A inovação é muito diversa e pode ocorrer em diferentes camadas de uma cadeia produtiva. Entretanto, o agro tende a optar pelo tradicional e clássico. Contudo, o setor tem sofrido uma grande pressão do mercado externo, resultando em questionamentos sobre as transformações que devem ser levadas ao campo. Hoje, já é possível identificar uma grande mudança neste cenário, quando as novas gerações, que muitas vezes passaram a assumir o trabalho da família, começam a entrar na função prática, trazendo junto uma nova mentalidade para as execuções.
Algo que vem chamando a atenção das novas gerações de pequenos e médios produtores, sobretudo dos mais jovens, cada vez mais atentos ao protagonismo do consumidor, é o uso da biotecnologia, a digitalização do campo, a gestão dos recursos naturais e o surgimento de novos modelos de negócios voltados para o campo.
Nova geração
Abertos a novas ferramentas tecnológicas, produtos e técnicas, os jovens donos de grandes propriedades, com idade entre 25 e 35 anos, são os mais abertos a aceitar a inovação no campo, tanto para gestão da propriedade quanto para a compra de insumos e venda da produção. Essa mudança comportamental promete impactar diretamente a receita das fazendas, abrindo oportunidades para que empresas desenvolvam novos modelos de negócios. Além disso, os jovens produtores também são mais propensos a levantar debates sobre bem-estar e qualidade de vida nas zonas rurais.
Essa busca pela digitalização e a gestão técnica das fazendas por parte dos produtores já vem impactando o cenário de oportunidades no setor. De acordo com a terceira edição do mapeamento “Radar Agtech Brasil”, desenvolvido pela Embrapa, ao lado das consultorias SP Ventures e Homo Ludens, o Brasil possui cerca de 1,7 mil startups dedicadas ao agro, número que corresponde a um crescimento de 8% em comparação ao ano de 2021, quando foram contabilizadas 1.574 agtechs no país.
Novo consumidor
Junto de novos negócios e oportunidades de desenvolver as produções a partir da tecnologia, também entra em cena a questão da sustentabilidade no campo. Segundo estudo realizado pela empresa Cargill, em mais de 11 países e com mais de 6 mil pessoas, o brasileiro é o que mais se preocupa com a compra de produtos sustentáveis. O novo perfil de produtores também está atento às tendências de alimentação e mudanças no comportamento dos consumidores, que os levam a apresentar a história por trás de seus produtos, suas origens sustentáveis, questionando também os impactos ambientais e sociais do próprio negócio.
Em 2021, startups que passaram a adotar uma produção clara para o consumidor tiveram um aumento de 170% no faturamento durante o ano e repassaram uma redução de 20% no valor final de venda. A tendência também acarreta em mais investimentos em áreas como biotecnologia e genética, com foco em gerar uma melhora na durabilidade e entrega até o consumidor.
Entendendo as necessidades específicas de seu público, startups que passaram a seguir as futuras tendências conseguiram reduzir 90% da distância entre consumidor e empresa, chegando até a nova geração do agro brasileiro, que luta por causas sociais e ambientais.
Inovação estratégica
Quando a tecnologia entra no campo para ajudar o consumidor a melhorar a qualidade de seus produtos, é possível identificar esta ferramenta também como um prestador de serviço para o produtor, que consegue, por meio de sua rede virtual, encontrar soluções, para novas ferramentas do campo ou para novas conexões, quebrando essa barreira entre a tecnologia e o agronegócio.
Esta tendência está atrelada a colaborar com as decisões estratégicas, contribuindo com o fluxo de informações que estão disponíveis na rede. O novo comportamento do agro traz novos modelos de negócio para o mercado, com diferentes perfis de gestão e de organização que resultem em produtos práticos e saudáveis.
*Henrique Monteiro é líder de Projetos da consultoria de inovação estratégica Inventta, empresa responsável pelo estudo “O Futuro do Agro”.
Por Época Negócios
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