Trigo: Sinais distintos nos hemisférios Norte e Sul

1 de novembro de 2023

Análise das safras de trigo nos hemisférios Norte e Sul
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Trigo: Sinais distintos nos hemisférios Norte e Sul

Safras de Trigo:

  • As safras do hemisfério sul estão se aproximando do seu desfecho, e isso está despertando um interesse crescente no mercado, especialmente devido às condições climáticas desfavoráveis na Argentina e na Austrália. Mesmo após os recentes ajustes feitos pelo USDA em suas estimativas para ambos os países, ainda há margem para possíveis reduções adicionais.
  • No entanto, no hemisfério norte, as informações iniciais para a safra 24/25 apontam para mais um ano de sólida produção de inverno nos principais países produtores da região. Isso se deve em grande parte ao aumento da área plantada nos países do Mar Negro e à expectativa de melhores rendimentos e menos abandono de área nos Estados Unidos.
  • Com isso, os mercados de trigo devem ter um primeiro semestre de 2024 com estoques mais apertados e um maior alívio na segunda metade do ano.
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As safras do hemisfério sul estão se encaminhando para suas fases finais, e com isso elas seguem atraindo cada vez mais atenção do mercado – principalmente pelo fato de o clima seguir adverso tanto na Argentina quanto na Austrália.

Todavia, no hemisfério norte os primeiros dados para a safra 24/25 tem apontado para mais um ano de boa produção de inverno nos principais países produtores. A hEDGEpoint Global Markets traz uma atualização das safras em ambas as regiões e como esses fatores devem afetar os preços e o balanço global.

Argentina: chuvas chegaram tarde demais

A Argentina – segunda maior produtora e exportadora do hemisfério sul – tem enfrentado condições climáticas muito semelhantes às da safra passada, que foi uma quebra histórica para o país. As principais regiões produtoras receberam chuvas nos últimos dias, e as previsões apontam para uma continuidade dessas chuvas em novembro.

Contudo, cerca de 7% do trigo argentino já foi colhido, então essas chuvas provavelmente chegaram tarde demais para mudar o panorama da safra. A Bolsa de Rosario já trabalha com uma estimativa de produção de 14.3M mt – cerca de 2M mt de toneladas a menos do que a estimativa atual do USDA.

Austrália: maior espaço para recuperação, mas previsões são desanimadoras

Como era esperado por conta do El Niño, a safra australiana segue enfrentando um clima extremamente quente e seco frente à média histórica, o que deve impactar significativamente os rendimentos do trigo no país.

Em relação à Argentina, a Austrália possui uma safra um pouco mais “tardia”, dado que os produtores australianos normalmente começam a colher seu trigo em dezembro. Consequentemente, a safra do país ainda possui mais espaço para recuperação.

Contudo, as previsões climáticas para Novembro não apontam para essa direção, dado que praticamente todo o país não deve receber muitas chuvas no próximo mês. A atual estimativa do USDA – de 24.5M mt – já contempla um cenário bem negativo, mas os rendimentos observados em outras quebras recentes mostram que ainda há espaço para reduções nas estimativas.

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Hemisfério norte: umidade do solo preocupa, mas área e clima podem compensar

No hemisfério norte, a safra 24/25 está sendo plantada e alguns dados relevantes já podem ser observados. Olhando para os principais produtores e exportadores do Mar Negro – Rússia e Ucrânia – os dados de área plantada apontam para um aumento de área frente a última safra.

Esse movimento é muito surpreendente dado o patamar mais baixo dos preços do trigo, os desafios impostos pela guerra (principalmente do lado ucraniano), e os elevados estoques na Rússia por conta das duas últimas excelentes safras do país. Por outro lado, a umidade do solo está na mínima dos últimos anos nas principais regiões produtoras de ambos os países, o que pode levar a rendimentos mais baixos.

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Olhando para as previsões de precipitação de novembro, pode-se esperar uma mudança nessa situação na Ucrânia, enquanto as principais regiões produtoras da Rússia devem seguir enfrentando um clima mais seco. Com relação as previsões de temperatura para o período de dormência, o risco de winter kill parece baixo no momento.

Já nos EUA, a situação é praticamente inversa. Após uma área plantada recorde na última safra, os produtores americanos devem plantar menos trigo de inverno, dado que a queda dos preços esse ano foi muito maior do que a dos custos.

Contudo, o clima, até o momento, está mais favorável. A umidade do solo está acima dos níveis de 2022 e as condições de seca não são tão severas quanto no último ano. As previsões para o mês de novembro trazem uma figura mista para os principais estados produtores – mais precipitação no Texas e Oklahoma, enquanto o clima deve seguir seco no Kansas.

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Consequentemente, até o momento espera-se uma boa safra nos EUA, dado que pode até superar a de 23/24 se o abandono de área voltar à média e os rendimentos permanecerem em torno da tendência.

Conclusão

As safras do hemisfério sul estão chegando à reta final, e isso tem chamado a crescente atenção do mercado, principalmente devido às condições climáticas desfavoráveis na Argentina e na Austrália. Apesar dos últimos ajustes realizados pelo USDA nas estimativas para ambos os países, ainda há espaço para cortes adicionais.

Enquanto isso, no hemisfério norte, os dados iniciais para a safra 24/25 indicam mais um ano de boa produção de inverno nos principais países produtores da região, muito por conta da maior área plantada nos países do Mar Negro e da expectativa de melhores rendimentos e menor abandono de área nos EUA. Com isso, os mercados de trigo devem ter um primeiro semestre de 2024 com estoques mais apertados e um maior alívio na segunda metade do ano.

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Por: hEDGEpoint Global Markets

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