A sombra artificial pode até ser um recurso criado pelo homem, mas isso não diminui sua importância na pecuária. Ela desempenha um papel crucial no bem-estar do gado de corte em confinamento.
A Embrapa está liderando uma pesquisa inovador para explorar os benefícios dessa técnica que podem impactar positivamente a indústria e o meio ambiente.
A sombra que faz a diferença
O material usado para proporcionar sombra aos animais do estudo é uma malha de alumínio termo reflexiva. Essa malha reflete o calor e a luz solar, criando um ambiente mais confortável para o gado. Com 78% a 83% de sombra e 32% de transmissão de luz, a escolha do material desempenha um papel importante na eficácia do sombreamento.
Segundo a Embrapa, garantir que os animais tenham sombra, comida e água fresca tem resultados positivos na gestão do negócio pecuário. Além disso, a sombra artificial em confinamento de bois de corte foi capaz de reduzir a pegada hídrica e de uso da terra, além de aumentar a eficiência nutricional.
A pesquisa revelou que a adoção da sombra pode economizar até 3 mil litros de água por quilo de ganho de peso do animal. A pegada hídrica, que leva em consideração toda a água usada no processo, é reduzida em média em 3%, enquanto a pegada de uso da terra, que se relaciona com a quantidade de espaço necessário para produzir carne, diminui em média em 7%.
Esses cálculos são influenciados pelo local de origem do alimento. A pesquisa comparou as pegadas no Paraná e no interior de São Paulo. A escolha do estado de origem do grão, como soja e milho, pode afetar significativamente essas pegadas, já que as produtividades agrícolas variam de acordo com a região.
Pesquisa reforça importância do conforto térmico
A pesquisa da Embrapa foi realizada no confinamento da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, no período de setembro a dezembro de 2019. Participaram 48 touros da raça Nelore, divididos em dois grupos: um com sombra e outro a pleno sol.
Os resultados destacam a influência das temperaturas mais elevadas no desempenho dos animais. Julio Palhares, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, ressalta que os animais expostos ao ambiente são mais suscetíveis às mudanças climáticas. Isso reforça a importância de repensar os sistemas de produção para fornecer conforto térmico aos animais, não como um luxo, mas como uma necessidade essencial.
Conheça a pesquisa no neste vídeo
“Com o aumento das temperaturas médias, o desempenho dos animais, especialmente os que estão expostos ao ambiente, é diretamente impactado. Isso é particularmente relevante para os grupos ruminantes, como bovinos, ovinos e caprinos, que não têm o benefício de um ambiente controlado, ao contrário das aves, que já têm um comportamento gerenciado.”
“Estamos avaliando a eficiência de uso de nutrientes, o que basicamente envolve calcular o quanto de nitrogênio e fósforo os animais ingerem, que são dois elementos essenciais para o seu desenvolvimento, e o quanto disso é convertido em produto final, como carne. Notamos que os animais que têm acesso à sombra demonstram uma eficiência superior, transformando uma maior porcentagem do que consomem em produto de carne.”
Um futuro sustentável para a pecuária
A pesquisa da Embrapa está redefinindo a maneira como olhamos para o bem-estar animal e seu impacto ambiental na pecuária. Fornecer sombra aos animais não é apenas sobre seu conforto, mas também sobre a eficiência e a sustentabilidade da indústria pecuária brasileira.
A sombra artificial está provando ser uma solução viável e benéfica para todos, incluindo os próprios animais e o planeta. É um exemplo de como a inovação e a responsabilidade podem caminhar juntas em direção a um futuro mais sustentável.
Por Planeta Campo
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