotações – movimento que se manteve até o encerramento do ano. A boa notícia é que em relação aos peixes nativos observou-se movimento inverso, com baixa oferta e melhoria dos preços pagos ao produtor, principalmente no segundo semestre.
Indiscutivelmente, o crescimento das exportações de tilápia, com volumes e valores recordes, deve ser comemorado. O Brasil tornou-se o segundo maior exportador de filé fresco para os Estados Unidos (em 2023 erámos o 4º).
Além do dólar forte em relação ao real, o salto nas vendas internacionais foi em parte influenciado pela ação de desburocratização empreendida pela Peixe BR juntamente com o MAPA e o FDA: a suspensão da exigência do CSI (Certificado Sanitário Internacional) para exportação de pescado para o mercado dos Estados Unidos. Essa decisão envolve menos burocracia e significa mais competitividade.
Importante destacar, também, o intenso movimento dos negócios na piscicultura, especialmente nos três últimos meses de 2024. Ocorreram aquisições de empresas e investimentos por empresas líderes, que demonstram confiança na atividade, mesmo em um ambiente de desafios, como os preços pagos ao produtor de tilápia.
As expectativas são positivas para 2025. Esperamos novidades em relação à regulamentação da produção de peixes de cultivo no Brasil, sem dúvida uma das mais complexas do mundo. Esperamos avanços no Projeto de Lei 4.470/2024, do Senado, que estabelece a extinção do RGP (Registro Geral da Pesca) e a Licença de Aquicultor, além da criação da atividade aquícola, haja vista que pela regulamentação atual (Lei 11.959/2009) o setor é parte da atividade pesqueira.
O ano também traz consigo um velho mas essencial desafio: conhecer, valorizar e investir no mercado consumidor. Mais do que nunca é preciso conhecer mais para vender mais, além de estar em novos pontos de venda, desenvolver novos produtos. A oportunidade é imensa para a tilápia, os nativos e outras espécies. Só depende de nós.
Francisco Medeiros, pres. da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR)
Por Peixe Br
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