O Brasil pode (e deve) ser líder em sistemas agrivoltaicos

30 de outubro de 2025

Modelo que combina geração elétrica e agricultura no mesmo terreno já tem mostrado resultados expressivos ao redor do mundo.
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O Brasil pode (e deve) ser líder em sistemas agrivoltaicos

A energia solar está transformando a forma do manejo no campo brasileiro. Com ampla incidência solar e um agronegócio consolidado, o País reúne as condições ideais para se tornar referência global em sistemas agrivoltaicos. A integração é a combinação da geração de eletricidade por meio de painéis solares com o cultivo agrícola no mesmo ambiente. Mais do que isso, a sombra dos painéis colabora para alguns tipos de cultura que não podem passar o dia todo sob sol. Nesta quarta-feira (29), último dia de Intersolar Summit Brasil Sul 2025, em Porto Alegre, o público acompanhou o painel especial sobre o tema. 

O modelo já tem mostrado resultados expressivos em países como Alemanha, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão e França. O Brasil, por sua vez, desponta como um terreno fértil para expandir essa tecnologia. A gerente de Novos Negócios SunR Reciclagem Fotovoltaica, Laís Cassanta Vidotto, faz um comparativo, entre a Alemanha, referência no tema. “O Brasil é 24 vezes territorialmente maior que a Alemanha e tem um potencial global de irradiação horizontal [quantidade total de energia solar] de 2.100kwh/m²/ano enquanto eles têm apenas a metade desse potencial. O ganho não é só econômico. Pode promover fixação de população em área rural, mais resiliência para uma determinada comunidade e impactar positivamente o ambiente local”, salienta. 

Os sistemas agrivoltaicos reforça o papel estratégico do agronegócio na transição energética global.

A palestrante pondera, no entanto, que a falta de diretrizes e regulação nacional, aliada aos problemas de custo de investimento e manutenção, especialmente para agricultura familiar, pode ser um entrave para o desenvolvimento do sistema no País. “O baixo poder de investimento dos pequenos produtores rurais, aliado ao nível de instrução no campo é um desafio. Faltam normas específicas, além de profissionais especializados com conhecimento técnico na área para auxiliar com dados sobre cultura agrícola e de animais”, diz. 


Produção de alimentos e energia limpa

 Hoje, é possível encontrar painéis fotovoltaicos alimentando bombas de irrigação, sistemas de refrigeração de alimentos, cercas elétricas e até estufas inteligentes. Com painéis fotovoltaicos estrategicamente posicionados sobre as lavouras, é possível gerar eletricidade sem competir por espaço com a produção agrícola. Essa convivência harmoniosa traz benefícios múltiplos: reduz o impacto do sol direto sobre as plantações, melhora a eficiência no uso da água e aumenta a produtividade em determinadas culturas. É o que destaca o diretor do Laboratório de Energia Solar Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Ricardo Rüther. 

“Os painéis solares vieram para ajudar o agricultor. E não para competir com o espaço que seria de um pé de alface, por exemplo. O alface necessita de 5 a 6 horas diárias de sol. Em alguns locais a incidência solar chega a 11 horas diárias, e as placas auxiliam no manejo correto da iluminação no campo. Não adianta nada ter energia e estar de barriga vazia”, exemplifica ele. 

Por Ascom InterSolar

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