Cerca de 450 mudas de ora-pro-nobis foram distribuídas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) para 20 produtores da zona rural do município de Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata mineira. A ação fez parte do Dia de Campo dedicado ao cultivo comercial da planta e contou com a parceria da Emater-MG, da Prefeitura de Visconde do Rio Branco, da Cooperativa Regional de Cooperação Agrícola da Zona da Mata (Cooperarca) e da iniciativa privada, que colabora com o projeto desde 2021.
Segundo Maria Regina de Miranda, pesquisadora da EPAMIG e responsável pelos estudos com ora-pro-nobis, foram produzidas, ao total, quatro mil mudas provenientes de clones mantidos no Campo Experimental da empresa no Vale do Piranga. Ela destaca que o primeiro encontro foi realizado na propriedade de um produtor familiar de hortaliças que deseja expandir a produção de ora-pro-nobis.

Maria Regina destaca que as mudas que ainda não foram distribuídas serão enviadas a agricultores interessados. “O trabalho de identificar essas pessoas vem sendo feito pelo técnico da Emater local, Eduardo Faria Santos; pelo diretor de Agricultura e Meio Ambiente de Visconde do Rio Branco, Régis Josué de Andrade Reis; e pelo presidente da Cooperarca, Valdinei Arthur Siqueira. O projeto é coordenado por mim e pelos pesquisadores da EPAMIG, Cleide Pinto, Sergio Donzeles e Maira Fonseca”, afirma Maria Regina.
A próxima edição do Dia de Campo está prevista para daqui duas semanas, dessa vez na propriedade de um agricultor local produtor de frutas.
O ora-pro-nobis
Pertencente ao grupo das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), o ora-pro-nobis, apesar dos altos valores nutricionais, ainda não têm tanta visibilidade no mercado, porém, o cenário parece estar mudando, de acordo com a pesquisadora. Ela relata que, nos últimos anos, a planta vem se destacando no mercado principalmente na forma de suplemento alimentar. “Pelo fato de ser uma PANC rica em proteína, o ora-pro-nobis se tornou uma matéria prima de grande interesse da indústria, sobretudo na forma de suplemento alimentar em cápsulas. O teor de proteína na farinha de ora-pro-nobis; na folha desidratada; é em média 25%. A folha também apresenta altos teores de ferro, cálcio e vitamina C”, explica.
A demanda crescente por parte da indústria torna o cultivo de ora-pro-nobis uma alternativa de diversificação de renda promissora para agricultores familiares. A planta possui as vantagens de ser rústica, perene, de rápido crescimento e com um eficiente sistema de uso de água, o que reduz os custos de produção.
A EPAMIG desenvolveu estudos para o cultivo de ora-pro-nobis em sistemas de plantio superadensados, com colheitas sucessivas de folhas e ramos. A técnica permite o aumento da produção de biomassa e de proteína por área e por tempo. “Com a densidade de 10 plantas/m² e oito colheitas anuais, foram produzidos 5.759 kg/ha/ano de proteínas nas folhas e 9.035,3 kg/ha/ano de proteínas totais incluindo os ramos. Esses valores são altos e até superiores a plantas consideradas importantes fontes de proteína para alimentação humana e animal”, conclui Maria Regina.
Levando em consideração as pesquisas com plantios superadensados de ora-pro-nobis, a EPAMIG foi procurada por representantes do setor privado interessados no processamento da planta na Zona da Mata mineira. O resultado foi a criação de um projeto de pesquisa interdisciplinar com profissionais da EPAMIG e professores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) que foi submetido ao Edital Universal da FAPEMIG de 2022. Em paralelo, outro projeto está sendo construído com o envolvimento da Emater-MG, professores da UFV, e participação dos pesquisadores da EPAMIG, Sérgio Donzeles, Cleide Pinto e Maira Fonseca.
O objetivo do novo projeto, ainda em fase de planejamento, será a implantação de um arranjo produtivo de ora-pro-nobis em Visconde do Rio Branco e em municípios vizinhos, como Ubá, São Geraldo, Guiricema e outros.
Os desdobramentos de todas as ações serão divulgados no site da EPAMIG e nas redes sociais oficiais da empresa. A EPAMIG é vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
Fonte: EPAMIG
Leia outras notícias no portal Mundo Agro Brasil