O desembolso de crédito rural no primeiro trimestre do Plano Safra 2023/24 chegou a R$ 147 bilhões, montante 11% superior ao do intervalo entre julho e setembro do ano passado. Com expansão de 6%, para quase R$ 90 bilhões, as contratações de custeio puxaram o crescimento nesta temporada, segundo dados consultados no sistema do Banco Central no dia 4 de outubro.
As contratações de investimentos seguem em ritmo mais lento do que no ciclo anterior. Entre julho e setembro, as instituições financeiras liberaram R$ 23,6 bilhões, montante 29% menor que os desembolsos do primeiro trimestre da safra 2022/23.
As operações de comercialização (R$ 17,5 bilhões) e industrialização (R$ 15,8 bilhões), por outro lado, aumentaram 124% e 173%, respectivamente, na comparação com o mesmo período da temporada anterior.
Ademiro Vian, ex-diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e consultor em crédito rural, afirma que as operações de comercialização foram abastecidas com os recursos das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). “Como as exigibilidades nessa fonte subiram de 35% para 50% para esta safra, é natural que tenha ocorrido aumento substancial nessa modalidade”, disse.
Segundo ele, a maior parte das liberações ocorreu para Financiamentos de Garantia de Preços ao Produtor (FGPP). “E a razão é o custo do dinheiro. Se empresas e cooperativas têm condição de captar recursos com preço razoável, e se há oferta de recursos, é natural essa captação”, completou.
Para Vian, o aumento das exigibilidades, tanto das LCAs quanto dos depósitos à vista, que passaram de 25% para 30%, também explica o desempenho dos bancos privados nesse início de temporada. Os desembolsos desse segmento, que é liderado por Bradesco, Itaú e Santander, cresceram 74% em comparação com os três primeiros meses do Plano Safra 2022/23, chegando a R$ 44,6 bilhões neste ano.
“Não é porque colocaram o pé no acelerador e resolveram contratar. Os bancos privados tiveram aumento da obrigação de contratar, e isso já explica alguns bilhões a mais”, destacou o consultor.
A elevação da exigibilidade e a forma de aplicação do recurso captado, com aumento da obrigação de emprestar 50% em operações tradicionais de crédito rural, geraram reclamações das instituições privadas.
Os bancos públicos lideram o ranking de desembolsos, mas com volume pouco menor que o dos três primeiros meses da safra anterior. Já as operações das cooperativas de crédito tiveram um leve crescimento no volume dos desembolsos. “Isso mostra a consistência das cooperativas, que vêm crescendo ao longo das safras, sempre ultrapassando a contratação do ano anterior”, disse Vian.
O secretário substituto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo, disse em nota que as LCAs responderam por 47% do total de recursos liberados para a agricultura empresarial no período. Os desembolsos foram de quase R$ 60 bilhões, montante 69% superior ao do intervalo entre julho e setembro do ano passado.
O Ministério da Fazenda deverá chamar as instituições financeiras que operam recursos equalizados do Plano Safra para uma reunião ampliada de avaliação do trimestre na próxima semana.
Por Globo Rural
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