Search
Close this search box.

Renovando viveiros de mudas nativas na região do Alto Rio Doce

2 de julho de 2021

Produtores rurais de Mariana e Barra Longa cultivam mudas nativas para o reflorestamento da Bacia do Rio Doce e fomentam mercado com o apoio de projeto da Fundação Renova
Compartilhe no WhatsApp
Renovando viveiros de mudas nativas na região do Alto Rio Doce

O projeto ATER Viveiros Familiares, criado pela Fundação Renova, visa a estruturação de unidades viveiristas e o fomento econômico local dentro de propriedades rurais atingidas pelos danos do rompimento da barragem de Fundão, localizadas em Mariana e Barra Longa. 

O objetivo do projeto é apresentar para os produtores rurais outras formas de diversificar a renda familiar nas propriedades rurais e fomentar a criação de viveiros de mudas nativas na região do Alto Rio Doce, carente desse mercado. 

Além do fomento da economia local, a ação inclui os viveiristas na agenda dos programas compensatórios de reflorestamento e proteção de áreas degradadas mesmo antes do rompimento da barragem de Fundão, previstos no Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC).  

Atualmente, mais de mil hectares de Áreas de Preservação Permanente e áreas de recarga hídrica estão em fase de implantação em Minas Gerais e no Espírito Santo. Cerca de mil nascentes estão em processo de recuperação. O acordo prevê a recuperação de 5 mil nascentes e o reflorestamento de 40 mil hectares até a foz. Será destinado R$ 1,5 bilhão para as iniciativas de restauração florestal. 

A Fundação Renova apoiou e capacitou produtores rurais 

Agora eles passam a ter outra alternativa de renda em suas propriedades: produção de mudas florestais nativas. E ainda, a região do Alto Rio Doce agora tem mercado para aquisição de mudas para os processos de restauração florestal. A Fundação Renova ainda continuará fornecendo capacitação técnica e apoio aos viveiristas familiares. 

Assim, os produtores rurais de Mariana e Barra Longa que se tornaram viveiristas passarão a produzir suas próprias mudas de espécies nativas. Eles realizam todo o manejo necessário para que as mudas atendam os critérios de qualidade para serem comercializadas e plantadas. O processo de produção de mudas inicia com o planejamento para a implantação do viveiro, com a escolha da melhor área para a produção. Esta deve ter boa luminosidade, ser protegida de ventos fortes, ser bem drenada e possuir área para as diferentes fases de crescimento das mudas, entre outros.  

No manejo, os viveiristas são capacitados desde as sementes até a expedição das mudas, passando pelas capacitações em coleta, beneficiamento, secagem, armazenamento e germinação das sementes, identificação de espécies, preparo do substrato, manejo das sementeiras e canteiros, replantio das mudas, adubação, irrigação, rustificação das mudas, preparo das mudas para expedição e acomodação das mudas para transporte, entre outras. 

Etapas do ATER Viveiros Familiares 

Para viabilizar o projeto, foi necessária a capacitação dos produtores, feita com apoio técnico da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que colaborou também com pesquisas que visam aumentar a tolerância das mudas em solos com rejeitos, por meio de microrganismos e manejo a baixo custo. 

Foi comprovado que a revegetação emergencial no epicentro do desastre acelerou o aumento da diversidade de microrganismos fixadores de nitrogênio no solo. Devidamente isolados e inoculados no substrato, eles permitem a produção de mudas mais resistentes e de maneira mais rápida. A presença destes microrganismos melhora o aproveitamento da adubação e otimiza o uso de insumos. 

A partir da pesquisa, em 2019, produtores rurais de Mariana (MG) e Barra Longa (MG) aderiram ao projeto Ater Viveiros Familiares. A implantação dos viveiros contou com o envolvimento das famílias, que enxergaram a oportunidade de recuperar áreas impactadas e de diversificar a renda, proveniente, em sua maioria, da produção leiteira. Cada um deles recebeu cerca de 5 mil mudas. A capacidade das unidades produtivas soma 48 mil plantas anualmente. 

A estruturação dos viveiros foi feita com apoio técnico da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que colaborou também com a descoberta de microrganismos que aumentam a tolerância da planta em solos com rejeitos e permitem manejo a baixo custo. 

Após meses de cultivo e manejo das mudas de espécies nativas ao longo de 2020, os novos viveiristas de Mariana e Barra Longa (MG) comercializaram uma safra de cerca de 20 mil mudas para a recuperação de nascentes do Alto Rio Doce (MG) no período chuvoso de 2020/2021. As mudas foram adquiridas pela Fundação Renova e enviadas para produtores rurais dos municípios de Coimbra, Ponte Nova e Paula Cândido, remunerados pela entidade para recuperar nascentes localizadas dentro de suas propriedades. 

Até então, a Fundação Renova fornecia mudas em estágio inicial de desenvolvimento e os produtores manejavam essas mudas até estarem aptas ao plantio e depois comercializam essas mudas para a própria entidade ou empresas prestadoras de serviços de restauro florestal (fornecedoras da FR). Isso aconteceu por dois ciclos. 

A última capacitação com os viveiristas em 10 de abril, realizada pelo consultor especializado em viveiros, Alex Freitas, abordou temas como coleta de sementes e frutos, marcação de matrizes e produção de mudas desde o início do processo. A partir desse encontro, o projeto ganhou outro formato (menos assistencialista), em que os viveiristas passarão a produzir mudas por conta própria e realizar todas as etapas do processo de produção de mudas de um viveiro comercial. 

O projeto até agora gerou renda para os produtores que participaram. Dessa forma, viveiros foram criados e podem ser uma alternativa para o mercado de mudas florestais nativas na região. No total, os viveiros têm capacidade de produzir 24 mil mudas/ano. 

“Nesta nova fase, os viveiristas seguem por mais um ano no ATER Viveiros Familiares, até a etapa de comercialização das mudas no período chuvoso 21/22, mas também estarão conectados a outros projetos”, diz Andreia Dias, analista do programa de Uso Sustentável da Terra da Fundação Renova. Assim, nessa próxima etapa, o apoio da Fundação Renova acolherá os viveiristas no projeto Rede de Sementes e Mudas da Bacia do Rio Doce, no qual eles serão beneficiados pelas ações do projeto. 

 Além disso, há a continuidade da assistência técnica aos viveiristas familiares, realizada pela equipe da OCA, parceira no ATER na região, dentro do escopo do Plano de Adequação Socioeconômica e Ambiental (Pasea). E ainda há o apoio da área de Economia e Inovação da Fundação, que irá apoiar na formalização do empreendimento, caso haja interesse dos viveiristas. 

Fonte: Fundação Renova 
Crédito da foto: Divulgação/Tânia Regô/Agência Brasil

Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil

Relacionadas

Veja também

Em seu relatório mais recente sobre oferta e demanda, divulgado em 11 de abril, o USDA estimou que a colheita brasileira atingirá 155 milhões de toneladas, o mesmo número apresentado no mês anterior
Desde janeiro de 2023, o governo brasileiro garantiu uma significativa expansão do comércio sem o fechamento de nenhum mercado para o Brasil
Valor é 4,4% maior que os US$ 35,85 bilhões em exportações registrados no primeiro trimestre do ano passado