Irrigação já é considerada a quarta revolução agrícola do Brasil

20 de abril de 2022

Evento realizado em Campinas mostrou que a irrigação tem papel crucial para a agricultura brasileira
Compartilhe no WhatsApp
Irrigação já é considerada a quarta revolução agrícola do Brasil
Tecnologia de irrigação garante segurança ao produtor, reduzindo os impactos climáticos com o uso racional da água – Foto: Wirestock/Freepik

Um estudo divulgado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) afirma que o Brasil está entre os 10 maiores países que praticam a irrigação no mundo, tendo quase 7 milhões de hectares (Mha) irrigados e previsão de expansão para mais 45% até 2030. A média de crescimento estimado corresponde a pouco mais de 200 mil hectares ao ano, enquanto o potencial efetivo de expansão da agricultura irrigada aqui é de 11,2 Mha. Esses números não mentem e tornam a prática fundamental para a produção de alimentos no mundo.

Além de garantir segurança ao produtor, reduzindo os impactos climáticos, a irrigação ainda é um importante instrumento no uso racional da água. Suas tecnologias possibilitam irrigar apenas no momento e lugar certo com a quantidade necessária para que a planta não tenha estresse hídrico gerando economia do recurso e maior produtividade da lavoura.

Em um evento com revendedores e distribuidores na cidade de Campinas, SP, Eduardo Navarro, diretor geral da Lindsay do Brasil, afirmou que, por todos esses benefícios, a irrigação tornou a quarta revolução agrícola do país. “É o advento da agricultura de irrigação, a única tecnologia hoje capaz de agregar de 20% a 40% de produtividade, possibilitando até cinco safras a cada dois anos”, afirma.

Segundo Navarro, a primeira grande revolução no agro foi o calcário, já que o insumo foi o principal responsável pela recuperação de áreas degradadas. Os produtores passaram a fazer uso do produto para alcançar níveis maiores de produtividade.

Na sequência veio o plantio direto, que protegeu o solo da degradação, ou seja, conseguiu manter uma unidade e proteção na seca, isso também aumentou muito a produtividade. A técnica também foi responsável pela redução de custo de máquinas, afinal não era mais necessário gradear ou arar a terra para poder plantar.

Em seguida, veio a biotecnologia que agregou muita produtividade, reduzindo o uso de inseticidas e herbicidas, soja e milho geneticamente modificados trouxeram muito mais produtividade e redução de custo para o produtor.

Logo, surge a irrigação como a quarta revolução. De acordo com o Atlas da Irrigação (ANA), o Brasil tem 8,2 milhões de hectares irrigados; a participação desta técnica no valor da produção agrícola pode chegar a 100% em muitos municípios brasileiros e, em alguns deles, o valor total da produção agrícola é de centenas de milhões de reais. A produtividade de um cultivo irrigado supera de duas a três vezes o cultivo sem irrigação. Há a possibilidade de aumento da área irrigada brasileira em 55,9 milhões de hectares e aí surge a questão, quanto deixaríamos de produzir sem a prática, ou ainda, quanto deixaremos de produzir se não aumentarmos a área irrigada?

Consultor de agronegócio e um dos palestrantes no encontro, José Luís Coelho, destaca que estamos vivendo um momento de transição que será um grande divisor de águas para a agricultura brasileira. Para ele, se olharmos para a competitividade que temos no agronegócio brasileiro em relação às outras regiões do mundo, devido aos fatores naturais, fica evidente que já saímos em vantagem pelo fato de estarmos em uma agricultura tropical onde 70% da nossa área consegue fazer duas safras por ano, coisa que nenhum outro país no mundo consegue.

No entanto, o consultor frisa que ainda não é o suficiente e precisamos crescer ainda mais. “O mundo deve chegar em 2050 com aproximadamente 10 bilhões de habitantes e para isso precisaríamos aumentar em 75% a produção de alimentos que existem no planeta. E só tem dois lugares no mundo que é possível fazer isso: na África e na América do Sul”, disse o consultor.

Irrigação e o aumento de produtividade

Enquanto a África, devido aos problemas sociais e outros entraves, ainda tende a ter dificuldade, na América do Sul, o Brasil utiliza apenas 9% do seu potencial agrícola para fazer essa expansão. “Com isso esse crescimento mundial passa por aqui, será de forma verticalizada e a irrigação tem um grande diferencial, pois é a única tecnologia onde é possível aumentar em algumas culturas até 100% da produtividade”, destacou Coelho. “Com isso vejo de forma muito otimista, pois o agronegócio brasileiro já é o futuro e a irrigação é o principal elemento desse futuro”, acrescentou.

Olhando para o futuro

“Somos o futuro” foi o tema central do encontro que reuniu 21 distribuidores que abrangem uma área de atendimento de 28 regiões. A escolha da temática representa muito o quanto a empresa se preparou e onde quer chegar.

De acordo com Giovana Simioni Calazans, responsável pela área de supply chain, especialmente nestes dois últimos a empresa tem se dedicado às melhorias de processos internos, visando garantir o abastecimento de matérias primas nas melhores condições aos clientes. “A pandemia foi um dos momentos mais críticos para nossa área, eu acredito que a gente nunca enfrentou uma crise tão grave, mas dentro da Lindsay nos preparamos, nos dedicamos muito e não desistimos em nenhum momento”, lembrou.

Uma das estratégias foi manter o foco e buscar novas parcerias. Além disso, se concentraram nas melhores alternativas de abastecimento, trabalhando uma política muito intensa de estoque de segurança e também contratos firmes junto aos fornecedores para que pudessem manter a operação rodando, garantindo atendimento a todos os clientes.

Giovana acrescenta que o grande aprendizado que ficou da pandemia foi que podemos contar com a força das pessoas, um ponto forte que marcou foi a maneira que a gente vem preparando o time para que todos estejam prontos para superar qualquer desafio. “É importante ter em mente o quanto é importante planejamento e uma estratégia com visão de futuro”, ressaltou.

Retomada iniciada

Além das mudanças de estratégia e posicionamento, também foram realizadas muitas melhorias na fábrica da empresa. Todas elas foram vistas de perto pelos representantes das revendas que tiveram a oportunidade de conhecer a unidade durante a visitação, em Mogi Mirim/SP.

Cristiano Trevizam, diretor de vendas da Zimmatic, acredita que o sentimento que ficou após o encontro foi que todos voltaram para casa ainda mais otimistas para a retomada do mercado este ano.

Já, para Gabriel Corrêa, economista e gerente financeiro, a empresa entra agora em um novo momento, muito mais próxima do produtor e do mercado. “Estamos nos preparando para ajudar nos financiamentos dos equipamentos. Os produtores, clientes e revendas podem esperar uma área financeira muito mais ativa”, destacou.

Após esse período de insegurança do mercado mundial, para Corrêa, agora o momento é de reconquistar a confiança dos clientes. A estratégia passa pela entrega dos pivôs equipamentos no prazo, fazendo uma venda bem amparada em financiamentos, auxiliando tanto o produtor quanto as revendas. “Vamos continuar crescendo de maneira estruturada aproveitando as oportunidades de mercado, investindo muito mais dentro de casa, na fábrica, estrutura comercial, operacional para sempre atender melhor”, finaliza.

Fonte: Ruralpress, Embrapa

Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil

Relacionadas

Veja também

Análise desenvolvida por cientistas do INCT NanoAgro defende o uso de selênio no processo de biofortificação, através de nanotecnologia
Soluções inovadoras aliam inteligência artificial, monitoramento remoto e práticas sustentáveis em um momento de forte expansão do agronegócio brasileiro
Com alto engajamento de revendas de grãos, a companhia se torna a primeira trading a monitorar integralmente todos os volumes adquiridos em regiões prioritárias no Brasil.
A Sette é uma junção da A de Agro com a Bart Digital; duas empresas com desafios muito distintos, mas que sempre estiveram alinhados com o que há de mais tecnológico no mercado.