Pelo quinto mês consecutivo, o preço do leite captado em março fechou em alta, de 4,1%, chegando a R$ 2,3290/litro na “Média Brasil” do Cepea. Com esse resultado, o preço ao produtor acumulou alta real de 12,9% no primeiro trimestre (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março). A valorização é resultado da redução da oferta no campo, que deve continuar sustentando os preços. De acordo com pesquisas ainda em andamento do Cepea, em abril, os valores do leite podem subir em torno de 5%, considerando-se a Média Brasil.
Os menores investimentos dentro da porteira no último trimestre do ano passado e o clima adverso (seca e calor) em fevereiro e março reforçaram o enxugamento da oferta de leite cru. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou queda de 2,5% de fevereiro para março; no acumulado do primeiro trimestre, a baixa é de 7,5%. Esse contexto intensifica a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima, o que impulsiona as cotações ao produtor.
Com elevação da receita e recuo dos custos, as margens dos produtores têm sido favorecidas. Essa recuperação na margem é essencial para que os investimentos na atividade possam ser retomados e para que a produtividade cresça no campo.
Ainda assim, o repasse dessa alta para o consumidor não tem ocorrido na mesma intensidade ao observado no campo. As indústrias seguiram com dificuldades nas negociações dos lácteos com os canais de distribuição em abril, o que resultou em variações pouco expressivas nos preços dos derivados.
Além de sinalizarem que o consumo do leite segue enfraquecido, agentes de mercado também apontam que as importações continuam sendo um fator de pressão sobre o mercado lácteo.
Dados da Secex mostram que, em abril, as compras externas somaram 195 milhões de litros em equivalente leite, 9,3% a mais que em março/24 e 34% acima do volume de abril/23.
Ainda assim, as expectativas dos agentes são de que os preços no campo devem seguir avançando também em maio, já que a captação no Sudeste e Centro-Oeste não cresceu, devido à entressafra, e ainda está em recuperação no Sul (Paraná e em Santa Catarina). Já no Rio Grande do Sul, as enchentes reduziram a oferta e impediram o escoamento de lácteos para outros estados, o que também reforça o contexto altista nos preços.
Por Agro em dia
Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil