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Tradições regionais preservadas e valorizadas

5 de junho de 2024

Indicações Geográficas reconhecem produtos únicos e gera renda a pequenos negócios
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Tradições regionais preservadas e valorizadas

O cheirinho de um café especial, que agrada o paladar. O prazer de degustar um queijo e uma fatia de socol, acompanhados de uma taça de vinho ou espumante. Essas tradições com sabores e aromas podem ficar eternizados na memória e se tornarem recordações, que geram sentimentos únicos, assim como esses produtos, cada um com suas características, o chamado terroir.

A arte do saber fazer, a tradição na elaboração de receitas típicas regionais e a história por trás de produtos com seus sabores singulares, feitos pelas mãos de pequenos produtores e produtoras, agregam valor a itens que são responsáveis pela renda de milhões de pessoas em todo o Brasil. E tudo isso está sendo cada vez mais valorizado e ganhando reconhecimento por só existirem em um determinado local ou região do mundo.

Com o objetivo de dar segurança aos pequenos produtores e consumidores e garantir a qualidade – destacando cada vez mais esses produtos e serviços únicos – tem crescido no Brasil, nos últimos anos, os registros de Indicação Geográfica (IG), título concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) a associações, cooperativas e organizações que passam a ter a chancela de usar esses registros em produtos e serviços feitos por seus integrantes.

No país, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é o responsável por coordenar esse trabalho de valorização e reconhecimento destas tradições. E o resultado, além de eternizar a origem, é também agregar valor, e contribuir para o desenvolvimento de pequenos negócios e estimular a economia nas mais diversas regiões brasileiras.

“A IG pode aumentar o valor de um produto em até 50%. Não há limites para essa agregação de valor, pois está muito relacionada à percepção de valor pelo consumidor final e há muitas variáveis envolvidas. Nesse sentido, o principal benefício para o produtor é, sem dúvidas, financeiro”, afirma a gerente da Unidade de Competitividade e Produtividade do Sebrae do Espírito Santo, Christiane Barbosa e Castro.

Diversos outros benefícios podem ser percebidos a partir do vínculo criado entre o produto e sua região de origem. “Esse vínculo atrai turistas, visibilidade e demanda para a região, traz melhoria das práticas de produção e comercialização do produto e reflete na gastronomia, visto que as IGs de alimentos passam a compor pratos com toda a história por trás daquele alimento. Também fortalece o comércio e serviços, pois há uma série de possíveis canais de comercialização e distribuição desses produtos. Os benefícios são tantos e tão distintos que alguns estudos já citam mais de 30 indicadores sociais e econômicos decorrentes da IG”, acrescenta Christiane.

Para o diretor-executivo do Sistema OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira, a IG agrega valor principalmente aos pequenos negócios, proporcionando visibilidade e diversos benefícios para o pequeno produtor. “A competitividade resultante das IGs impulsiona o comércio e as negociações de valor agregado, beneficiando toda a cadeia produtiva, desde o produtor até o consumidor final. Ao destacar a qualidade e a origem exclusiva dos produtos, as IGs ajudam os pequenos produtores a se diferenciarem no mercado, promovendo um crescimento sustentável e fortalecendo as economias locais. Isso, por sua vez, atrai consumidores interessados em produtos autênticos e de alta qualidade, estimulando tanto o consumo interno quanto as exportações”, enfatizou.

Indicações Geográficas nasceram na Europa

Vinho do Porto

O Vinho do Porto, de Portugal, é um exemplo de produto com Indicação Geográfica

Mas, afinal, o que são Indicações Geográficas? Para exemplificar, quem nunca ouviu falar na Champagne e no vinho de Bordeaux, da França; no Vinho do Porto, de Portugal e do presunto de Parma, da Itália. Esses são exemplos de produtos únicos, que só podem levar esses nomes aqueles produzidos em sua região de origem delimitada.

Portanto, as Indicações Geográficas são associadas à qualidade ou à maneira singular de se fazer um produto ou serviço. Pode ser pela tradição da região, pela técnica ou por alguma matéria-prima que só exista neste local. O principal objetivo é promover a história e a cultura de uma região. E isso é intransferível.

As Indicações Geográficas preservam o conhecimento ou os recursos naturais, trazendo uma importante contribuição para a economia de suas regiões. Um exemplo é Champagne, cidade que deu nome à bebida, e que recebe milhões de turistas que vão à França, promovendo turismo e gerando outras receitas para a cidade.

A coordenadora de Negócios de Base Tecnológica e Propriedade Intelectual do Sebrae Nacional, Hulda Giesbrecht, explica mais, no vídeo abaixo, sobre o conceito da IG. Além disso, ela fala da importância dos produtos de Indicação Geográfica para o incremento da renda das famílias. Clique e assista!

Hulda complementa dizendo que as IGs são um mecanismo coletivo para desenvolver as regiões nos pilares econômico, social e ambiental. “A conservação das condições ambientais é um fator fundamental para manter as características e a qualidade do produto, que foram os diferenciais para seu reconhecimento como IG. Desenvolver um ambiente de compartilhamento entre essas pessoas para empreender junto é a base do desenvolvimento social na região. Consequentemente, o retorno econômico vem com o incremento de vendas e com a agregação de valor ao produto, que são os impulsionadores do desenvolvimento econômico na região”, afirma.

Por Revista Negócio Rural

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