Nióbio, uma alternativa tecnológica sustentável para o agro brasileiro

21 de março de 2023

Solução inédita de produção de defensivos e fertilizantes com novos ingredientes ativos à base de nióbio poderão aumentar a produtividade sem agressão ao meio ambiente.
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Nióbio, uma alternativa tecnológica sustentável para o agro brasileiro

O agronegócio brasileiro, com a guerra na Ucrânia, ficou exposto às fragilidades estruturais do Brasil em sua cadeia de suprimentos. Nesta segunda-feira, 20 de março, Dia Mundial da Agricultura, uma tecnologia patenteada pela UFMG e desenvolvida pela startup mineira Nanonib no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) pode colocar o país no futuro do Agronegócio 4.0, sendo uma das principais precursoras do que se chama de agro 4.0. Por meio de uma solução totalmente nacional para produção de fungicidas, bioestimulantes e fertilizantes de última geração, a empresa mineira inova disruptivamente o mercado de insumos e busca despontar como a líder nacional na promoção de uma agricultura eficiente, competitiva e sustentável.

A Nanonib, por meio de sua plataforma tecnológica envolvendo o nióbio, investe e realiza estudos para aplicação dessa nova tecnologia no setor do agronegócio brasileiro em parceria com as universidades e órgãos de pesquisa, principalmente para cultivos de soja, milho, trigo e mais recentemente no controle da Ferrugem do Café.

“Os resultados de grande impacto dos trabalhos vêm consolidando a nova tecnologia para uso das moléculas nanoestruturadas bioativas de nióbio como micronutriente com uma ação bioestimulante e fertilizante, uma vez que algumas dessas moléculas já tinham ação fungicidas comprovada para soja, milho, trigo, dentre outras culturas.

E o efeito fungicida já estava evidenciado para esse novo grupo de moléculas inéditas de nióbio, mas a descoberta do efeito sobre a estrutura das raízes e caules e o aumento de produtividade projetado são inéditos na literatura mundial com um bioativo de nióbio”, comemora Luiz Carlos Oliveira, professor do Departamento de Química da UFMG e sócio da Nanonib. O ineditismo está em processo de proteção junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e internacionalmente pela Universidade.

Segundo Luiz Carlos, as projeções de produtividade, nos testes preliminares, indicam um incremento entre 8-10 sacas a mais por hectare no cultivo de soja com uso dessa nova tecnologia que envolve as moléculas bioativas de nióbio, assim como ocorreu em outras culturas como o milho com incremento de mais 30 sacas/ha e o trigo com cerca 15 sacas/ha. Até o momento, foram identificadas cinco moléculas novas bioativas à base de nióbio, primeiramente com ação fungicida para doenças foliares de diferentes culturas. “Um dos produtos fungicidas comerciais tradicionais, largamente empregados, chega a necessitar a aplicação de 1300g/ha, ao passo que nossas moléculas foram eficazes com apenas 100 g/ha”, explica Jadson Belchior, pesquisador da UFMG e sócio da Nanonib.


Outros pesquisadores da UFMG, liderados pela professora Cinthia de Castro, estruturaram um grupo de pesquisa com a Embrapa Milho e Sorgo para estudarem em profundidade a bioquímica das plantas e o papel do nióbio no aumento de produtividade. De acordo com a pesquisadora, “as descobertas são de tal magnitude que não atingimos ainda a maior parte do potencial de uso dessas novas tecnologias no agronegócio”. 

Inovação e sustentabilidade


A tecnologia à base de nióbio também inovou na pegada de carbono, pois esse novo grupo de moléculas não tem carbono na composição (Carbon-Free), o que permitiria reduzir significativamente a emissão de CO2 no meio ambiente pela substituição ao longo do tempo dos agroquímicos e fertilizantes tradicionais por tecnologias mais sustentáveis.

A aplicação dessa tecnologia pretende fomentar o uso do nióbio na agricultura, ainda não utilizado nesse setor, mesmo sendo o Brasil o maior extrator e fornecedor mundial. Nesse contexto, a Nanonib faz parte do grupo das agtechs, nomenclatura utilizada para definir startups de tecnologia para o agronegócio. No Brasil, já são mais 1700 empresas do setor com investimentos anuais de mais de US$160 milhões dólares e usam uma série de técnicas para incrementar a produção e a eficiência agrícola, a partir do desenvolvimento sustentável.

O investimento em tecnologia e inovação no agronegócio, principalmente para a chamada agricultura 4.0, tem crescido e procurado pelos produtores como uma ferramenta fundamental para o aumento da competitividade do segmento no mercado mundial e um realinhamento ao mercado global de sustentabilidade produtiva agrícola.

O Brasil ainda não conseguiu, apesar de todos os avanços na agricultura, estruturar e produzir internamente diversos insumos estratégicos, que sejam de baixo impacto, custo adequado e alta tecnologia, principalmente mantendo uma visão de sustentabilidade a longo prazo em fertilizantes e agroquímicos.

Doenças e infestações nas plantações podem representar perdas severas em produtividade e impactar os produtores durante as safras, e muitos desses são obrigados a lançar mão de produtos agrotóxicos tradicionais, alguns desses produtos muito tóxicos e que têm sido alvo de questionamentos ambientais não somente no Brasil, mas também no resto do mundo para onde o país encaminha grande parte da produção.  

No mesmo sentido, o uso de fertilizantes e adubos, alguns deles importados e que o Brasil tem ampla demanda, no cenário de guerra entre a Rússia e a Ucrânia, ficaram escassos e o país exposto aos altos preços, pois não há em volume e quantidade substitutos nacionais competitivos, logo impactando toda a cadeia do agro brasileiro. 

Sobre a Nanonib


A Nanonib foi criada em 2019 em parceria com grupo de investidores privados. A empresa incorpora o sucesso de estudos científicos e tecnológicos de nanomateriais de nióbio pelos sócios-pesquisadores e professores da UFMG ao longo de mais de 15 anos. Com o objetivo de fomentar a transferência de tecnologias para a sociedade, a empresa está localizada no BH-TEC e compõe o portfólio de empresas do Parque Tecnológico que atua em tecnologias limpas e em sustentabilidade.

Por Assessoria de Imprensa UFMG

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