Agro brasileiro se prepara para a nova regulamentação europeia 

6 de março de 2025

No fim deste ano deve entrar em vigor o EUDR (European Union Deforestation Regulation). A padronização da rastreabilidade na cadeia produtiva é essencial para garantir o acesso dos produtos brasileiros ao mercado europeu.
Compartilhe no WhatsApp
Agro brasileiro se prepara para a nova regulamentação europeia 

O agro brasileiro enfrenta novos desafios com a nova regulamentação europeia, o EUDR (European Union Deforestation Regulation), que deve entrar em vigor em 30 de dezembro de 2025. Para que os produtores brasileiros enquadrem seus produtos às novas exigências, a padronização da rastreabilidade na cadeia produtiva é essencial para garantir o acesso ao mercado europeu.

EUDR e seu impacto no Brasil 

O EUDR vem para definir um critério rígido: nenhum produto proveniente de áreas desmatadas poderá ser comercializado na União Europeia. Para garantir essa conformidade, os produtos precisam estar acompanhados de informações precisas sobre sua origem. É como se cada lote de soja, café ou carne precisasse de uma certidão de nascimento, detalhando exatamente onde foi produzido.

Sete cadeias produtivas do agro serão diretamente impactadas. São carne e couro, madeira, soja, café, cacau, óleo de palma e borracha. No Brasil, essas cadeias do agro são fundamentais para a economia. Qualquer barreira de entrada em mercados internacionais pode representar perdas significativas.

A regulamentação exige que todos os produtos dessas cadeias forneçam evidências concretas de rastreabilidade para garantir a conformidade com as novas normas ambientais. O grande problema é que as cadeias produtivas não são simples.

No caso da carne bovina, um único animal pode passar por diversas fazendas ao longo de sua vida, o que torna a rastreabilidade um verdadeiro quebra-cabeça. Já a soja, muitas vezes é transportada e armazenada em grandes lotes misturados, exige um método diferente de controle.

Essa complexidade pode ser comparada a um pacote de correspondências sem rastreamento – sem um código de barras ou QR Code padrão, ninguém sabe exatamente por onde passou e quem foi o responsável por cada etapa.

GS1 e a interoperabilidade 

Diante desse cenário, a Associação Brasileira de Automação – GS1 Brasil surge como a solução para o agro que pode transformar esse emaranhado de informações em um sistema padronizado, global e confiável.

Os padrões globais da GS1, como o GTIN (Global Trade Item Number), GLN (Global Location Number) e EPCIS (Electronic Product Code Information Services), permitem que as informações de rastreabilidade sejam organizadas de forma estruturada e acessível.

Isso garante que os dados de um lote de soja ou de um boi abatido possam ser lidos e interpretados corretamente em qualquer parte do mundo. Apesar das vantagens, ainda existem desafios significativos para a adoção dos padrões GS1 no Brasil. Algumas cadeias produtivas já desenvolveram sistemas próprios e podem resistir à mudança. É como pedir para alguém que já fala um dialeto próprio adotar um novo idioma.

O esforço inicial pode ser grande, mas, a longo prazo, a comunicação se torna mais padronizada, global e eficiente. Apesar dos esforços do setor, é necessária maior integração dos dados, levando as informações de origem até o produto, por exemplo, por meio da identificação individual do animal e aprimorando os processos de rastreabilidade dentro do frigorífico, na distribuição e no varejo.

O futuro da rastreabilidade e do agro brasileiro  

Aqui, o agro pode enxergar a rastreabilidade não como um entrave burocrático, mas como um diferencial competitivo. A implementação de protocolos de rastreabilidade na cadeia de cacau, por exemplo, pode colocar o Brasil em uma posição de vantagem no cenário global, atualmente dominado por países como a Costa do Marfim.

Quem se adapta mais rápido às novas exigências ganha vantagem no mercado internacional. Se pensarmos na rastreabilidade como um jogo de xadrez, cada peça representa um elemento da cadeia produtiva. Aqueles que planejam bem seus movimentos e adotam padrões globais conseguirão avançar no tabuleiro sem serem bloqueados pelas regulamentações. Os padrões globais GS1 levam o Brasil a se destacar como referência mundial em rastreabilidade e sustentabilidade.

Mas, para isso, é essencial que o agro invista em soluções tecnológicas e padronizadas.

Afinal, em um mundo cada vez mais conectado, a informação precisa fluir de forma ágil e confiável, e a interoperabilidade é a chave para abrir as portas do futuro.

Sobre a Associação Brasileira de Automação – GS1 Brasil
A Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, é uma organização multissetorial sem fins lucrativos que representa nacionalmente a GS1 Global. A entidade conta com cerca de 59 mil associados que representam 36% do PIB nacional e 12% dos empregos formais. Em todo o mundo, a GS1 é responsável pelo padrão global de identificação de produtos e serviços (Código de Barras e EPC/RFID) e comunicação (EDI e GDSN) na cadeia de suprimentos. Além de estabelecer padrões de identificação de produtos e comunicação, a associação oferece serviços e soluções para as áreas de varejo, saúde, transporte e logística. Mais informações aqui.

Por Associação Brasileira de Automação

Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil

Relacionadas

Veja também

Na Expo 2025, a Kawasaki surpreende com o Corleo, um cavalo robô movido a hidrogênio que une tecnologia, sustentabilidade e mobilidade em terrenos desafiadores — uma inovação que pode transformar o futuro do campo e além.
O dispositivo intravaginal de progesterona, monodose, oferecido pela GlobalGen vet science, no ano passado, tem registrado grande aceitação dos pecuaristas adeptos da inseminação artificial em tempo fixo (IATF).
Por meio da captação de imagens em alta resolução, a Taranis do Brasil viabiliza que os produtores otimizem custos com diagnósticos precisos, identificando mais de 100 espécies infestantes
No fim deste ano deve entrar em vigor o EUDR (European Union Deforestation Regulation). A padronização da rastreabilidade na cadeia produtiva é essencial para garantir o acesso dos produtos brasileiros ao mercado europeu.