Cercas virtuais como tecnologia para aprimorar o manejo e de olho na sustentabilidade

7 de maio de 2021

Agtechs de diferentes países têm apresentado modelos de cercas virtuais na pecuária, seja para aprimorar o manejo, a sustentabilidade ou o bem-estar animal, ou para maior segurança dos animais e das fazendas
Compartilhe no WhatsApp

Empresas de vários países têm apostado no uso de cercas virtuais. A exemplo da estadunidense Vence, que recebeu um aporte de US$ 12 milhões (cerca de R$ 64 milhões) no mês de abril. Outras iniciativas similares para diferentes espécies surgiram também na Escócia, Portugal, Noruega (NoFence), Austrália (e-shepherd) e Nova Zelândia (Halter). 

A startup dos EUA oferece sua versão de cerca virtual para evitar a necessidade de instalação de quilômetros de arames e mesmo as constantes trocas de local das cercas convencionais. 

“Temos mais de 5.000 usuários em campo em todo o mundo, desde renas no Alasca a elefantes no Sri Lanka. Estamos focados na pecuária agora”, disse o cofundador da agtech Frank Wooten à AgFunders. 

A iniciativa usa coleiras com GPS para manter o gado onde deveria estar. Funciona assim. Primeiro, os usuários criam digitalmente as fronteiras do pasto. Se o animal chega ao limite, a coleira emite um ruído de aviso. Se não for suficiente, ocorre um leve choque elétrico – como uma cerca elétrica física. 

O dispositivo pode ser colocado em menos de 30 segundos e tem duração de bateria de no mínimo nove meses, chegando até dois anos. O preço é de US$ 35 por animal (cerca de R$ 180) ao ano, podendo cair dependendo do número de cabeças no rebanho. 

Gerenciamento do rebanho e segurança com as cercas virtuais

O roubo e o furto de gado são uma grande preocupação de pecuaristas no Brasil pelo prejuízo econômico e até pela integridade física do produtor e sua própria família. 

Para Malcolm MacDonald, especialista do Rural College da Escócia (SRUC), as cercas virtuais favorecem inclusive a segurança. Se de fato a tecnologia for robusta, pode ser uma ferramenta contra o abigeato no Brasil. 

“A tecnologia pode melhorar o gerenciamento do rebanho, até mesmo a segurança, pois os produtores podem monitorar cada animal por smartphone”, disse. 

Sustentável

O pastoreio rotativo também se apresenta como uma vantagem que permitirá à pecuária mitigar mudanças climáticas ainda mais com ferramentas inteligentes. 

Sua premissa principal é limitar o acesso das vacas a uma determinada área de pasto, deslocando-as para uma nova seção antes que elas pastem demais. Depois que o gado é transferido, o pasto tem tempo para crescer novamente, proporcionando raízes mais profundas, solos mais saudáveis ​​e melhor retenção de água. 

Com a tecnologia, a Vence visa ajudar os produtores de gado a sequestrar carbono por meio de pastagens cuidadosamente gerenciadas. As pastagens dos EUA são o segundo maior sumidouro de carbono do mundo e o pastoreio rotativo inteligente acelera o ritmo em que essas terras fixam o elemento. 

Mas, como observa Wooten, a qualidade de vida dos agricultores também deve ser considerada. O sistema realiza um plano de pastejo inteiro de uma só vez, liberando tempo para o pecuarista ou sua equipe. 

Fonte: AgEvolution/Canal Rural
Crédito da foto: Reprodução/AgEvolution

Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil

Relacionadas

Veja também

Modelo que combina geração elétrica e agricultura no mesmo terreno já tem mostrado resultados expressivos ao redor do mundo.
Serão investidos R$ 60 milhões no fomento à pesquisa e ao desenvolvimento em busca do avanço tecnológico em hidrogênio de baixa emissão e fontes renováveis no Brasil
Pesquisa desenvolve método que usa laser e inteligência artificial para estimar, em uma única análise, a densidade do solo e o teor de carbono.
Solução desenvolvida por pesquisadores da USP e UFC aposta em geometrias otimizadas para capturar até 95% do CO₂ em usinas que queimam biomassa, ampliando o potencial sustentável do etanol brasileiro.