Search
Close this search box.

Guerra na Ucrânia traz incertezas para o agronegócio brasileiro

2 de março de 2022

Com poucos dias de guerra na Ucrânia, a sinalização dos principais analistas de todo o mundo indica que não haverá vencedores se a diplomacia não barrar o confronto
Compartilhe no WhatsApp
Guerra na Ucrânia traz incertezas para o agronegócio brasileiro
A Rússia e a Ucrânia juntas respondem por cerca de 30% das exportações mundiais de trigo – Foto: Divulgação

Em um mundo globalizado, tudo que vira fato tem consequências. É engano acreditar que algo ou alguém possa estar realmente só. Como todos sabem, na madrugada de 24 de fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia, em ofensiva bélica. À parte a desproporção do poderio militar de cada país e as razões que possam explicar o conflito, o fato aqui é a existência de uma guerra na Europa.

Com o velho continente ameaçado, as reações na ONU e na União Europeia tem se mostrado pronta e firme para a Rússia, a 11ª economia do planeta, em termos de PIB. Sanções de várias frentes surgem, a cada hora. Países, sistemas, mundo financeiro e empresas vão tentar isolar a potência autocrata, na tentativa de arrefecer sua hostilidade. Uma lista pesada de multinacionais anunciou nesta terça-feira a venda de ativos, abandono de projetos e saídas de Moscou.

Mas tirar da economia mundial um país com a importância da Rússia não é algo que vai passar desapercebidamente. Trata-se de um grande produtor de petróleo, importante fornecedor de gás a Europa, em especial a poderosa Alemanha, e de produtos agrícolas como o trigo – a base do pão e de tantas outras dietas como o macarrão. Já a Ucrânia, por sua vez, é líder na produção de milho.

Uma possível retirada desse país invadido do mercado internacional, diminuiria a oferta do cultivo, provocando uma alta no preço do grão, que é muito utilizado como ração animal, aumentando, assim, os custos de produção pecuária: leite e carnes, em geral. Veja que só falamos de commodities, até aqui, cuja prática de preços é estabelecida pelos mercados internacionais. Em 1º de fevereiro, a Bolsa de Chicago pagava US$ 7,39 a saca para pagamento em março. Todas as outras commodities agrícolas seguiram a tendência.

Guerra x sanções econômicas

O isolamento econômico da Rússia nas proporções esperada por seus opositores (EUA e União Europeia) poderá atacar o agronegócio brasileiro. O primeiro item da pauta são os fertilizantes. Segundo levantamento do Comex Stat, do Ministério da Economia das mais 41 milhões de toneladas do produto importadas em 2021, o país foi a origem de 23%. Belarus, fronteira das duas nações em guerra, respondem por mais 3,4%

O volume embarcado para o Brasil foi de 9,2 milhões de toneladas, sendo que ao todo, os produtores brasileiros compraram 41,6 milhões de toneladas, somando US$ 15,1 bilhões. Assim, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia gera uma preocupação entre os agricultores, em relação à fonte de fertilizantes para o plantio da safra 22/23. Neste 1º de fevereiro, o governo brasileiro já recebeu aviso biolorrusso de que o fornecimento já está suspenso.

Encontrar novas fontes e fornecedores não é tarefa fácil. O Canadá, que já oferece 10% do que importamos, está nos planos, assim como a China (14%) e uma política governamental para estimular a produção própria do insumo. No passado, em 1992, o Brasil era autossuficiente no produto, mas não foi capaz de investir em sua expansão produtiva para se manter. Aliás, o país é a única potência agrícola dependente de fertilizantes.

Por outro lado, a Rússia também é um importante parceiro comercial do Brasil, ocupando o 22º lugar no ranking de consumo externo apenas dos nossos produtos agropecuários, com US$ 1,27 bilhão movimentado, em 2021 (participação de 1,06%), segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Em 3 dias de guerra, o Rublo (moeda russa) desvalorizou 30%, em relação ao Dólar. A taxa de juros do seu Banco Central mais que dobrou, chegando em 20% na tarde de 1º de fevereiro. No mesmo dia, o barril do petróleo superava a casa de US$ 106, mais de 8% pelas especulações. Há especialistas internacionais que entendem que se a guerra se arrastar, o petróleo pode chegar rapidamente a US$ 150.

E dentre os gargalos brasileiros está a logística. O país é continental e extremamente dependente de transporte rodoviário, o que deverá encarecer o preço dos nossos grãos, entre outros produtos e insumos. A alta e falta do petróleo, assim como de energia na Europa, vão puxar os preços das commodities e gerar inflação em todo o mundo. O Brasil que já luta para controlar a sua, terá ainda mais dificuldades. É um cenário sombrio e incerto que se desenha.

Por Redação Mundo Agro Brasil – MAB

Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil

Relacionadas

Veja também

Número de empregados no setor atinge maior patamar desde 2012; informação é do boletim sobre o Mercado de Trabalho do Agronegócio em Goiás
Descubra como a GENEX Brasil está comprometida com o desenvolvimento da pecuária brasileira através do programa “Encontros que Conectam”, focado no aprimoramento da pecuária de cria e destacando a liderança feminina no setor.
Em seu relatório mais recente sobre oferta e demanda, divulgado em 11 de abril, o USDA estimou que a colheita brasileira atingirá 155 milhões de toneladas, o mesmo número apresentado no mês anterior