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Agro no Brasil é um presente para o futuro

22 de abril de 2022

Mesmo em meio a crises, ninguém segura o poder do agronegócio brasileiro em criar, produzir e gerar oportunidades
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Agro no Brasil é um presente para o futuro
Produtores rurais têm histórias de desenvolvimento para fazer o agro despontar cada vez mais – Foto: aleksandarlittlewolf/Freepik

Gosto de pensar que o agronegócio brasileiro é uma dádiva, porque encerra em si tantas importantes vertentes que refletem no mundo todo e, ao mesmo tempo, influencia diretamente o dia a dia de cada um de nós aqui no país. Se olharmos as várias análises sobre esse setor gigante, vamos encontrar números espetaculares que de uma maneira real apontam para um sólido crescimento e, sem dúvida, mostram o desenvolvimento da nossa agropecuária. No entanto, existe nesse cenário todo muito mais que números, há muito trabalho, busca e empenho. Cada produtor rural tem sua história de desenvolvimento, assim como cada empreendedor se pauta em diferentes motivações; tudo para fazer o agro despontar cada vez mais.

Pelo lado da Economia vamos encontrar crescimento de 8,36% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro (em 2021), destacando-se o segmento primário e o de insumos – com aumentos de 17,52% e 52,63%, respectivamente. O PIB também cresceu para os outros dois segmentos, 1,63% para a agroindústria e 2,56% para os agrosserviços. O PIB do ramo agrícola avançou 15,88% de 2020 para 2021, e o PIB do ramo pecuário recuou 8,95%.

Cada segmento do setor possui sua parcela de contribuição para a exteriorização de nossa economia junto ao contexto mundial. E tudo seguia em frente! Aí, nestes dois últimos anos, nos deparamos com uma pandemia, geradora de crise e insegurança em diversos setores. No momento em que se avolumavam as pesquisas e ações de tecnologia e sustentabilidade não só no agronegócio nacional, mas no mundo inteiro, o planeta se viu diante de uma grave questão de saúde, sinal vermelho indicando parada brusca para pensar em sobrevivência.

A impressão que se tem é de que essa ‘girada no eixo’ alterou as premissas de valores econômicos e valores morais, com o senso de fraternidade vindo à tona. Mas, quando citei a questão do agronegócio ser uma dádiva, me referi justamente à postura do Brasil em plena crise. Na mais humilde das avaliações, o agro do Brasil não apenas se “sustentou” com firmeza como se configurou em um “porto mais seguro” para, em muitos setores, contribuir com o resto do mundo.

Começamos o ano de 2022 prontos para resgatar o equilíbrio produtivo e econômico diante dos efeitos de uma crise, e veio a guerra entre Rússia e Ucrânia, surtindo outras preocupações e novos motivos para equalizar problemas no campo e na indústria e comércio.

O Agro de hoje tem oportunidades mesmo em meio às crises mundiais

Não se trata de otimismo, mas de realidade, e quem comentou recentemente sobre essa questão foi Marcos Jank, professor especialista em agronegócio global, palestrando sobre geopolítica do agro e tendências dos mercados no Parecis SuperAgro, no final de março, em Mato Grosso. O tema central abordado foi ‘Agro tem oportunidades mesmo em meio à crise mundial’.

“Tivemos muitas alterações nestes últimos três anos que impactaram em energia, agricultura, minerais e fertilizantes. Por meio de informações sobre preços e custos de produção, busco verificar se toda essa crise não gera oportunidades para o Brasil”, disse Jank. O especialista acredita que, apesar de a Rússia ser o principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil, o momento não é de preocupação com a falta do produto. “Não temos problema de bloqueios. Há, sim, demora na entrega do produto pela alta demanda, mas os produtores já vinham diminuindo a utilização por causa da alta nos preços”.

E para corroborar no assunto, o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, disse que o Brasil demanda 12 milhões de toneladas de cloreto de potássio. Em um cenário hipotético de agravamento da guerra e com a impossibilidade de importar o fertilizante, ainda há reserva no solo de duas a três milhões de toneladas, por causa da quebra de safra ocorrida no último ciclo. Desta forma, a necessidade brasileira ao mercado russo seria de 2,5 milhões de toneladas.

Apesar das sucessivas crises mundiais, o agronegócio se saiu bem nos últimos anos, segundo análise de Jank. “Os preços internacionais subiram bastante após a pandemia. Tivemos desvalorização cambial, os estoques mundiais estavam baixos e a demanda asiática, firme. Tudo isso foi boa notícia para quem exporta, principalmente na região do Parecis, que é fortíssima em soja, milho e algodão”, explicou.

Mesmo com preços remuneradores, os produtores rurais perceberam a alta significativa nos custos de produção, em itens como maquinários, suprimentos, produtos como glifosato e fertilizantes. “Já havia um certo desequilíbrio entre oferta e demanda nesse setor. Com a guerra, isso se agravou, mesmo com preços bons. A volatilidade dos preços sempre foi o grande problema da agricultura e acredito que é preciso se precaver”, afirmou.

Para o especialista, apesar do cenário positivo para o agro nos últimos anos, é preciso que o produtor continue tendo cuidado com os custos de produção, para não ficar sem liquidez. Outros pontos como comercialização e questões regulatórias demandam atenção.

Em relação à China, Jank disse que é um “casamento inevitável”. “A China é a responsável pelo grande crescimento da soja, do milho, do algodão, do açúcar, da carne bovina e da carne de frango aqui no Brasil porque é a principal demandante destes produtos”, informou.

Em 2020, a exportação brasileira do agronegócio foi de US$ 120 milhões, metade do total das exportações nacionais, e 40% foi para a China. A Ásia segue sendo o foco das exportações brasileiras, afirmou Marcos Jank, e apontou que 60% das exportações do agronegócio brasileiro irão para China, Sudeste asiático e Oriente Médio.

Há que se conquistar, a médio prazo – algo em torno de 20 anos, o mercado indiano, que tem uma população jovem e, em sua maioria, rural. Em um prazo mais longo, cerca de 40 anos, a África poderá ser um potencial mercado. “Demanda potencial há, mas a demanda real é a China. E o questionamento que faço é se temos acesso a esses mercados. Nós conhecemos o mercado, mas eles não conhecem o Brasil, é preciso melhorar nossa imagem na região”, disse Jank.

O especialista citou ainda os países que serão protagonistas no agronegócio mundial: países da América do Sul, não só do Mercosul, os Estados Unidos, a Rússia e o Leste Europeu. “O Brasil tem um grande potencial que é o crescimento da produtividade sem avançar em áreas de floresta. O fenômeno da década é a Integração Lavoura-pecuária (ILPF), vantagem que temos sobre os Estados Unidos, que não conseguem trabalhar desta forma em seu território”, disse.

Para resumir a ideia, para quem gosta de tecnologia, pesquisa, agricultura, pecuária e sustentabilidade, o Brasil e o seu Agro são verdadeiros presentes. Para aqueles que são mais afeitos aos números, produção e exportação, aí está o agronegócio brasileiro que não para nunca de crescer.

Fonte: Redação MAB

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