Os rumos da pecuária de corte e os desafios de um mercado global em transformação estiveram no centro do workshop “Carne Angus e Ultrablack: Certezas e incertezas em um cenário volátil”, promovido pelo Núcleo Sudeste de Angus, durante a 19ª Exposição de Curral Angus e Ultrablack e a 99ª Expofeira Pelotas. A atividade foi ministrada por Alcides Torres e Pedro Henrique Gonçalves, integrantes da equipe de inteligência de mercado da Scot Consultoria, referência nacional em análise do setor, com mediação de Luiz Roberto Saalfeld, proprietário do Frigorífico Coqueiro, e Taulni Francisco Santos da Rosa, gerente executivo da Minerva Foods.
Durante o encontro, realizado na Associação Rural de Pelotas, os especialistas apresentaram um panorama sobre a produção e exportação de carne bovina, destacando que a China segue sendo o principal destino das exportações brasileiras. Os palestrantes ressaltaram que, apesar da previsão de recorde produtivo em 2025, com expectativa de quatro milhões de carcaças, apenas 30% da produção gaúcha é destinada à exportação, o que demonstra o potencial de expansão do Rio Grande do Sul sem necessidade de aumento do rebanho. “O Estado é referência em manejo e tecnologia, e pode alavancar sua produção de carnes de forma sustentável”, destacaram.
Desafios climáticos e resiliência da pecuária
Outro ponto debatido foi a influência dos fatores climáticos, como La Niña e períodos de seca, que impactam diretamente a produtividade, independentemente dos bons indicadores econômicos. Os especialistas também observaram que, enquanto países da União Europeia e os Estados Unidos contam com maior suporte governamental ao produtor, no Brasil a pecuária é uma das atividades que mais sente as variações de mercado.
Consumo global favorece o Brasil
A equipe da Scot Consultoria destacou que o consumo mundial de carne bovina tem superado a produção, o que cria um ambiente positivo para o Brasil, país com alta eficiência produtiva e capacidade de atender tanto o mercado interno quanto o externo. O sistema de produção brasileiro, segundo os palestrantes, é tecnicamente avançado, mas ainda carece de melhor comunicação e valorização da imagem no mercado internacional. “Temos um sistema de produção muito bom, mas ainda somos ruins em divulgar isso”, reforçou Torres, apontando que o Rio Grande do Sul serve de inspiração para outros estados na busca por eficiência e sustentabilidade.
Angus como motor de crescimento
O presidente da Associação Brasileira de Angus e Ultrablack, José Paulo Cairoli, destacou o papel da raça como protagonista do desenvolvimento da pecuária nacional. “Cada vez que participo dessas palestras, mais acredito na força da raça Angus. Somente a Angus poderá fazer o país crescer na exportação, pois não há outra raça que tenha esse potencial e isso depende de nós. A Associação tem trabalhado fortemente no incentivo aos touros nacionais, porque entendemos que temos um papel importante em valorizar o que é nosso”, afirmou Cairoli.
Já o presidente do Núcleo Sudeste de Angus e Ultrablack, Daniel Mello, ressaltou a importância do workshop como forma de difundir conhecimento e fortalecer a imagem da raça. “Promover um encontro técnico como este é essencial para dar à raça Angus a projeção e a valorização que ela merece. É um espaço de troca de conhecimento e de fortalecimento da cultura da pecuária de qualidade que o Rio Grande do Sul tem orgulho de representar”, destacou.
Por Ascom Associação Brasileira do Angus
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