Operações de custeio puxam crescimento do crédito rural

8 de outubro de 2023

Concessão de empréstimos ao campo subiu 11% no primeiro trimestre do Plano Safra 2023/24 e foi a R$ 147 bilhões
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Operações de custeio puxam crescimento do crédito rural
Crédito para operações de custeio chegou a quase R$ 90 bilhões no primeiro trimestre do Plano Safra 2023/24 — Foto: Globo Rural

desembolso de crédito rural no primeiro trimestre do Plano Safra 2023/24 chegou a R$ 147 bilhões, montante 11% superior ao do intervalo entre julho e setembro do ano passado. Com expansão de 6%, para quase R$ 90 bilhões, as contratações de custeio puxaram o crescimento nesta temporada, segundo dados consultados no sistema do Banco Central no dia 4 de outubro.

As contratações de investimentos seguem em ritmo mais lento do que no ciclo anterior. Entre julho e setembro, as instituições financeiras liberaram R$ 23,6 bilhões, montante 29% menor que os desembolsos do primeiro trimestre da safra 2022/23.

As operações de comercialização (R$ 17,5 bilhões) e industrialização (R$ 15,8 bilhões), por outro lado, aumentaram 124% e 173%, respectivamente, na comparação com o mesmo período da temporada anterior.

Ademiro Vian, ex-diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e consultor em crédito rural, afirma que as operações de comercialização foram abastecidas com os recursos das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). “Como as exigibilidades nessa fonte subiram de 35% para 50% para esta safra, é natural que tenha ocorrido aumento substancial nessa modalidade”, disse.

Segundo ele, a maior parte das liberações ocorreu para Financiamentos de Garantia de Preços ao Produtor (FGPP). “E a razão é o custo do dinheiro. Se empresas e cooperativas têm condição de captar recursos com preço razoável, e se há oferta de recursos, é natural essa captação”, completou.

Para Vian, o aumento das exigibilidades, tanto das LCAs quanto dos depósitos à vista, que passaram de 25% para 30%, também explica o desempenho dos bancos privados nesse início de temporada. Os desembolsos desse segmento, que é liderado por Bradesco, Itaú e Santander, cresceram 74% em comparação com os três primeiros meses do Plano Safra 2022/23, chegando a R$ 44,6 bilhões neste ano.

“Não é porque colocaram o pé no acelerador e resolveram contratar. Os bancos privados tiveram aumento da obrigação de contratar, e isso já explica alguns bilhões a mais”, destacou o consultor.

A elevação da exigibilidade e a forma de aplicação do recurso captado, com aumento da obrigação de emprestar 50% em operações tradicionais de crédito rural, geraram reclamações das instituições privadas.

Os bancos públicos lideram o ranking de desembolsos, mas com volume pouco menor que o dos três primeiros meses da safra anterior. Já as operações das cooperativas de crédito tiveram um leve crescimento no volume dos desembolsos. “Isso mostra a consistência das cooperativas, que vêm crescendo ao longo das safras, sempre ultrapassando a contratação do ano anterior”, disse Vian.

O secretário substituto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo, disse em nota que as LCAs responderam por 47% do total de recursos liberados para a agricultura empresarial no período. Os desembolsos foram de quase R$ 60 bilhões, montante 69% superior ao do intervalo entre julho e setembro do ano passado.

Ministério da Fazenda deverá chamar as instituições financeiras que operam recursos equalizados do Plano Safra para uma reunião ampliada de avaliação do trimestre na próxima semana.

Por Globo Rural

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