Os setores que prestam serviços a atividades agropecuárias, desde o campo até indústrias que processam a produção rural, foram os principais responsáveis pelo crescimento da ocupação no agronegócio, elevando o total de pessoas ocupadas nesta área ao seu nível mais elevado desde 2012, quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passou a ser divulgada em sua versão mais recente.
Trabalhados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os dados da pesquisa registravam um total de 28,559 milhões de trabalhadores ocupados no agronegócio brasileiro no primeiro trimestre deste ano, o equivalente a 26,85% do total de pessoas com algum tipo de ocupação em toda a economia.
Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, quando o setor havia gerado quase 27,849 milhões de ocupações, registrou-se uma variação de 2,6%, o que significou a abertura de 710,671 mil vagas, incluindo trabalhadores que atuam exclusivamente na produção destinada ao próprio consumo com base em dados de 2022 do próprio IBGE. Na mesma comparação, o número de ocupados em todo o País chegou a experimentar recuo de 0,7%, deixando o total de trabalhadores com alguma forma de ocupação em 106,362 milhões (somando também aqueles ocupados na produção de alimentos para autoconsumo, num ajuste feito pelo Cepea).
Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a ocupação total anotou variação de 2,3%, correspondendo à criação de praticamente 2,378 milhões de vagas, das quais em torno de 34,8% foram abertas pelo agronegócio, correspondendo a 826,568 mil empregos novos diante de 27,733 milhões de ocupados nos primeiros três meses de 2023, numa variação próxima a 3,0%. A participação do agronegócio na ocupação total, que havia recuado de 26,67% para 25,99% entre o primeiro e o último trimestres do ano passado, voltou a se aproximar de 26,9% conforme registrado inicialmente.
Peso dos serviços do agro
Em torno de 90,3% dos novos empregos abertos no agronegócio na passagem do quarto trimestre do ano passado para o primeiro deste ano vieram do segmento de “agrosserviços”, na definição do Cepea, atividade que incorpora trabalhadores em transporte, no armazenamento e no comércio de produtos agropecuários, máquinas, equipamentos e insumos, além de serviços jurídicos, administrativos e contábeis prestados ao campo e às empresas associadas à produção de grãos, carnes e laticínios.
O número de trabalhadores no segmento saiu de 9,990 milhões para quase 10,632 milhões, em alta de 6,4% no período, correspondendo a 641,375 mil ocupações adicionais. Em 12 meses, os “agrosserviços” bancaram praticamente sozinhos todo o crescimento da ocupação no agronegócio, abrindo 961,893 mil vagas além das quase 9,670 milhões ocupações registradas no trimestre inicial de 2023.
Balanço
Além dos serviços ligados a atividades agropecuárias, apenas a agroindústria teve participação mais relevante na criação de empregos, com o total de ocupados no setor passando de 4,452 milhões para aproximadamente 4,602 milhões entre o primeiro trimestre do ano passado e igual período deste ano, com abertura de 149,179 mil ocupações, numa elevação de 3,4%. O setor de insumos, que empregava 291,249 mil pessoas nos três primeiros meses deste ano, criou 3,877 mil ocupações em 12 meses, correspondendo a uma variação de 1,3%.
Mas o setor primário de produção, ao contrário, fechou 288,381 mil vagas desde o primeiro trimestre de 2023, reduzindo o total de ocupados em 3,5% no período, para um total de 7,998 milhões de trabalhadores. A agropecuária, da porteira para dentro, reduziu sua participação no número de ocupados no agronegócio de 29,88% no trimestre inicial do ano passado para 28,01% em igual período deste ano.
Foram fechadas 212,663 mil ocupações na agricultura, enquanto a pecuária demitiu 75,717 mil trabalhadores na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, correspondendo a quedas de 3,9% e 2,7% respectivamente. Na visão do Cepea, a queda nos preços recebidos por produtores e pecuaristas levou a uma redução das margens de lucratividade, afetando, como consequência, “suas decisões de investimentos e de contratação”.
A série histórica, observa ainda o centro de estudos, mostra uma retração de 19,3% na mão de obra ocupada pela agropecuária em 12 anos, com o total de trabalhadores ocupados caindo de 10,230 milhões em 2012 para 8,250 milhões no ano passado na média anual, com a demissão de aproximadamente 1,980 milhão de trabalhadores.
Em alguma medida, analisa o Cepea, o comportamento observado no setor primário da produção agropecuária parece refletir o processo de mecanização nesta área, tornando a atividade mais intensiva em capital e, portanto, “liberando” mão de obra para os demais setores da economia. Como uma das consequências desse processo de intensificação, o centro de estudos registra uma elevação nos níveis de escolaridade do pessoal ocupado em todo o setor.
Os trabalhadores com ensino médio e superior, completo ou incompleto, no levantamento do Cepea, passaram a representar 55,7% do total de ocupados em todo o agronegócio, diante de uma participação ligeiramente inferior a 53,6% no primeiro trimestre do ano passado. Em números absolutos, aquelas duas categorias passaram a somar 15,909 milhões de trabalhadores, frente a 14,854 milhões no início de 2023, com alta de 7,10% (ou seja, mais 1,055 milhão de ocupados).
Aqueles sem instrução e com formação completa ou incompleta no ensino fundamental reduziram sua fatia de 46,4% para 44,3% em idêntico período, recuando de 12,878 milhões para menos de 12,650 milhões, num recuo de 1,77% (228,215 mil trabalhadores a menos).
Por O Hoje.com
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