As preocupações com o clima nas regiões produtoras de milho do Brasil e dos Estados Unidos têm impulsionado as cotações do cereal, visto que as recentes geadas e as previsões de uma nova frente fria no BR e o clima seco e quente nos EUA podem reduzir o potencial produtivo das lavouras.
Com esse cenário, vendedores brasileiros estão reticentes em negociar a preços menores, reduzindo a liquidez interna. Além disso, segundo colaboradores do Cepea, os produtores no Brasil estão focados na colheita da segunda safra 2020/21, que segue atrasada em relação à temporada anterior em todas as regiões produtoras. Assim, agricultores priorizam as entregas dos lotes negociados antecipadamente, aguardando o avanço da colheita para contabilizar possíveis perdas de produtividade.
Do lado dos consumidores, uma parte tem optado por aguardar as entregas e/ou um maior volume colhido para retornar aos negócios. No entanto, os que não têm mercadoria para o curto prazo têm aceitado os patamares pedidos por vendedores, que, em alguns casos, superam R$ 100/saca de 60 kg.
Em Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa avançou 2,7% entre 16 e 23 de julho, indo a R$ 99,99/sc de 60 kg na sexta-feira, 23, o maior valor nominal desde 31 de maio deste ano. De 1º a 23 de julho, o Indicador já acumula alta de 11,6%. Fonte: Cepea (www.cepea.esalq.usp.br)
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu novo boletim semanal de acompanhamento de safras e os números vieram com uma correção para baixo no índice de lavouras de soja, milho e trigo em boas ou excelentes condições, enquanto o mercado esperava por uma manutenção nos números.
O índice de lavouras de trigo em boas ou excelentes caiu ainda mais e passou de 11% para apenas 9% na semana, contra 10% da semana anterior. No ano passado o índice era de 70%. 3% da área de trigo de primavera já foi colhida nos EUA.
No milho o USDA também trouxe uma correção nos números para baixo, com 64% das lavouras em boas ou excelentes condições, contra 65% da expectativa e da semana anterior. No ano passado, neste período, eram 72%. 26% dos campos de milho estão em condições regulares, mesmo número da semana passada, e em situação ruim ou muito ruim passando de 9% para 10%.
São 79% das lavouras do cereal na fase de embonecamento, contra 56% da semana passada, 79% de 2020 e 73% de média. Há ainda 18% das lavouras na fase de enchimento de grãos, contra 8% da semana anterior, 20% de 2020 e 17% da média.
Amplas geadas devem atingir várias regiões nos próximos dias
De acordo com o agrometereologista da Rural Clima, a previsão para quinta (29/07) e sexta (30/07) é a de amplas geadas e com risco igual ao da semana passada em regiões produtoras do Brasil. Mais uma massa de ar polar.
Já na segunda feira (26/07), noticiava-se uma semana marcada pelas chuvas e pelo frio no Brasil. As chuvas estavam concentradas nas regiões central e leste do Rio Grande do Sul, por conta da passagem de uma frente fria, e avançaram na terça-feira para o norte gaúcho, Paraguai, Santa Catarina e metade sul do Paraná.
Segundo a Rural Clima, entre a noite de terça-feira (27) e de quarta-feira (28), o sistema avança para o Atlântico e vai deixar região norte do Paraná e sul e leste de São Paulo com chuvas. Na quarta-feira, há previsão de chuvas em áreas produtoras do Paraná, sul e leste de São Paulo, bem como há possibilidade de precipitações no extremo sul de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Nas demais regiões clima seguirá aberto e com grande amplitude térmica.
A expectativa é de que a frente fria passe por São Paulo na quarta-feira e o tempo abra, sem que haja novas chuvas, com um declínio da temperatura .Após a passagem da frente fria, uma massa de ar polar ingressará no Brasil a partir de quarta-feira, provocando geadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Na quinta-feira (29) o frio será mais intenso e deve haver geadas amplas nos estados do sul do Brasil. Já na sexta-feira (30), a massa de ar polar avança sobre São Paulo leva frio mais extremo ao estado, que pode chegar ao sul de Minas Gerais. Não está descartada a possibilidade de geadas amplas novamente no Paraná e em São Paulo, atingindo cana, café, laranja, entre outras culturas.
Fonte: Cepea, USDA, Rural Clima
Foto: Divulgação
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