O brasão do 8º Batalhão da Polícia Militar do Pará (8º BPM), localizado em Soure, na Ilha do Marajó, exibe o animal-símbolo na região: o búfalo. A unidade é a única do país a adotar o uso desses animais como modalidade de policiamento, segundo o governo do Pará.
O 8º BPM, também chamado “Batalhão Marajó”, é responsável pela segurança dos municípios de Soure, Cachoeira do Arari, Salvaterra e Santa Cruz do Arari. O uso de búfalos como ação estratégica na cidade começou na década de 1990.
Os búfalos da Ilha do Marajó fazem parte do enredo da escola Paraíso do Tuiuti, que desfilou na segunda-feira (20), no Rio de Janeiro.
Brasão do 8º BPM traz um búfalo como elemento-símbolo. — Foto: Marcus Passos / g1 Pará
O subcomandante do 8º BPM, major Ney Marques da Luz, diz que a unidade começou a usar os búfalos por uma imposição do terreno e do clima do Marajó.
“Por ser uma região de terrenos e áreas alagadas, o búfalo tem uma resistência no casco da pata, que não apodrece. Muitas vezes a alimentação está debaixo da água, mas mesmo assim ele consegue colocar a cabeça lá embaixo e puxar o alimento”, afirma.
Major Ney explica que a região tem basicamente três climas: inverno e verão amazônico e um período de transição. Segundo ele, no período de transição há momentos em que os agentes não conseguem chegar de viatura, nem de barco. “No Marajó, quem dita as regras é a água”, diz.
Os seis búfalos do “Batalhão Marajó'”são utilizados em dois tipos de situações: na cidade, o policiamento montado em búfalos serve para orientar e receber denúncias da população e dos turistas; e na região de campos alagados são usados para fazer ronda e deslocamento.
“O policiamento no búfalo traz para a instituição uma aproximação com a comunidade. Aproxima a sociedade e o policial militar. Então o benefício é isso”, afirma o major.
Criado desde pequeno
Os búfalos do 8º BPM são doados por fazendeiros da região e chegam ao batalhão ainda pequenos para se adaptarem ao local e aos agentes de segurança.
Natural de Soure, o sargento Ronaldo Sousa trabalha há 26 anos no “Batalhão Marajó”. Ele diz que os búfalos usados no policiamento montado são dóceis.
“Esse é um animal que na fase adulta com sete, oito anos, é impossível domar. Não tem como. Por isso a gente os doma desde pequenos, com um ano ou um ano e meio de idade, quando estão mamando, ainda bebê”, explica.
Os búfalos são exímios nadadores, com ótima audição e se alimentam de tudo, como capim, pão e manga.
O ‘Baratinha’, búfalo da raça Carabao, à esquerda; e o ‘Minotouro’, da raça Mediterrânea, à direita. — Foto: Marcus Passos / g1 Pará
O “Baratinha”, búfalo da raça carabao, está no batalhão há 17 anos. De acordo com o cabo Sousa, daqui a 3 ou 4 anos ele vai se ‘aposentar’.
“O nome Baratinha era porque quando ele ainda era bebê, não parava quieto. Era como se fosse uma barata, corria para todo lado”, revela.
Já seu amigo “Minotouro”, da raça mediterrânea, tem 8 anos e pesa aproximadamente 800 quilos. O nome fez referência ao seu porte físico e tamanho.
“Ele nada muito e tem um fôlego muito forte. A gente atravessa rios com ele seguindo na frente do cavalo. O cavalo não pode afundar na água, porque suas orelhas podem entrar água, podendo até morrer. Já o búfalo não tem esse problema”, afirma Ronaldo Sousa.
O policial diz que os búfalos servem para tudo em Soure, como transporte de mercadores, como fonte de alimentação e até como terapia de crianças com deficiência. “São maravilhosos”, garante.
Por G1
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