Açaí vive momento decisivo: estudo do Amazônia 2030 revela desafios e oportunidades para o fruto símbolo da bioeconomia

5 de novembro de 2025

Produção cresce 68% em oito anos e exportações alcançam US$ 140 milhões, mas gargalos logísticos, trabalhistas e ambientais ameaçam a liderança do Pará no mercado global
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Açaí vive momento decisivo: estudo do Amazônia 2030 revela desafios e oportunidades para o fruto

Um novo estudo do projeto Amazônia 2030 lança luz sobre o crescimento e os desafios do setor de beneficiamento e exportação do açaí na região amazônica. O relatório, intitulado “Mesas Executivas de Exportação: O Panorama do Açaí”, revela que o fruto símbolo da bioeconomia amazônica vive um momento decisivo, marcado por expansão acelerada, valorização internacional e riscos crescentes que exigem coordenação entre produtores, governo e sociedade civil.
 

Produzido pelos pesquisadores Salo Coslovsky, Manuele Lima e Amanda Martins, o estudo servirá de base para a criação da Mesa Executiva de Beneficiamento do Açaí, uma iniciativa articulada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade do Pará (Semas-PA). Segundo o levantamento, o Brasil produziu 1,93 milhão de toneladas de açaí em 2023, um aumento de 68% desde 2015. A produção industrial de polpas cresceu 17 vezes em uma década, impulsionada pela forte demanda nacional e internacional. Em 2024, as exportações do produto atingiram US$ 140 milhões, com o açaí brasileiro presente em mais de 30 países.
 

O Pará, responsável por cerca de 80% da produção nacional, mantém sua liderança concentrada no entorno de Belém e do arquipélago do Marajó. Essa concentração gera vantagens competitivas, mas também expõe o setor a riscos logísticos, trabalhistas e ambientais, que podem comprometer sua sustentabilidade a longo prazo.
 

Oportunidades e desafios no setor do açaí

O estudo identifica três oportunidades estratégicas para o futuro do setor:

  • Aumentar a produtividade agrícola, hoje em torno de 7 toneladas por hectare no Pará, podendo chegar a 15 toneladas com manejo tecnificado;
  • Ampliar a fatia exportadora, que representa apenas 2,5% a 4,5% da produção total;
  • Fortalecer a coordenação entre produtores, reduzindo custos, melhorando a qualidade e protegendo o mercado da concorrência de países como Colômbia, Peru e Equador, que avançam rapidamente nesse segmento.

Ao mesmo tempo, o relatório aponta seis desafios estruturais que precisam ser enfrentados:

  1. Condições de trabalho precárias, que ameaçam o acesso a mercados premium;
  2. Pressões ambientais ligadas à “açaização” de grandes áreas;
  3. Lacunas regulatórias que geram insegurança tributária e sanitária;
  4. Ausência de monitoramento de safra, dificultando o planejamento produtivo;
  5. Necessidade de inovação tecnológica, do campo ao beneficiamento;
  6. Redução do acesso da população local ao fruto, pressionado pela alta dos preços.

“O setor construiu, ao longo das últimas décadas, uma posição de liderança baseada em vantagens naturais e conhecimento acumulado. Mas transformar esse sucesso em uma diferenciação sustentável exige ação coletiva”, afirma Salo Coslovsky, pesquisador do Amazônia 2030. “A Mesa Executiva pode coordenar esforços, definir padrões de qualidade e consolidar o açaí como referência global em produto florestal sustentável.”

Para baixar o estudo na íntegra, clique aqui.

Sobre o Amazônia 2030.


O Amazônia 2030 é uma iniciativa conjunta do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e do Centro de Empreendedorismo da Amazônia, em parceria com a Climate Policy Initiative (CPI) e o Departamento de Economia da PUC-Rio, conduzida por pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano de ações para a Amazônia. Seu objetivo é apontar caminhos para que a região dê um salto de desenvolvimento econômico e humano, mantendo a floresta em pé, nos próximos dez anos.

Por Ascom Amazonia 2030

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